Por Lucas Santos
Na verdade, chamar o Embrace of Disharmony de uma banda de metal sinfônico é reduzir sua grandeza. O grupo italiano toca metal orquestral de vanguarda, e o seu som é tão gigante, complexo e profundo que fica difícil descrever
Lucas Santos
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Gravadora: My Kingdom Records
Data de lançamento: 07/06/2019

O segundo álbum da banda italiana de Metal sinfônico de Roma, Embrace of Disharmony, é um lançamento experimental. pesado, e que chega com força, derramando uma porção de elementos que tinha tudo pra dar errado. A coragem para misturar tanto em suas músicas se funde com a competência de fazer tudo isso soar coerente. Não é uma escuta fácil, mas é algo extremamente gratificante se for dada a devida atenção.
Na verdade, chamar o Embrace of Disharmony de uma banda de metal sinfônico é reduzir sua grandeza. O grupo italiano toca metal orquestral de vanguarda, e o seu som é tão gigante, complexo e profundo que fica difícil descrever. Você tem a grandeza exagerada do Nightwish e do Epica, toques narrativos de Avantasia e Ayreon, passagens mais agressivas de Fleshgod Apocalypse e cerca de milhares de outras sutis influências que se transformam no som final. O ecletismo do De Rervm Natvra é sem dúvidas o ponto de destaque, fujindo bastante das tradicionais estruturas de muitas bandas de metal sinfônico.
Gloria Zanotti e Matteo Salvarezza não só cantam, mas narram e rosnam, tudo em sua língua nativa, de acordo com o que a música exige. O tema lírico do álbum é baseado no poema de Lucretio “De Rervm Natvra” e sua teoria do universo. Muitas vezes, eles cantam juntos, mas se eles estão cantando as mesmas linhas em harmonia, as mesmas linhas com ritmos diferentes, ou duas linhas completamente diferentes de uma só vez mudam várias vezes por música. Eles funcionam como guitarras gêmeas, mas até do que vocal e backing vocal. Ocasionalmente, seus ritmos ou letras diferentes os unem, tornando esse efeito um ato totalmente hipnotizante.

Ser surpreendido é algo natural durante a jornada de 54 minutos que os italianos nos presenteiam. Seja em momentos mais progressivos em De Primordiis Rervm, alguns beats eletrônicos em De Infinitate Orbvim, passagens orquestrais brilhantes e acústicas em De Mortalitate Animae, todas as 8 faixas possuem algo único e imprevisível que nos mantem vidrados e concentrados e curioso pra saber o que mais nos aguarda. Emiliano Cantiano e Leonardo Barcaroli completam o quarteto de forma impressionante, o quarteto de músicos é algo muito superior a muita coisa que já ouvi ao longo dos meus poucos 26 anos.
De Rervm Natvra é uma incursão emocional, épica, divertida e fascinante, um álbum com todas essas qualidades sem fazer muito esforço. É uma fascinante jornada em um universo musical único, graças à sua linguagem original, com ambientes escuros, estruturas progressivas complexas, partituras orquestrais épicas, melodias de metal e um estilo vocal peculiar. A produção consegue dar espaço para todos os elementos do som da banda e equilibra cada elemento com maestria. Tudo nesse álbum se reúne exatamente da maneira certa. O resultado final é apaixonante, capaz de tocar e mexer com os mais profundos sentimentos e emoções. Poucas vezes o Metal sinfônico foi tão brilhante quanto aqui.
Nota final: 9,5/10
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