Review: Edu Falaschi – Vera Cruz

Por Lucas Santos

Aliás, é impossível não fazer comparações imediatas com esses dois trabalhos da ex-banda de Edu. O álbum sim traz muitos elementos dos dois discos, mas também relembra fases do Almah misturando elementos claros do Power Metal e do Metal Progressivo. Vale ressaltar que as orquestrações, que foram idealizadas por Edu mas criadas e finalizadas por Pablo Greg dão um tom gigante ao material. Uma das melhores que já ouvi.

Lucas Santos

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Gravadora: Independente
Data de lançamento: 12/05/2021

Gênero: Power Metal
País: Brasil


Ficção histórica, conflitos internos e traições: conheça a história de Vera Cruz

Vera Cruz traz uma narrativa desenvolvida por Edu Falaschi em parceria com Fábio Caldeira

Ambientado na época das grandes navegações, Vera Cruz tem como ponto de partida a cidade portuguesa de Tomar. Em 1482, uma criança deixada na porta de um convento desperta a curiosidade de todos devido a uma peculiaridade: uma marca de nascença que, séculos antes, foi mencionada em uma misteriosa profecia sobre a extinção da maléfica Ordem da Cruz de Nero. É a partir dessa característica que a história de Vera Cruz se desdobra e apresenta Jorge, o portador da marca, que cresceu sob os cuidados da igreja e cheio de dúvidas: afinal, que mensagens os pesadelos tão presentes em suas noites querem passar?

Prestes a desbravar os mares, Jorge se depara com dilemas sobre sua identidade, missão, amor, amizade e intrigas. Feita a partir de elementos históricos e de ficção misturados, Vera Cruz é, principalmente, uma história sobre maniqueísmo, relações humanas, amor e ódio. Feito a partir de pesquisas na literatura da época para garantir fidelidade à ambientação do romance, Vera Cruz tem seu ápice em terras brasileiras, com Jorge adulto e integrante da esquadra do mestre da Ordem de Cristo, Pedro Álvares Cabral.


Antes de começar os meus breves comentários sobre o álbum é importante ressaltar que a técnica e musicalidade encontradas aqui são fora de série, o supra sumo do que qualquer pessoa pode extrair de um álbum de metal. Edu Falaschi , Aquiles Priester, o tecladista Fabio Laguna, guitarristas Roberto Barros e Diogo Mafra e o baixista Raphael Dafras superaram qualquer expectativa, que já eram altas, em um álbum que desde o começo da sua pré produção já vinha sendo muito bem divulgado e até o seu lançamento teve uma campanha de marketing muito bem trabalhada, fazendo até com que Edu participasse duas vezes do Flow Podcast, uma com Roberto Barros e a outra, mais recente, com Aquiles.

Vera Cruz foi produzido por Edu e Roberto, co-produzido por Thiago Bianchi (Shaman, Noturnall), e contou com a mixagem e masterização do renomado Dennis Ward, que já assinou trabalhos como Temple of Shadows. e Rebirth do Angra. Aliás, é impossível não fazer comparações imediatas com esses dois trabalhos da ex-banda de Edu. O álbum sim traz muitos elementos dos dois discos, mas também relembra fases do Almah misturando elementos claros do Power Metal e do Metal Progressivo. Vale ressaltar que as orquestrações, que foram idealizadas por Edu mas criadas e finalizadas por Pablo Greg dão um tom gigante ao material. Uma das melhores que já ouvi.

As primeiras faixas The Ancestry e Sea Of Uncertainties são duas das músicas mais rápidas da carreira de Edu. Apesar de serem boas faixas, a fritação e velocidade absurda tiram um pouco do meu interesse. As linhas de guitarra e solos dessas duas músicas são quase impossíveis de se acompanhar até em pensamento. As coisas ficam mais “agradáveis” com a belíssima Skies In Your Eyes. Composição gigantesca que começa em forma de “balada” e aumenta de volume em seu percuso, com uma levada mais leve e mais melosa.

Crosses nos traz de volta a fritação, mas dessa vez a composição e estrutura da musica ficaram mais encaixadas e as partes mais rápidas (solos e riffs) não ficaram tão exagerados, mais satisfatório aos meus ouvidos. Fire With Fire tem uma pegada mais grooveada que me agrada muito. Max Cavalera participa da faixa mais pesada do disco, Face Of The Storm, que também possu passagens de gritos e sons de guerra, mostrando o quão incrível é ambientação do álbum. A viagem de Vera Cruz termina com a lindíssima Rainha do Luar, aonde Edu e Elba Ramalho dividem as atenções de maneira fabulosa. Edu disse em diversas entrevistas o tamanho da admiração que tem pela cantora, e ele de fato, conseguiu usar de forma sublime ao encerrar uma experiência auditiva incrível.

Vera Cruz não é um álbum fácil de se digerir no começo. Escutei ele desde antes do seu lançamento e realmente só agora (meio de Junho) que consegui formular melhor meus pensamentos e opiniões a respeito. O virtuosismo exagerado em uma primeira parte pode assustar e até incomodar um pouco no começo, demanda um pouco de tempo para se acostumar, a segunda parte do álbum, que é mais acessível e “menos exagerada”, me agrada mais.

Depois de um tempo me peguei ouvindo o álbum inteiro sem pular nenhuma faixa, e só mesmo esse tempo para perceber os pequenos e maravilhosos detalhes dos seus instrumentos, vozes e orquestrações. Um trabalho gigante de Edu, que mesmo depois de 30 anos e assinaturas em diversos álbuns que mudaram o patamar do metal brasileiro e mundial, conseguiu reunir um time do que de melhor o mundo pode oferecer ao metal e criar uma obra prima.

Nota final: 8/10

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