Review: I Prevail – True Power

True Power chega após pouco mais de 3 anos de seu sucessor – que alavancou a carreira da banda com indicação ao Grammy, certificado de platina e mais de 2.7 bilhões de streamings – com a missão que a banda já deixou bem clara; não se conformar.

Lucas Santos

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Gravadora: Fearless Records
Data de lançamento: 19/08/2022

Gênero: Metalcore
País: Estados Unidos


A minha história com o I Prevail começou em 2017 quando eu olhava, sem muita esperança, a lista dos próximos shows que iriam acontecer na cidade de Omaha no estado de Nebraska, onde estava passando uma temporada de 3 meses à trabalho. Foi uma mistura de tiro no escuro, nada pra fazer e conhecer a casa de show local onde foi a apresentação. Posso dizer que na noite do show, pela turnê do seu primeiro álbum de estúdio Lifelines (2016), conheci uma das bandas mais legais e mais interessantes que cruzaram o meu caminho nos últimos anos. Lifelines ainda é um dos meus álbuns favoritos desa geração. 3 anos depois a banda lançou o grandioso TRAUMA (2019), que calhou no mesmo mês da criação desse site, sendo sua resenha uma das primeiras escritas por mim aqui na The Rock Life. (Eu mudaria tanta coisa que nem consegui terminar de ler por completo rs.).

True Power chega após pouco mais de 3 anos de seu sucessor – que alavancou a carreira da banda com indicação ao Grammy, certificado de platina e mais de 2.7 bilhões de streamings – com a missão que a banda já deixou bem clara; não se conformar. Tornou-se muito comum hoje em dia as bandas lançarem quase metade de seu novo álbum na forma de singles, deixando apenas algumas músicas novas para o lançamento real. Se isso é uma coisa boa ou ruim está em debate, o I Prevail lançou os dois singles Bad Things e Body Bag e seu álbum completo em menos de 2 meses.

O I Prevail chamou True Power carinhosamente de “uma espécie de renascimento”. No seu antecessor, o vocalista Eric Vanlerberghe estava lidando com a perda de seu melhor amigo, enquanto o co-vocalista Brian Burkheiser havia passado por uma cirurgia nas cordas vocais que quase o tirou a habilidade de cantar para sempre. Prevalecendo à momentos mais drásticos, eles sobreviveram as fases difíceis e conseguiram se firmar como uma das bandas mais importantes da música pesada da década. True Power anuncia uma fórmula trabalhada em Trauma, com mais força, novas abordagens, e um claro amadurecimento e segurança em seu som.

A verdade é que True Power tem de tudo um pouco. Ele é composto por 15 faixas, muitas das quais podem ser adicionadas aos dois singles que já Gold e Platinum que a banda já possui e vão soar massivas em sua próxima turnê pelo Reino Unido que só acontecerá em março de 2023. Abrindo com 0-00, uma introdução de 42 segundos, temos o sentimento de que algo enorme está se formando à medida que os efeitos criam o suspense, antes de There’s Fear In Letting Go continuar a construir esse sentimento antes do refrão romper com um vocal limpo por cima de riffs pesados.

Vocais mais sentimentais se espalham por faixas como Deep End, Bad Things e o encerramento Doomed. São nesses momentos que notamos o quão fora da curva é a voz de Brian. Poucos vocalistas no metalcore conseguem entregar sentimento e profundidade em sus performances como ele. Quer porrada na orelha? Eric lidera os vocais em Choke – que possui um riff funkeado no começo e um volume massivo no refrão – e também no já citado single Body Bag. E quando temos a mistura das duas partes, nos deparamos com faixas aburdamente catárticas como Judgement Day e The Negative.

Os momentos mais diferentes – onde a influência do rap, música eletrônica e samplers se sobressaem – ficam por parte de Self Destruction, FWYTYK e Long Live The King. São nesses momentos que notamos que o andamento do álbum não é prejudicado, não importa a direção que o I Prevail leva. O sentimento é de que qualquer que seja a abordagem mais presente da banda, tudo soa natural, fluido e massivo. Aliás, que produção, ein?! É tudo o que o metal moderno tem que ser.

Eu gosto muito do True Power. Se ele é o verdadeiro renascimento do I Prevail, eu não sei. Só sei que, a banda que me conquistou ao vivo em 2017 e que me deixou um pouco intrigado em 2019, se mostrou muito mais viva, criativa e interessante em 2022. O I Prevail ainda busca um álbum clássico e definitivo. Ainda não é esse. Mas eles chegaram muito, muito perto.

Nota final: 9/10