Por Roani Rock
Temos aqui um Billie Joe Armstrong se divertindo em quarentena, com o mesmo espirito jovem e a diversão dos anos 2000, se dedicando em covers que não devem em nada aos originais com repaginadas nas melodias bem interessantes, principalmente na faixa de Lennon
Roani Rock
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Gravadora: Reprise Records
Data de lançamento: 27/11/2020

Gênero: Punk/Punk-Pop
País: Estados Unidos
É inegável que esse ano está uma merda, é um pecado dizer que a pandemia fez algum bem, mas ao mesmo tempo é o ano mais vintage para a produção de covers, discos de inéditas caseiros e produção de lives que agora parecem ter perdido o propósito, no entanto, está comprovado que foram e são benéficas em muitos casos. Veja o exemplo de Miley Cirius, ela produziu um álbum de pop/rock autoral excelente cheio de convidados especiais e um acústico MTV que tem no set versões arrepiantes de clássicos do Pearl Jam e Lou Reed. Fora o show no Whisky a Go Go com faixas do Cramberries e e The Cure.
Desde Março, um cara também muito conhecido – só que mais velho – despretensiosamente tem tomado as redes sociais “com uma música a cada semana até todos estarem bem e de volta a normalidade”. A dita normalidade não chegou, mas ele lançou ao menos 14 covers bem produzidos e peculiares que serviram não só pra divertir seus fãs, mas também como um processo laboratorial para experiências sonoras. Ele gostou tanto do resultado final que a brincadeira se tornou um álbum de covers do artista.
O artista em questão é Billie Joe Armstrong, a voz do Green Day. Já o álbum chama-se No Fun Mondays, simplesmente porque escolheu este dia da semana pra lançar as faixas. Ninguém gosta das segundas-feiras e sua pretensão de alegrar o lar do ouvinte com as canções foi assertiva. Falando nas covers, a primeira que compõe o disco se trata de I Think We’re Alone Now cujo a original é de Tommy James & The Shondells dos anos 60, mas se tornou um hit pop nos anos 80 cantado por uma cantora chamada Tiffany, que foi relembrada em 2019 na trilha da primeira temporada de The Umbrella Academy em uma cena icônica em que os personagens dançam. Bem, Billie transformou a canção completamente em um hit pop-punk, tornando a canção de sua propriedade, combinou muito com o estilo de sua banda.
Interessante avaliar que nenhuma das música presentes no álbum se trata de um cover óbvio. Segundo Billie o que é escutado “parecem canções raras, ou pelo menos raras para outras pessoas” – principalmente os jovens fãs do Green Day. Além dos nomes desconhecidos ou pouco convencionais, como a banda punk Starjets em Love Stores ou Kirsty MacColl em A New England tem os artistas de peso como uma das principais referências do punk Johnny Thunders através de You Can’t Put Your Arms Around a Memory que Billie interpreta fielmente, Prince em sua Manic Mondays que tem a versão definitiva pelos The Bangles e Gimme Some Truth de John Lennon onde a original está presente no álbum Imagine de 1971. Esta última em uma versão mais acelerada é a que possui mais a cara de Billie Joe, já nos primeiros versos ele e Lennon cospem: “ Já estou farto de assistir a cenas de esquizofrênicos, egocêntricos, paranóicos, prima-donas ”.
O álbum é de fácil apreciação e possibilita o ouvinte a ver o quanto a voz do líder do Green Day é forte e impressionante soando da mesma forma que nos anos 90. Arrisco a dizer que Billie Joe Armstrong tem a melhor voz do Punk. A versão para Corpus Christ do Avengers é fantástica pelas variações e Kids In America é a melhor provação de sua qualidade vocal, visto que ele consegue fazer vozes femininas com excelência, a música em questão é da cantora Kim Wilde.
Suas versões também possibilitam o público jovem a conhecer figuras raras que não tiveram seus hits gravados com tanta qualidade. Eric Carmen conhecido pela balada All By Myself tem suas raizes no rock e no mesmo álbum dessa balada há o hit That’s Rock ‘and’ Roll que passa despercebido, Wreckless Eric foi resgatado pelo Cage The Elephant no hit Whole Wide World mas você só saberia disso sendo mais novo e estando por dentro das bandas de rock que são mainstream agora. Mas além do reconhecimento, as versões ficaram mais potentes e com uma gravação de última geração frente as originais que tem muito de Do It Yourself, que até tem sua beleza.
Mais do que se divertir, Billie Joe presta um serviço ao rock apresentando canções como Not That Way Anymore do Stiv Bators por exemplo, que se não fosse por ele continuaria perdida no tempo. Sua abordagem impetuosa de Police On My Back (originalmente do grupo britânico de R&B dos anos 60 The Equals, mas que ficou famosa pelo The Clash ) captura a tensa suspeita da polícia americana após a morte de George Floyd. ou seja, Independente das versões estarem boas ou até melhores do que as originais, o fator de renovar as músicas e trazer novos significados ou até os mesmos como no caso de That Things You Do! do filme de Tom Hanks foi feito com sucesso.
Nota final: 8/10
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