Review: The Killers – Imploding The Mirage

por roani rock

Uma tentativa de trazer algo épico, entupido de sintetizadores, numa reformulação sonora que os fãs mais conservadores não aprovariam, mas que deve alegrar os indies atuais. Há alguns lampejos de hinos para estádios, alegres parcerias, mas no geral é um álbum similar aos anteriores, ou seja: fraco, apesar de inspirado

Roani Rock

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Gravadora: Ilha
Data de lançamento: 21/08/2020

gênero: Rock Alternativo
país: Estados Unidos

A banda vem de Las Vegas e, mais do que no início, faz apostas altas. Se pensarmos no primogênito Hot Fuss, lançado 16 anos atrás, há de se pensar que a banda que estava entrando na puberdade enfim amadureceu e agora tem experiência de sobra. Mas Hot Fuss sempre será o trabalho mais ambicioso deles, já que não tinha como ter questões como o comodismo e, na época, a necessidade de mostrar serviço, de dizer ao mundo ao que veio. Isso se perdeu e, ao meu entender, caíram na armadilha mercadológica almejando voltar aos charts.

No geral, Imploding The Mirage não se trata de uma renovação gradual e muito menos uma volta às origens, é um álbum mais esperançoso e o mais edificante da década dos caras. Certamente é mais forte do que Wonderful Wonderful(o que não é uma tarefa tão difícil), mas mesmo assim é cansativo. Muitas músicas parecidas com sintetizadores até o talo e mal se tem variação de ânimos, todas soam como andar num campo florido e feliz, mesmo tendo temas fortes sendo abordados, tipo de coisa que funciona muito bem no pop atual.

A faixa My Own souls warning, uma das escolhidas como single, é uma doce ilusão que faz o ouvinte crer que vai ouvir um disco na pegada que já podemos taxar como clássica da banda. Entretanto, é quase um blefe. Provavelmente é uma das melhores músicas do álbum – os sintetizadores no refrão, o baixo no início e a guitarra no final trazem um hino incontestável em sua discografia que será cantado a plenos pulmões pelos fãs na volta aos palcos, mas não chega aos pés de Superman ou Read My Mind.

 Não se trata de um resgate, mas temos linhas de guitarras em duas músicas específicas que agraciam os ouvidos, Blowback e Caution. Ela possibilitam a ilusão de que o álbum pode ser um salvador frente aos últimos lançamentos. Ambas possuem uma onda climática ala krautrock antes de começarem de fato. A primeira, por ter um slide guitar, encanta e faz referência a estilo de outrora, é meio country como ocorre em All These Things That I’ve Done. Já a outra canção traz uma presença ilustre em termos de ambição: o nome mais revelador presente é de Lindsey Buckingham, ex-Fleetwood Mac, que contribui com um solo de guitarra pungente para o aumento na conclusão de Caution, e talvez esse seja um dos inúmeros motivos dela ser “a menina dos olhos de ouro” do álbum. Mas a faixa que as intercala, Dying Breed, é um alerta de que o ouvinte vai ter o direito de torcer o nariz também. Um synthpop morno e um rock pouco interessante.

As faixas seguintes se confundem sonoramente entre uma onda Queen década de 80 com o pop dos tempos atuais, perceptível em Lighting Fields, uma parceria com K.D Lang, Fire and Bone e My God. Já Running Towards A Place, When The Dreams Run Dry e a faixa que intitula o álbum, de forma mais equilibrada, é a tradicional música americana, o taxado AOR, que lincamos a Bruce Springsteen, certamente uma inspiração direta de Brandon Flowers, vocalista do Killers.

Pode não ser o álbum que alguém deseja, mas não deixa de ser um álbum necessário, não só pelos tempos difíceis. A mensagem e o som são apropriados, o problema é a gordura enquanto se escuta o álbum como um todo, a falta de luz e sombra, a recusa direta em encarar a sutileza que torna-se desgastante. É um exagero de onda, a soma de suas partes faz o disco ser menor do que deveria. Como faixas separadas deve ser ótimo presenciar ao vivo -gostaria de escutar Caution desta forma, mas na íntegra… o álbum sendo tocado de cabo a rabo… não sei, soa como um momento onde a música seria apenas pano de fundo para se fazer algo mais excitante ou aliviar-se tomando uma gelada indo em sequência ao banheiro enquanto se espera pela execução de Mr. Brightside, Runaway ou When you Were Young no bis, que fariam valer o ingresso.

Nota final: 6/10

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