Por Lucas Santos
Foi sem muito alarde que o grupo voltou a fazer música junto. Talvez tenha sido demanda? Talvez tenha sido insistência? Talvez tenha sido a realização? Talvez tenha sido uma pandemia? Independentemente disso, como o Titanic sendo descoberto em 1985 em profundidades impossíveis, Killer Be Killed foi ressucitado em forma de Reluctant Hero.
Lucas Santos
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Gravadora: Nuclear Blast
Data de Lançamento: 20/11/2020

Gênero: Groove/Heavy Metal
País: Brasil/Estados Unidos
Teve uma época, por volta dos anos 2000, que eu era muito fã de Hip Hop. Fã mesmo. Por um bom período o gênero superou na minha playlist qualquer coisa relacionada ao Rock e Metal. Na real, só surgiu fera naquela época: 50 Cent, Snoop Dogg, Eminem, Jay-z, Dr. Dre, Ludacris, Busta Rhymes e mais, mais e mais. Eu posso ir por mais umas 5 linhas tranquilamente. Muita boa coisa foi feita, de uma certa forma até nostalgica para os dias de hoje, mas o que eu mais gostava dentro do Hip Hop eram as colaborações, os “feat“. Foram muitas, algo que ainda é tendência nos dias de hoje. Era uma forma de deixar qualquer faixa que tinham dois nomes conhecidos maior e mais importante. Sempre foi muito interessante ouvir duas distintas interpretações em uma mesma música. Bem, essa é a sensação que Killed Be Killed me passa.
O supergrupo (põe super), que possue três vocalistas, ou três lendas do metal; o baixista Troy Sanders (Mastodon), o guitarrista Max Cavalera (Soulfly, Cavalera Conspiracy) e o guitarrista Greg Puciato (The Dillinger Escape Plan, The Black Queen), acompanhados do baterista Ben Koller (Converge), foi lançado ao mundo em 2014, com um notável álbum autointitulado de estreia, eles fizeram uma breve turnê na Austrália como parte do Festival Soundwave e lançaram dois clipes, em seguida, desapareceram como se todo o projeto fosse uma miragem de heavy metal perfeita demais para existir. Me lembro de ter ouvido falar da banda alguns anos atrás e pensar comigo como aquilo era possível, voltando ao Hip Hop é o equivalente à 50 Cent, Snoop Dogg e Jay-z lançando um projeto juntos em meados dos anos 2000. (apesar de ainda ser uma boa ideia)

Foi sem muito alarde que o grupo voltou a fazer música junto. Talvez tenha sido demanda? Talvez tenha sido insistência? Talvez tenha sido a realização? Talvez tenha sido uma pandemia? Independentemente disso, como o Titanic sendo descoberto em 1985 em profundidades impossíveis, Killer Be Killed foi ressucitado em forma de Reluctant Hero.
Todos os membros têm diferentes origens musicais que se encaixam no gênero do metal, cobrindo todos os terrenos, não estreitando internamente suas perspectivas. As pegada mais crua de Max, a voz agustiante e presa de Troy e toda a técnica vívida de Greg têm espaço e se destacam. O aspecto surpreendente é que esses ícones musicais não forçam nada de forma anormal, organicamente eles estão em chamas e parece que fazem parte da banda por muito mais anos. Reluctant Hero começa com uma ironicamente intitulada Deconstrucing Self-Destruction que é com toda a honestidade muito adequada, devido à banda ter sido trazida de volta à vida e felizmente não tem hesitação ou fragilidade – a besta renasceu!
Dream Gone Bad exibe o verdadeiro poder das melodias que Troy e Greg usam, mas apenas ocasionalmente parecem revelar em suas bandas reais – é muito mais Mastodon do que qualquer uma das identidades conhecidas de outros artistas, mas há mais a revelar. A presença de Max é facilmente reconhecida e o seu groove pesado com seu ataque vocal é imediatamente reconhecível. Left Of Center é basicamente a sequência da faixa anterior, e então Comfort From Nothing pode ser o momento mais memorável do disco. O riff downbeat cria uma atomosfera angustiante até explodir no refrão mais libertador e grooveado.
Inner Calm From Outer Storms é bem sombria, já Filthy Vagabond é uma crua e direta faixa de Punk. Ela me surpreendeu quando a ouvi pela primeira vez. From A Crowded Wound, a mais longa do álbum, tem um clima bem arrastado. Foi a que menos me chamou a atenção. Apesar de trazer um clima bem gótico e pegada doom/sludge ela pode ser longa (um pouco) demais. The Great Purge combina um pouco das bandas dos integrantes. Cheira a Mastodon antigo, ao material solo de Greg e fecha com um Max furioso na pegada do Cavalera Conspiracy.
Reluctant Hero é um absoluto e poderoso álbum de Heavy Metal. Um retorno bem-vindo do que é quase certamente o melhor supergrupo da última década. (Talvez o melhor dentro do metal extremo?). Ouvir mentes criativas, ainda mais três das que ajudaram a moldar o Metal nas últimas 3 décadas, trabalhand junto é um privilégio para pouco. Tocar ao vivo ainda parece ser um sonho distante, mas inquestionavelmente, essas músicas merecem ser ouvidas.
Nota final: 9/10
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