Made In Brazil traz os bons tempos de volta ao Rio

Por Roani Rock

Avant-première, “muita gente diz que tocar rock é mole, mas vou logo dizendo que não é mole não” esse trecho da música “Uma Banda Made In Brazil” é perfeita para esboçar o momento atual do Rock ‘and’ Roll na indústria da música. A realidade é que, se você escutar as músicas do Made, ler as letras e não se identificar, o que diabos você está fazendo escutando rock?

A última semana foi bem agitada para a população carioca, quem ficou por fora, saiba que o verdadeiro Rock vagou pela cidade. Não é todo dia – e já fazia tempo – que o Made In Brasil surge na terra do samba, imagina em uma minbi turnê de quatro shows! Se você é antenado a história do rock brasileiro sabe muito bem da importância do Made e o quanto é um privilégio poder conferir o rock em sua crueza tão de perto.

Para começo de conversa, são 52 anos de carreira em turnês ininterruptas. A banda que mais possui material de merchandising e a que mais teve troca de membros (reconhecido até pelo guines) segue ativa e veio ao Rio de Janeiro em um formato acústico e inusitado contando com Fernando Magalhães (violão solo) e Guto Goffi (bateria e percussão), membros do Barão Vermelho, para fechar o dream team.

Focando o repertório em Paulicéia Desvairada e no excelente Jack, O Estripador, álbum mais vendido na história do Made in Brazil, os espetáculos foram feitos para homenagear o produtor Ezequiel Neves que produziu esses discos e foi o cara por trás da carreira do Barão também, daí a parceria. Oswaldo Vecchione a todo momento o colocou como um dos membros do Made mais queridos, o categorizou assim por conta de Zeca subir aos palcos para fazer backing vocals além de ter ajudado nas produções.

O primeiro show foi em uma terça feira, na verdade foi um ensaio aberto no terraço do hotel Salina localizado na Lapa, bem intimista que deu um gostinho do que poderia ser esperado nas apresentações de fato que iriam ocorrer. Já o segundo ensaio aberto foi feito na sexta feira no Nectar, bar de rock localizado em Vargem Grande.

Ambas apresentações serviram como uma preparação para o momento principal que seria as duas datas de fim de semana (sábado e domingo) na Sala Municipal Baden Powell em Copacabana. Os irmãos Oswaldo Rock Vecchione, Celso Kim Vecchione, junto a Solange Blessa e Marcelo Frisoni fizeram todos os shows terem alguma diferença e demonstração de maior entrosamento com os Barões Fernando e Guto com quem farão uma turnê em âmbito nacional.

Joseph Syghor que é o produtor da banda servia de mestre de cerimonia recitou poemas, inclusive O Poeta está Vivo de Dulce Quental que se tornou a letra de uma das músicas mais famosas do Barão Vermelho, para introduzir o que ficou conhecido como Tributo a Ezequiel Neves – Rock Vecchione Project Acústico Plugado.

O maior destaque a ser dado é o fato de terem tocado “Odeio-te Meu Amor” um blues rock obscuro que Guto Goffi fez com Ezequiel Neves. O restante do repertório foi apenas os clássicos do Made. Eles tocaram a composição de Guto e Zeca tanto no show do hotel quanto na sala Baden Powell no domingo, dias em que estive presente, tendo o adendo de contar com a presença ilustre de Roberto Frejat no show de Copa tornando o momento ainda mais simbólico e apreciativo.

Quem esteve presente e conferiu o repertório completo lidou com apenas duas baladas e bastante blues e rock. Anjo da Guarda, Amanhã É Um Novo Dia, Paulicéia Desvairada, Gasolina, Os Bons Tempos Voltaram, Não Transo Mais ditaram o ritmo dessa roda de rock. As bandas consideradas o “Rolling Stones Brasileiros” ainda tocaram as “duas Satisfactions” do repertório: Uma Banda Made In Brazil e A Minha Vida É Rock ‘And’ Roll.

A celebração foi certeira como a maioria dos solos executados por Fernando, Frissoni e Celso. A voz de Oswaldo estava o fino e até o desafino de seu violão trazia uma verdade, o Made não sabe o que é atingir o auge porqu eles sempre estiveram nele. Nunca fugiram de sua origens e seguem tocando o som de Chuck Berry e farão isso por mais décadas que o corpo deles permitir, vide terem garantido que um novo álbum de inéditas está a caminho.

Abaixo o disco que nos conduziu a esse espetáculo, fica como uma indicação também. Até porque vai ter gente dizendo erroneamente que “a terra é do samba e aqui não tem lugar para a gente“. Guto Goffi está ai para provar o equívoco por ter usado o pandeiro em muitos rocks durante a noite.

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