Review: Epica – Omega

Por Lucas Santos

Embora a gravação do álbum tenha sido um pouco afetada pela pandemia, eles conseguiram gravar com a Orquestra Filarmônica de Praga e com o coral infantil da cidade logo antes do bloqueio. Entregando mais um (pasmem!) álbum conceitual na sua discografia, dessa vez o tema por trás deste último lançamento é o da humanidade competindo constantemente entre si, no final das contas se distanciando mais ao invés de florescer através da unidade. O próprio título vem da teoria do Ponto Ômega, que sugere que tudo no universo está girando em direção a um único ponto de unificação divina.

Lucas Santos

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Gravadora: Nuclear Blast
Data de lançamento: 26/02/2021

Gênero: Metal Sinfônico
País: Holanda


Quando se pensa em Metal Sinfônico, duas bandas me vêm a cabeça: Epica e Nightwish. Apesar de uma pequena preferência pela banda finlandesa, que teve fases mais características, mudou de vocalista algumas vezes e mexeu mais no seu som, a banda holandesa se mantém em uma constância invejável ao longo dos seus quase 20 anos de carreira, muito em função da ótima dobradinha do principal compositor da banda Mark Jansen (vocalista e vocais guturais) e da belíssima voz da vocalista Simone Simons. Após um intervalo de cinco anos entre os álbuns de estúdio, o Epica retorna com Omega. É o último álbum de uma trilogia metafísica que também incluiu The Quantum Enigma (2014) e The Holographic Principle (2016).

A gravação do álbum foi um retrocesso aos primeiros dias da banda. Eles se reuniram em uma vila na zona rural da Holanda, passando uma semana juntos e escrevendo. Jansen diz que houve um fluxo livre de inspiração e isso tornou o álbum mais coerente. Embora a gravação do álbum tenha sido um pouco afetada pela pandemia, eles conseguiram gravar com a Orquestra Filarmônica de Praga e com o coral infantil da cidade logo antes do bloqueio. Entregando mais um (pasmem!) álbum conceitual na sua discografia, dessa vez o tema por trás deste último lançamento é o da humanidade competindo constantemente entre si, no final das contas se distanciando mais ao invés de florescer através da unidade. O próprio título vem da teoria do Ponto Ômega, que sugere que tudo no universo está girando em direção a um único ponto de unificação divina.

A introdução, Abyss Of Time – Countdown To Singularity, prepara o palco para o resto do álbum. Ela combina elementos sinfônicos com os vocais etéreos de Simone aumentados pelos vocais ásperos de Mark. Esse é o som característico do Epica e, embora familiar agora, não é nada obsoleto à medida que eles continuam a trazer novos elementos e pequenas reviravoltas interessantes a cada álbum. As músicas épicas são grandiosas e bombásticas com muita profundidade, mas também com ganchos acessíveis e refrões memoráveis.

Composições como Seal Of Solomon entregam sonoridades do oriente médio ao estilo Myrath (que alias tem a presença de Zaher Zorgati, vocalista da banda, como um dos convidados), que elevam a grandiosidade do álbum com os coros orquestrados e ótimos riffs de guitarras distorcidas. Code Of Life é outro exemplo de temática oriental, aonde o coral infantil é uma boa adição em uma faixa movida por riffs com uma forte performance vocal de Simons e Jansen. Gaia é outra faixa com o refrão bem memorável e de sonoridade explosiva e gigantesca. Até aqui o álbum é perfeito.

A peça central do álbum é o épico 13 minutos Kingdom Of Heaven Parte 3 – The Antediluvian Universe, seguindo a parte 2 do The Quantum Enigma e a parte 1 de Design Your Universe de 2009. Tem muitos fluxos e refluxos, pontos altos e e rápidos, interlúdios e com calmarias mínimas, mas dentre as três obras é a menos empolgante. Simons é dominante na magistral Freedom – The Wolves Within, e Rivers, um dos singles, é uma peça lírica em forma de “balada”, dominada por voz e piano, que tomam conta da ação. Se alguém tinha qualquer dúvidas de quão preciosa e poderosa é a voz de Simone Simons, pode por essa faixa.

A seção rítmica do baterista Ariën van Weesenbeek e o baixista Rob van der Loo combinam sem esforço com os teclados de Coen Janssen, e abrilhantam ainda mais as principais peças de destaque. Como sempre, Simons não decepciona, nem por um momento. Da fragilidade delicada ao dinamismo comandante, o vocalista de cabelo de fogo apresenta uma performance singular, os coros e orquestrações perfeitamente executadas trabalhando em uníssono ajudando a criar passagens de tirar o fôlego, como anjos descendo à terra em armaduras reluzentes esbaldando divindade.

Omega é outro grande trabalho do Epica, entregando diversas canções memoráveis, com arranjos belíssimos e uma jornada lírica envolvente e espiritual. Os quase 71 minutos de pura magia musical são delicados, pesados e grandiosos, como todo mundo esperava. Preciso de tempo para me decidir aonde o álbum se encaixa na minha ordem de preferência, mas a certeza é que o ele não decepciona ninguém e surpreende mais uma vez pela qualidade impecável.

Nota final: 9/10

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