Review: The Raconteurs – Help Us Stranger

Por Roani Rock

O rock precisa ser certeiro, direto ao meio do alvo, afiado como ponta de agulha e Help Us Stranger assume fácil essa alcunha, The Raconteurs é a personificação não tão atual do Rock ‘and’ Roll.

Roani Rock

Gravadora: Third Man Records
Data de lançamento: 21/06/2019

Mesmo que seja, estranho, seja o Raconteurs, mesmo que seja bizarro. Começar o texto com essa citação da música da Pitty me pareceu oportuno, não só pelo nome do novo álbum ser Help Us Stranger, mas principalmente porque o som que a banda mais legal e criativa de Jack White parece distante, apesar de ser rebuscado por bandas como o Greta Van Fleet.

São 11 anos de hiato e com a carreira solo de White trazendo excelente conteúdo não dava para dizer que o Raconteurs estava fazendo tanta falta. Mas ao começar o álbum com a porrada Bored And Razed seguida pela música título do álbum que é um excelente single, tendo como sequência a balada LedZeppeliana Only Child, nota-se que a dinâmica diferente nas composições ao lado de Brendam Benson com belos vocais e talento para desempenhar multi-instrumentos (toca guitarra, baixo, teclado e bateria) assim como o apoio dos outros Michiganers – Jack Lawrence e Patrick Keeler, em suas determinadas funções na cozinha da banda, fazem o novo trabalho competente.

Por sinal, a faixa Help Us Stranger abre com uma breve interpretação de blues em miniatura feita pelo baixista da banda, Jack Lawrence, empatado ao som de Jimmie Rodgers em um velho 78. 

O Jack White lançou tanto material interessante nos últimos anos em sua carreira solo que fica meio difícil de ouvir algum material recente e considerar novo, seu estilo não é datado porque ele explora muito todo tipo de influência que a década de 70 pôde fornecer, mas quando é uma música em sua voz fica difícil de reconhecer como algo do Raconteurs. É o que termina por acontecer em Don’t Bother Me. Uma música agressiva, considerada assim não só por quem vos escreve mas também nas palavras do próprio White. Ainda assim, a presença de um bom batera e as notórias facetas de Brendam não permitem só a notoriedade do iônico guitarrista.

Na sequência a belíssima Shine The Light On Me um som rebuscado com vocais bem explorado pela banda. Help Us Stranger é o que podemos categorizar como a recuperação do Rock clássico, vide a balada stoneana Somedays (I Don’t Feel Like Trying).

Eles construíram um disco de rock que é sequenciado perfeitamente: resistente, mas nunca sério. Números estridentes como “Sunday Driver” lembram o maior sucesso da banda, Steady, As She Goes de 2006.

A balada blues Now That You’re Gone é provavelmente a melhor música do disco. Ela traz umas mudanças do Raconteurs habitual: em seus versos, o narrador ataca, mesquinho e vingativo, com um ex-amante – “Onde você vai? Não que eu me importe! “- apenas para entrar no coro e desnudar seu próprio estupor solitário: O que farei agora que você se foi?” Sem sacrificar a coerência sonora ou temática, os Raconteurs variam sua abordagem o suficiente para que cada indivíduo possa ter seu brilho.

A sequência do álbum segue a mesma linha competente, mas os Raconteurs nunca foram tímidos quanto ao pastiche, mas neste registro, sua motivação para minerar o passado parece firmemente enraizada no medo do desconhecido. Por isso não é tão marcante como os primeiros trabalhos, mas tem seu valor. Mas eles não precisam provar nada a ninguém, essa é a principal questão que ronda bandas consagradas trazer qualidade sem a necessidade e os últimos lançamentos de monstros consagrados passam no teste.

Nota-se em Live a Lie que o álbum foi feito para ser tocado ao vivo e é mais como um adicional ao que é a qualidade do que podem fazer no palco com o que já tinham.  Eles entendem a presença deles no palco como um dado, não algo a ser ganho de novo. Eles sempre ficaram no centro das atenções. Eles assumem que sempre serão.

Nota final: 8,5/10

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