Review: Alter Bridge – Walk The Sky

Por Lucas Santos

A abertura One Life funciona como um prelúdio para a faixa Wouldn’t You Rather, que se baseia na fórmula acertada do quarteto, possui um refrão de arena, cativante e melodias sucintas.

Lucas Santos

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Gravadora: Napalm Records
Data de lançamento: 18/10/2019

Difícil acreditar que fazem mais de 15 anos desde a formação do Alter Bridge. Difícil ainda mais de acreditar que eles conseguiram o esforço de lançar Walk The Sky em 2019. Com metade da banda ocupada em projetos paralelos eu me surpreendi quando anunciaram que o sexto álbum de estúdio estava a caminho. Myles Kennedy segue em pleno vapor (e sucesso) com a banda solo de Slash, fazendo turnês em tudo que é canto do mundo e lançando álbuns com uma certa regularidade, além de ter lançado o seu projeto solo, e feito uma pequena turnê nos Estados Unidos, ano passado. Não muito diferente, Mark Tremonti lançou o quarto álbum de estúdio do projeto Tremonti, e fez uma extensa turnê na américa com o Sevendust.

Desde Blackbird (2007) eles se tornaram uma das bandas modernas mais importantes pra mim e Fortress (2013), seu quarto LP ainda é um dos melhores trabalhos da década. A voz de Myles me encanta constantemente até hoje, e Tremonti virou um dos guitarristas mais importantes da era moderna do rock/metal. É difícil, pra mim, falar do novo trabalho do quarteto americano, mas tentarei, da forma menos eufórica possível.

Antes de qualquer detalhe ou qualquer análise sobre o que Walk The Sky nos entrega, é preciso dizer que, sem excessões, os quatro músicos do Alter Bridge estão em qualquer patamar acima do normal. A voz de Kennedy parece um pincel molhado com diversas cores que consegue pintar em uma tela branca qualquer tonalidade sem qualquer sacrifício. Os riffs e solos de Mark Tremonti estão cada vez mais complexos, com uma mistura de melodia e peso que se completam quase que inconscientemente. Brian Marshall e Scott Phillips completam a cozinha, mais entrosados que o meio campo do Barcelona em 2009. Uma banda que não parece dar sinais de desgaste.

Foram um total de cinco(!) singles disponibilizados antes do lançamento na íntegra, um exagero completo, mas parece que essa é uma táctica abordada por muitas gravadoras hoje em dia. A abertura One Life funciona como um prelúdio para a faixa Wouldn’t You Rather, que se baseia na fórmula acertada do quarteto, possui um refrão de arena, cativante e melodias sucintas. A faixa também nos apresenta uma nova abordagem no trabalho, aqui eles estão mais pesados que nunca. In To Deep, outro single, é uma boa música, mas constrói uma atmosfera inicial que não acaba sendo entregue do meio pro final, desapontando um pouco. Godspeed é uma faixa alegre que vai te fazer cantar o refrão com pulmões cheios.

Seguindo também a abordagem mais antiga, e inserindo elementos novos, temos Native Son, que Myles recentemente disse em uma entrevista que foi inspirada na banda francesa Gojira. Essa é a melhor música do trabalho, e as guitarras, além de serem presentes e pesadas, carregam a canção com riffs pulsantes e memoráveis. Walking On The Sky, Dying Light (que erradamente é a última faixa) e Pay No Mind são outras ótimas faixas que trazem essa mescla de nova abordagem e angústias do passado.

Indoctrination é arrastada assim como Clear Horizon. As guitarras aqui, mais uma vez, são bem presentes, e a segunda traz a melhor performance vocal de Kennedy em todo o álbum. Mark também faz a sua aparição nos vocais, em Forever Falling ele toma à frente e entrega outra ótima faixa, mais experimental e bem dinâmica. Tears Us Apart e Take the Crown sofrem o mesmo problema que In The Deep, constroem um bom cenário mas acabam sofrendo uma falta de conexão e gancho no meio e no fim. Música ruim não há, mas os 3 exemplos que citei fazem com que a audição completa, com mais de uma hora, se torne casativa às vezes.

Walk The Sky é denso – não é fácil digerir nas primeiras audições – as propriedades experimentais, que mesmo mantendo características anteriores, mostram um caminho diferente seguido pelo Alter Bridge. Tem algumas das passagens mais pesadas da banda, porém, as letras tratam de assuntos menos sombrios e trazem mais luz e positividade liricamente. Um álbum que acerta muito mais que The Last Hero (2016) e mostra um ótimo caminho e amadurecimento notável. Um trabalho incrível de uma das melhores bandas da atualidade, que consegue tirar o máximo dentro da mistura do rock e metal moderno.

Nota final: 8,5/10

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