Lucas Santo
- O crescimento e evolução do Parkway Drive pode ser comparado, guardada devidas proporções, quando o Metallica lançou o Black Album, quando o Avenged Sevefold lançou Hail To The King e mais recentemente o Architects com For Those That Wish To Exist.
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Gravadora: Epitath Records
Data de lançamento: 9/09/2022

Gênero: Metalcore
País: Austrália
Não é nenhum segredo que os autralianos do Parkway Drive alcançaram um dos maiores escalões da música pesada. Formado em 2003, em Byron Bay, na Austrália, o quinteto construiu um nome grandioso dentro do gênero, com álbuns como o de estreia de 2005, Killing With a Smile, Deep Blue de 2010 e Atlas de 2012. Seguiram-se indicações ao ARIA e álbuns ao número 1, juntamente com mudanças de formação aparentemente obrigatórias. No entanto, nada conseguiu entorpecer a dedicação do grupo à estrada, os tornando uma das bandas que mais trabalha duro dentro do Heavy Metal.
O sétimo álbum de estúdio, produzido pelo amigo e colaborador de longa data George Hadji-Christou (Protest the Hero), se chama Darker Still, é composto por 11 e soa como um apanhado de tentativas entre o seu antecessor, Reverence de 2018 e Ire de 2015. De acordo com as declarações da banda – o vocalista Winston McCall, os guitarristas Jeff Ling e Luke Kilpatrick, o baixista Jia O’Connor e o baterista Ben Gordon – é a realização dos sonhos sonoros que eles esperavam alcançar o tempo todo. Apesar disso, ou talvez por isso, a coleção está muito distante do seu som “original“, ocupando um espaço pesado mas que ainda tem raízes no Metalcore e Deathcore.
O crescimento e evolução do Parkway Drive pode ser comparado, guardada devidas proporções, quando o Metallica lançou o Black Album, quando o Avenged Sevefold lançou Hail To The King e mais recentemente o Architects com For Those That Wish To Exist. Darker Still abraça a coragem de explorar novas paisagens sonoras, encontrando liberdade em suas composições ousadas, especialmente com guitarras que entregam na maioria das faixas, muitas sensações sinfônicas, mudando de forma, manobras orquestrais e muito mais.
Focado em um som muito mais grandioso e mais orientado para as grandes apresentações que a banda deve fazer em turnês muito próximas, eu entendo perfeitamente quando algum fã mais antigo reclama, ou até mesmo não gosta dos novos caminhos que a banda percorre. Se algum ouvinte leigo comparar o já citado clássico Deep Blue (2010) com o Darker Still, provavelmente vai ter dificuldades de entender que é a mesma banda.
O álbum te leva a uma jornada pela ‘noite escura da alma‘ em grandiosos 46 minutos, com diferentes experimentos dentro do heavy metal. No entanto, se você se comprometer, será devidamente recompensado. A banda dificilmente fica no mesmo lugar por muito tempo; Imperial Heretic é uma canção pura de heavy metal com elementos grudentos, enquanto If A God Can Bleed é uma passagem harmônica e calma, antes que Soul Bleach quebre tudo com uma excelente mistura de heavy metal e metalcore.

Darker Still vê McCall lutando consigo mesmo. Inspirado no conceito filosófico da noite escura da alma, onde se passa por uma difícil e significativa transição para uma percepção mais profunda da vida e seu lugar nela, o álbum é uma jornada lírica navegando por esse labirinto. Mas não é o que McCall diz que realmente captura essa transformação, é a forma como ela é entregue; há uma intensidade silenciosa que às vezes ruge como um leão, mas aumenta até que ela se declare desafiadoramente intenso. From The Heart Of Darkness tem uma das letras e mensagens mais bonitas de toda a carreira dos autralianos.
Acredito que Darker Still é a fórmula final da nova abordagem sonora que o Parkway Drive mirava em sua mudança lá no Ire (2015). Resquícios do começo de sua jornada no início do século ainda podem ser captados, mas a verdade é que estamos diante de uma banda muito mais madura, mais técnica e que cria momentos e músicas, não só grandiosas, mas também memoráveis e ainda sim pesadas. Gostando ou não, esse é o Parkway Drive do momento. E pra mim, tá ótimo!
Nota final: 8/10