Review: Wilderun – Epigone

Por Lucas Santos

Comentando um pouco sobre os seus trabalhos anteriores, Veil of Imagination (2019) é mais sombrio e sério, mas Epigone retorna a um pouco da beleza e leveza do Sleep at the Edge of the Earth (2015). A expansão e artifícios sonoros que a banda cria vão criando um contraste musical delicioso e confortante. Epigone é o álbum mais sutil e leve do Wilderun até agora, apoiando-se muito mais na ambiência, sintetizadores contidos e melodias acústicas simples. Ele é relativamente menos pesado e se apoia muito mais em oscilações dramáticas mais confortantes

Lucas Santos

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Gravadora: Century Media Records
Data de lançamento: 7/01/2021

Gênero: Metal Progressivo
País: Estados Unidos


Vamos falar de uma banda que , apesar de nunca ter aparecido aqui no blog, é uma das minhas descobertas favoritas dos últimos 5 anos. Wilderun é uma banda de metal progressivo do estado de Boston, nos Estados Unidos, que engloba também nessa sua sonoridade o Folk, Death e elementos sinfônicos. Epigone é o primeiro álbum da banda com um grande selo por trás (Century Media Records) e com uma expectativa imensa nas suas costas, o álbum entrega, logo no comecinho do ano, uma obra de arte que dificilmente vai ser esquecida.

Comentando um pouco sobre os seus trabalhos anteriores, Veil of Imagination (2019) é mais sombrio e sério, mas Epigone retorna a um pouco da beleza e leveza do Sleep at the Edge of the Earth (2015). A expansão e artifícios sonoros que a banda cria vão criando um contraste musical delicioso e confortante. Epigone é o álbum mais sutil e leve do Wilderun até agora, apoiando-se muito mais na ambiência, sintetizadores contidos e melodias acústicas simples. Ele é relativamente menos pesado e se apoia muito mais em oscilações dramáticas mais confortantes

Os resultados são impressionantes. As paisagens sonoras são variadas e encantadoras. O começo acústico com Exhaler e a primeira parte de Woolgatherer trazem um rosto diferente para o começo do álbum, porém na segunda parte de Woolgatherer é que se cria o constraste que está presente em Epigone. A longa e deslubrante faixa de mais de 14 minutos me trouxe um aconchego muito necessário em tempos incertos. Passenger, outra faixa longa do álbum, é mais incisiva e poderosa sonoricamente. Os elementos sinfônicos estão bem mais presentes, alternando rugidos mais agressivos com belas harmonias de coral.

Identifier é aonde todas as melhores características do álbum se encaixam em uma só música, a minha favorita, por mostrar a habilidade em que o Wilderun consegue aproveitar e trabalhar com todos esses elementos de forma bela e natural. Ambition funciona como um prelúdio para o que é o “foco” do álbum, o final com as três partes de Distraction, que dentro dos seus três atos carrega uma narrativa referenciando a maioria das emoções disponíveis para a humanidade antes de entrar em colapso com um momento cacofônico de angústia. Não tem como descrever o tamanho enorme de emoções que essas passagens podem transportar.

Epigone também mostra a banda elevando o nível de suas performances. Os vocais limpos de Evan Berry são mais delicados e distintos do que nunca, enquanto seus rosnados são verdadeiramente guturais. Ele se mostra aqui, ser um dos vocalista mais versáteis do metal. As contribuições da guitarra de Joe Gettler acham um perfeito balanço entre serem elegantes, discretas, sendo mais equilibradas com os vocais e os elementos sinfônicos, mas também sabendo agir quando tem espaço para preencher com um solo, sendo verdadeiramente majestosos e cruciais. Também, como em Veil of Imagination, o elemento mais excepcional aqui são as maravilhosas orquestrações, tão precisas quando as cordas incham suavemente atrás de um violão quanto quando o que soa como a maioria de uma orquestra é jogado nas passagens pesadas mais intensas.

Álbuns tão densos e tão importantes pra mim são os o que eu tenho mais dificuldade de escrever sobre. Mas posso te garantir que gostar de Epigone é uma tarefa fácil. Entender a sua complexidade é uma tarefa mais árdua, mas ser carregado pelas emoções que o Wilderun consegue te transportar duantes os mais de 60 minutos só depende do quão disposto a sair do mundo real você está. É magistral; cada elemento constituinte, da instrumentação, à composição da música, à composição do álbum, é cuidadosamente organizado e perfeitamente equilibrado para forjar um dos mais comoventes, dramáticos e empolgantes álbuns da banda, do metal progressivo e do ano.

Nota final: 9,5

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