Vivem dizendo que o rock está morrendo, havia um tempo em que eu achava isso também, mas chegado o ano de 2019 cheio de retornos e vejo que a adrenalina foi injetada e o Black Keys pode ser o desfibrilador
Roani Rock
Gravadora: Easy Eye Sound
Data de lançamento: 28/06/2019

Temos que dizer que é impressionante o tempo em que o The Black Keys estiveram de fora. Se o rock parecia agonizar ou estava sendo representado só por bandas broxas, o viagra chegou e tem um disco que acaba de sair do forno.
Em meio a um hiato de 5 anos e provocação dos garotos do Greta Van Fleet clamando para os caras trazerem uma novidade, eis que o The Black Keys está de volta com um som mega e agressivo em Let’s Rock.
O Black Keys foi formado oficialmente em 2001, para tocar blues rock básico, vigoroso, que mais tarde viria a se fundir com outros estilos pré-punk: glam, rockabilly, soul sulista, rock de garagem, hard rock. Mas foi em 2010 que Dan Auerbach (guitarra) e Patrick Carney (bateria) tiveram um up na carreira.
O duo que desde esse tempo é taxado como a melhor mescla do futuro com o passado, passou pelas agruras de ter tido fama: ser chamado incessantemente para fazer turnê tocando em arenas, festivais e estádios, ou seja, não ter descanso. Resolveram dar uma pausa e é engraçado acompanhar o clipe da faixa Go que simula uma reaproximação dos caras depois de 5 anos.
Não sabíamos o quanto estávamos sentindo falta deles. Let’s Rock é o nono álbum do duo, mas o quarto após o sucesso comercial – raro acontecimento no rock atual. Se anteriormente eles tinham a supervisão e apoio do mega produtor Danger Mouse – foram 3 álbuns sobre sua tutela – agora eles mesmos assinam a produção. São doze músicas em 38 minutos.
A capa do Let’s Rock mostra uma cadeira elétrica. O título do disco apesar de simplório, também é uma referência às últimas palavras de Edmundo Zagorski, um homicida condenado e executado no estado americano do Tennessee. Então apesar de parecer ser referência ao som do álbum, não se trata do significado literal da palavra Let’s Rock.
Todavia, a classe do Rock está presente. Sit Around And Miss You é uma balda ala Greatful Dead e Tell Me Lies é um dançante Blues rock. Get Yourself Together poderia ser muito bem uma música do Lynyrd Skynyrd. Every Little Thing é a mais porrada do álbum e de maior destaque popular principalmente pelos vocais e melodia.
Há uma verdade nesse álbum que não era tão perceptível nos trabalhos anteriores, principalmente no último. Eles soavam genéricos mesmo tendo chegado nas principais colocações das paradas de sucesso. Até porque começaram a surgir muitas bandas com o mesmo perfil que eles, o que fazia irrelevante terem sido os percursores. Essa mudança leve adotando backing vocals femininos e incorporando cada vez mais das raizes foram importantes.

A tendência das bandas consagradas tem sido voltar as raízes e fazer o simples. Aconteceu com o Raconteurs, com o Hollywood Vampires e pelos singles o novo disco do Liam Gallagher, ex-vocal do Oasis, caminha por esse caminho. Mas saibam que todo o DNA do The Black Keys está presente em Let’s Rock, o que termina por fazer o álbum algo surpreendente, entretanto, necessário. Aquela camada grave e distorcida das guitarras com uma batida na pressão das caixa e bumbo da bateria está lá, vide o outro possível hit do álbum Shine A Little Light.
Gosto de categorizar a forma de Patrick Carnery tocar como um bruto swing, é perceptível a técnica do cara, principalmente em Breaking Down e em Fire Walk With Me onde fica ali na consistência, sem muitos floreios, batidas retas, mas dançantes. o vocal que fica na linha tênue do pop leve para o gritante rangido hard rock de Dan Auerbach é agradável de mais, notório na faixa Under The Gun.
Enfim, os caras nunca foram de brincadeiras e sempre batem na tecla de respeito ao rock e a música em geral com opiniões ácidas, mas pertinentes. Para finalizar, deixo a opinião do próprio Auerbach sobre as suas canções.
“Tensão, propulsão, coesão, melodia. Quero que as músicas fluam bem, de um jeito que soe correto. E quero me empolgar a cada dia com os sons que aparecem.” Disse o guitarrista em entrevista ao New York Times e é exatamente a sensação que toda sua obra com Cornenry traz.
Nota final: 10/10
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