Review: Tallah – Matriphagy

Por Cleo Mendes e Lucas Santos

Se você ainda não ouviu falar do Tallah, permita-me apresentar a vocês a banda de maior ascensão no Metal. Criação pelo demônio absoluto por trás da bateria, Max Portnoy (sim, esse é o filho de Mike Portnoy), e dominado pela loucura teatral do frontman, Justin Bonitz, basta apertar o play para ficar claro porque eu afirmo que Tallah é um dos mais exclusivos , atos inovadores e aterrorizantes que o Metal teve a honra de apresentar. Podemos pensar nesse grupo como o caldeirão violento de nu metal, hardcore e terror psicológico – dessa mistura, gerando uma experiência visionária completa: o seu debut, Matriphagy.

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Gravadora: Earache Records
Data de lançamento: 2/10/2020

Gênero: Nu Metal/Metalcore
País: Estados Unidos

Primeiro vamos te situar exatamente aonde você está se metendo. Matriphagy traduzido quer dizer ‘Matrifagia’, que é “o consumo da mãe pelos filhos. O comportamento geralmente ocorre nas primeiras semanas de vida e foi documentado em algumas espécies de insetos, nematóides, pseudoescorpiões e outros aracnídeos, bem como em anfíbios caecilianos.” Bem, eu te avisei. Siga o texto por sua conta em risco.

Se você ainda não ouviu falar do Tallah, permita-me apresentar a vocês a banda de maior ascensão no Metal. Criação pelo demônio absoluto por trás da bateria, Max Portnoy (sim, esse é o filho de Mike Portnoy), e dominado pela loucura teatral do frontman, Justin Bonitz, basta apertar o play para ficar claro porque eu afirmo que Tallah é um dos mais exclusivos , atos inovadores e aterrorizantes que o Metal teve a honra de apresentar. Podemos pensar nesse grupo como o caldeirão violento de nu metal, hardcore e terror psicológico – dessa mistura, gerando uma experiência visionária completa: o seu debut, Matriphagy.

Por trás da furiosa violência musical está uma sensação cada vez maior de paranóia claustrofóbica. Este é um conto conceitual. A atmosfera da história maníaca de Bonitz, em que exploramos a relação volátil entre Kungan e sua mãe obsessiva, trancados por mais de vinte anos em sua armadilha mortal de um lar. Observamos Kungan passar de instável a desequilibrado, levado ao limite pelo medo de sua mãe e levado a uma mentalidade assassina por seu coelho de pelúcia, Lobifu. A força dessa história são uma prova da extrema capacidade de Bonitz como vocalista. Oque ele reproduz durante os 53 minutos é magnífico. Ele comanda um conjunto impressionante de técnicas vocais, executando com maestria guturais, gritos em falsete, belas passagens melódicas e raps frenéticos (com sotaque americano e britânico) – todos os quais parecem distintos e exclusivos para ele. Sua performance é crua e genuína, com as raras instâncias de camadas vocais realmente chamando a atenção para o quão louco Bonitz soa sozinho.

Ao longo de 13 faixas, somos arrastados por uma vasta extensão sônica que Tallah consolidou como seu. Há uma raiva insaciável, quase juvenil, capturada em algumas das faixas mais orientadas para o hardcore. Kungan e Cottonmout convergem para uma ferocidade genuína, com seus riffs insanos e o trabalho de produção estelar, me fizeram sentir saudades mais uma vez do moshpit. Como alternativa, os riffs de estilo nu metal são fortes em No One Should Read This e L.E.D, recontextualizando efetivamente um ótimo som com mais hostilidade do que o nu metal jamais possuiu. Não devemos esquecer The Silo, que tem alguns momentos incríveis se afastando da fúria crua do resto do álbum. Essas paletas sônicas distintas criam muito a impressão de que estamos passando por um desastre.

Cada som é distintamente pregado pelo Tallah, mas o caos nos mergulha no estado psicológico discordante de Kungan – também mobilizado em parte pelas qualidades estruturais totalmente imprevisíveis dessas faixas. Muitos estão a par de uma série de cortes agudos e frenéticos. Outras vezes – como em No One Should Read This e Murder Seed – a instrumentação segue um fluxo tão suave que a faixa parece estar continuamente em transição para si mesma, em ondulações intermináveis. Freqüentemente, essas mudanças acontecem antes de você perceber, e Portnoy está sempre lá.

Devemos também reservar um momento para abordar a mixagem. É gigante, enérgica e, provavelmente, o mais importante, dizima o som “core” contemporâneo sem sacrificar a sensação crua da performance da banda. Não me lembro do último disco que ouvi nesse estilo que parecia ter sido tocado ao vivo. Dito isso, há também um ótimo conjunto de elementos de produção consistentes, incluindo efeitos de glitch, DJ ao estilo Slipknot e Linkin Park, trabalho de sintetizador indutor e graves insanos. Em uma consideração holística deste registro, é difícil evitar uma comparação com artistas como o já citado Slipknot que, em seus primeiros dias, foi o pioneiro em grande parte da energia que está presente em Matriphagy. A ferocidade absoluta por si só torna difícil não pensar no trabalho de estréia da banda de Iowa, muito menos na base temática de terror e interlúdios inquietantes.

O ponto principal é que o Tallah conseguiu se apropriar desse som de uma maneira nova e extremamente excitante, que simultaneamente representa e contradiz a paisagem do metal contemporâneo. A nostalgia do Nu Metal está presente, assim como as mais modernas técnicas e abordagens do Metal atual, que se mixam em uma experiência única e aterrorizante, que transcende apenas a parte musical. Agora que você já leu, ouça por sua própria conta e risco.

Nota final: 9/10

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