Review: Turnstile – Glow On

Por Lucas Santos

Mesmo não sendo novidade, o que o Turnstile vem fazendo é algo que sim pode ter sido inspirado por esse mesmo movimento de 20 anos atrás, porém é algo novo para uma geração que busca referências mais atuais.

Lucas Santos

Confira mais Metal em 2021:
Edu Falaschi – Vera Cruz
Accept – Too Mean To Die
Nervosa – Perpetual Chaos
Gatecreeper – An Unexpected Reality
ERRA – ERRA

Gravadora: Roadrunner
Data de lançamento: 27/08/2021

Gênero: Hardcore/Punk
País: Estados Unidos


O quão abrangente pode ser uma banda de hardcore? Às vezes, fazendo minhas pesquisas semanais, volte e meia me deparo com subgêneros do estilo que deixam o catálogo mais difícil do que ja é. A mistura óbvia com o punk se multiplica e vai em direção ao nu metal, rock alternativo, indie, hip hop e qualquer outro estilo que podemos jogar dentro. Cada mistura dessa pode ser típica de bandas distintas, mas nenhuma delas consegue moldar e ditar o futuro do gênero, englobando diversas outras tendências, de formar mais óbvia, como o Turnstile.

Desde 2010 a banda faz parte da crescente e fervorosa cena da cidade de Baltimore, do estado de Maryland, e foi em seu segundo álbum de estúdio Time & Space (2018), primeiro gravado pela Roadrunner Records, que a atenção aumentou, até mesmo de veículos e pessoas que normalmente não cobrem muito essa cena. A direção mais alternativa no seu som não é uma abordagem nova para o gênero; muitas bandas do movimento nova iorquino no fim dos anos 80 começo dos anos 90 usaram essa sonoridade mais acessível e acabaram criando uma nova camada que introduziu o hardcore à novas tribos. Mesmo não sendo novidade, o que o Turnstile vem fazendo é algo que sim pode ter sido inspirado por esse mesmo movimento de 20 anos atrás, porém é algo novo para uma geração que busca referências mais atuais.

Glow On é realmente esse tipo de álbum, uns daqueles trabalhos que vai se remodelando durante todo o seu formato enquanto é capaz de transcendê-lo ao mesmo tempo. Um álbum que ainda é hardcore/punk, sem dúvida, mas também é do tipo de que pode, e realisticamente faz, alguém do hardcore ou do punk a abrir mais portas no caminho da exploração musical. É nos acalorados floreios latinos de um “sambacore” em Don’t Play ou nas progressões mais alternativas de Endless e Alien Love Call, que conta com a participação do vocalista de R&B Blood Orange, que percebemos que Glow On é muito mais que apenas um álbum de hardcore/punk.

No Surprise é uma curta introdução de lo-fi para a faixa Lonely Dezires, que também conta com a participação de Blood Orange.Além disso, a coisa toda está baseada no tipo de acessibilidade que se enraíza entre os campos do punk e do hardcore; é produzido de uma forma limpa e nítida (particularmente na bateria, que pega uma nitidez muito boa), mas não negligencia o baixo e as guitarras fluentes, ou como os vocais de Brendan Yates são fluidos enquanto ainda que tenha um som mais áspero. Humanoid/Shake It Up e T.L.C (Turnstile Love Connection) comovem com uma sensação realmente poderosa de groove mesmo que sejam faixas que não duram nem dois minutos.

Toda essa estranha mistura pode não agradar aos que buscam um hardcore mais tradicional, mas ouvir Glow On é de fato entender e aceitar que o Turnstile cria algo muito cativante e que pode ser ouvido por qualquer pessoa, e mesmo que eles não sejam o precursor dessas variáveis, certamente é a banda que juntos do Angel Dust mais exploram e expandem o hardcore no maisntream.

Glow On é feito por um grupo de músicos que sabem muito bem qual direção querem tomar. A criatividade não para apenas nas diversas inspirações da banda, mas também em uma forma de escrever música pesada e underground de forma cativante e acessível. Isso é muito difícil. Se você quer ter uma noção básica para onde o hardcore está migrando, tenha certeza que o Turnstile esteja nas suas audições diárias.

Nota final: 9/10

Deixe uma resposta