Review: Perfect Plan – Time For A Miracle

Por Luis Rios

Time For A Miracle está sendo considerado um passo à frente em comparação com All Rise (2018). Confesso que não acho que podemos definir sempre que o álbum seguinte de uma banda é melhor ou pior que os antecessores. Pode ser apenas diferente. Me parece que, no caso do Perfect Plan, temos dois excelentes trabalhos, com algumas discretas diferenças e características que vamos destrinchar daqui pra frente. 

Luis Rios

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Gravadora: Frontiers Records
Data de lançamento: 4/09/2020

Gênero: Hard Rock/AOR
País: Suécia

A Suécia não cansa de revelar bandas de qualidade para o cenário do rock em geral. Work Of Art, Treat, Eclipse, Wilderness, Arch Enemy, Europe, Opeth, Sabaton e muitas outras vestem o azul e amarelo e elevam o nome do país no mundo do Metal. O Perfect Plan é mais um representante sueco que lançou, no dia 4 de setembro, mais um álbum. Time For A Miracle está sendo considerado um passo à frente em comparação com All Rise (2018). Confesso que não acho que podemos definir sempre que o álbum seguinte de uma banda é melhor ou pior que os antecessores. Pode ser apenas diferente. Me parece que, no caso do Perfect Plan, temos dois excelentes trabalhos, com algumas discretas diferenças e características que vamos destrinchar daqui pra frente. 

Pra começar, é preciso dizer que a banda já existia há algum tempo e fazia “covers” de AOR e Melodic Rock desde 2014. Em 2017, foi descoberta pela Frontiers e pôde ser revelada a nós. Quando lançaram seu album de estréia, já havia um ótimo entrosamento entre os músicos, e somente o vocalista Kent Hilli entrou por último e integrou a formação que lançou o 1° disco. Depois, teve a mudança do baixista: Saiu Per-Olof Sedin e entrou Mats Byström para esse segundo lançamento. 0 1° teve um single matador, que foi In And Out Of Love. Parecia que o Survivor tinha se reunido e lançado uma música inédita. Havia também uma excelente faixa de abertura, Bad City Women. Hilli se destacou no álbum como um todo, como acho que acontece em Time For A Miracle, porém, agora, com ainda mais segurança e desenvoltura. 

Falando dos músicos individualmente, acho que estão na mesma vibração em ambos os discos. Achei que em All Rise há uma pequena ênfase numa levada Hard Rock e em Time For A Miracle há uma forte presença de melodias mais adocicadas e o álbum é mais cadenciado, perdendo força do meio pro fim. Em termos de peso, são muito similares: O 1° ganha neste quesito, e o 2° é mais energético. Os dois são incríveis e trazem frescor para o Melodic Rock. Assim, se for para colocar numa ordem de preferência pessoal, tendo a gostar mais, muito discretamente, do primeirão, que dou nota 9,0. Mas digo que a qualidade do  segundo, inspiradíssimo trabalho, é visível já na primeira audição. Enquanto trabalhavam na confecção deste 2°álbum, eles soltaram um pequeno aperitivo para mimar os fãs: Um EP com quatro canções intitulado Jukebox Heroes. Este material contém covers de Foreigner, Giant, Survivor e The Storm (um supergrupo americano com ex-membros do Journey. Gregg Rolie, Steve Smith, Ross Valory mais o guitarrista Josh Ramos e o cantor Kevin Chalfant).

Voltando a falar de All Rise, de fato a pegada Hard é muito forte e os riffs bem melódicos. Se compararmos novamente com o novo trabalho, penso que este é um pouco mais melódico e os vocais um tanto mais destacados com relação a essas melodias, o que eleva sensivelmente a participação do vocalista. É incrível a performance dele. Sem contar a produção que percebo ser mais ajustada para os arranjos de guitarra e vocais. Eles encontraram uma mixagem que deixa muito limpo o som da guitarra, e esse som cristalino, que divide o brilho com os teclados, eleva a qualidade das composições nitidamente. 

A banda continua a fazer um som que mantém viva a chama de seus heróis da década de 80. São muito claras as influências de Survivor, Foreigner e Journey. Acho que os músicos, ao criarem seu próprio repertório, saberão cada vez mais avaliar o que é fazer músicas utilizando suas referências e conseguirão compor com criatividade, sem serem cópias das bandas que gostam. Isso aparece fortemente neste 2° álbum, pois tem muita autenticidade nas canções e uma identidade própria nas atuações individuais. A timbragem da guitarra e as entonações vocais são fabulosas e autênticas. As similaridades com outras bandas e com as referências existem, mas não soam como um pastiche ou algo repetitivo. O álbum como um todo é energético, empolgante em vários momentos e as baladas tem alma. 

Os teclados são protagonistas. As guitarras com riffs agressivos e com muitas harmonias elevam a característica de mais leveza melódica do álbum. O baixo é pulsante e as composições muito bem construídas em cima dos teclados. Há muitas variações com melodias simples, fortes e emocionais, mas a marca registrada do disco são realmente os vocais, que impressionam pela presença e, de fato, dão corpo e vida às músicas. As três primeiras são rockões melódicos: Time For A Miracle, Better Walk Alone e Heart To Stone contém ótimos e energéticos riffs e bases de teclados inspiradissímas. A cozinha vibrante dá um andamento perfeito.

Começamos muito bem. Aí vem uma das melhoras composições. Fighting To Win é um baladão com piano e vocal e sequências harmônicas lindas de guitarra. A quinta canção, Everytime We Cry, traz teclados anos 80 e uma base de guitarra bem melódica. What About Love tem um belo piano e riff lindo, que segura tudo. O guitarrista Rolf Nordström faz um belo trabalho aqui. Há momentos com toques marcantes do blues, e o caso mais marcante é Nobody Is Fool, que me faz lembrar claramente do Great White. Living On The Run, Just One Wish e Don’t Blame It On Love Again dão uma diminuída no ritmo, mas o álbum mantêm uma pegada muito melódica e os teclados sempre carregando as canções com bases harmônicas incríveis. 

A guitarra brinca com riffs marcantes e outras timbragens mais melódicas e essa variação é um ponto forte dessa bandaça! Give A Little Lovin’ é inspiradíssima, suingada, riffada, com quebras inusitadas e a batera e guitarra sobressaindo. Fechamos com Don’t Leave Me Here Alone, um baladão bem legal. Muitos teclados e um riff de poucas notas, mas com muito feeling. Uma guitarra acustica dá um toque belíssimo na canção.

O Perfect Plan ainda é uma banda em ascensão, mas isso nos dá esperança, porque, com um pouco de atenção, conseguimos vislumbrar um belo cenário, com bandas sendo criadas e eles sendo um dos representantes dessa farta cena melódica. Já no seu segundo trabalho mostram capacidade de crescimento e qualidades que tendem a ser aperfeiçoadas com o tempo. Como sempre digo, o Rock nunca morrerá. Ele é um plano perfeito e jamais será destruído! 

Nota final: 8,5 /10 

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