Por Lucas Santos
NIRATIAS significa “Nada é real e isto é uma simulação“, vibra com consciência apologética e dissonância social. O álbum é dolorosamente envolto em uma nuvem negra e enigmática com as letras. A escolha e a ordem dos três primeiros singles foram muito bem feitas.
Lucas Santos
Confira mais Metal em 2021:
Todd Lat Torre – Rejoice In The Suffering
Accept – Too Mean To Die
Nervosa – Perpetual Chaos
Gatecreeper – An Unexpected Reality
Gravadora: Epic Records
Data de lançamento: 5/03/2021

Gênero: Metal Alternativo
País: Estados Unidos
Não é segredo que, no mundo da indústria musical, a criação de um som exclusivo é geralmente o primeiro na lista de objetivos de bandas iniciantes. Ainda mais nos tempos modernos, onde quase toda sonoridade, timbre e ideia, são espalhadas e copiadas de forma repentina. Manter uma assinatura musical exclusiva nos dias de hoje, ainda mais para uma banda veterana, é muito difícil. Poucas bandas têm um som tão instantaneamente reconhecível quanto a música de Pete e Sam Loeffler, mente criativa por trás do Chevelle, que por mais de 20 anos vem entregando sólidas discografias, com hits mundiais e épicos momentos. NIRATIAS, o nono álbum de estúdio, é tudo que alguém que minimamente conhece o que eles podem fazer espera.
NIRATIAS significa “Nada é real e isto é uma simulação“, vibra com consciência apologética e dissonância social. O álbum é dolorosamente envolto em uma nuvem negra e enigmática com as letras. A escolha e a ordem dos três primeiros singles foram muito bem feitas. Cada single se apresenta como o oposto de sua contraparte, tornando a especulação do som geral do álbum quase impossível. (Bem… possível, mas difícil de dizer qual seria sua predominância). Os primeiros segundos já mostram que a mixagem e produção são assombrosas, e também mostram que nao há como ser enganado. Sem erro, esse é um álbum do Chevelle.

O primeiro single do álbum, Self Destructor oferece uma combinação onipotente de instrumentais fortemente agressivos e vocais assustadores. Peach, o segundo single lançado, começa com uma introdução vocal misteriosa que sangra na anatomia da música. A entrega de letras como “Em quem você confia agora?” adiciona uma pungência que permanece no ar muito depois de a música terminar. A décima primeira faixa, Remember When, lançada como o terceiro single, com guitarra reverberada crescente, inflige uma forte sensação de melancolia. Endlessly é a faixa que mais evoca emoções. A pureza na entrega dos vocais e a parte mais suave da guitarra melódica cria uma sensação de perda e atenção plena.
Mars Volta é raivosa. A repetição da frase “Eu estou no meu caminho para Marte“, repetida diversas vezes, fica ecoando na mente, e os riffs turbulentos com quebradas siginifcativas seguem a música como se um foguete estivesse pronto para decolar para o planeta Marte. Piistol Star (Gravity Heals) se baseia em uma abordagem mais pausada e arrastada. Essa faixa me fez lembrar como os vocais de Pete são únicos e as performances dramáticas que ele escolhe ao dar vida as canções são incrivelmente privadas e especiais.
Há aquela máxima de que, quem escutou o NIRATIAS escutou La Gárgola (2014), ou Sci-Fi Crimes (2009), mas a verdade é que, apesar de “sofrer” da mesma sina de um AC/DC, por exemplo, cada material já divulgado pelo Chevelle é uma viagem incrível em suas composições e musicalidade ímpar. O mais do mesmo é muito bem vindo aqui.
Todas as treze faixas do álbum são dignas de estarem no mais alto patamar dos trabalhos que os irmãos Loeffler já criaram. Mesmo que o efeito surpresa não seja o elemento mais expressivo que você pode encontrar, fique com a surpresa de encontrar esses componentes entregues mais uma vez de forma fresca e inovada. Pete e Sam declararam que esse pode ser o último trabalho do Chevelle em muito tempo, porém, mais uma vez, eles criaram uma obra-prima provando que sua relevância e longevidade são eternas.
Nota final: 8,5/10