REVIEW: OCEANS OF SLUMBER – OCEANS OF SLUMBER

Por Lucas Santos

Como é de se esperar, temos músicas muito bem trabalhadas, complexas, a maioria com cerca de cinco minutos ou mais, se apoiando no progressivo e no Doom, porém prestando homenagem a vários gêneros.

Lucas Santos

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Gravadora: Century Media Records
Data de lançamento: 4/09/2020

Gênero: Doom Metal/Metal Progressivo
País: Estados Unidos

Deixo avisado desde já que Doom Metal não é minha praia. Mas por pura e espontânea pressão, decidi dar mais uma chance à jovem banda americana de Metal Progressivo/Doom Metal, Oceans Of Slumber. Botando o mundo do metal progressivo de cabeça para baixo com o seu último lançamento, The Banished Heart (2018), eles fizeram com que esse fosse um dos álbuns mais aguardados do ano por muitos fãs.

Como é de se esperar, temos músicas muito bem trabalhadas, complexas, a maioria com cerca de cinco minutos ou mais, se apoiando no progressivo e no Doom, porém prestando homenagem a vários gêneros. Sempre com uma atmosfera sombria e pesada e dramática na instrumentação, letras e voz, a banda ultiliza também influências como R&B e Pop, transbordando sons não acostumados nos ouvidos mais tradicionais do metal. Com o grande “rosto” sendo a versátil e performática vocalista Cammie Gilbert, muito em função da banda ter trocado metade de seu lineup desde o último trabalho, o Oceans Of Slumber aposta em uma abordagem muito além de um Doom Progressivo e impressiona até mesmo os ouvidos pouco favoráveis.

Vocais limpos abrem The Soundtrack To My Last Day, com guitarras aquáticas à beira-mar, enquanto notas tranquilas dão uma vibração atmosférica como a sensação de um sonho. A abertura, com uma faixa razoavelmente suave de 7 minutos, é animada e inclui uma seção acústica bem macabra com ecos folk com a parte pesada à espreita. Pray for Fire é uma jornada mais voltada ao Rock, suave no início, com uma entrega mais narrativa de Gilbert. Apesar do começo mais arrastado e não tão empolgante para o meu paladar, é notável e admirável a facilidade com a qual a banda consegue criar atmosferas e trazer sensações além do som para o ouvinte.

As guitarras se arrastam com melancolia e ambiência, com melodias vocais cativantes em A Return to the Earth Below. Imperfect Divinity emite uma sensação assustadora com toques de calafrios crassos e desesperadores. Essa faixa tem uma característica mais direta de Doom Metal. The Colors of Grace oferece o primeiro conjunto de vocais masculinos limpos e o mais próximo do que seria um dueto com Opeth e Evanescence. September (Momentaria) traz um ritual de piano delicado e sombrio, enquanto Total Failure Apparatus é de tudo um pouco: Rock ‘N Roll, metal, R&B e Death Metal. Essa é uma das minhas faixas favoritas. As escolhas do álbum são bem acertadas. Até a última faixa – um cover de Wolf Moon do Type O Negative – chega a soar melhor (!) que a gravação original.

Outro ponto positivo é a mixagem. Deslumbrante, captando toda a essência das músicas, equalizando os diversos sons e instrumentos presentes durante todo o disco e dando ênfase nos graves sons e timbres mais grossos, elevando ainda mais o clima proposto. Eu gostei muito dos timbres das guitarras, certamente um dos melhores que eu já presenciei em um disco do gênero. Fizeram toda a diferença.

Porém, nem tudo são flores. O álbum é, sim, muito complexo, mas há também alguns problemas que, pra mim, atrapalharam muito. Além dele demorar muito para engrenar, não só no quesito faixa a faixa, mas também no número de audições, existe uma insistência – mesmo com o número grande de influências -nas repetições do mesmo tema e atmosfera. Tive a sensação de que o álbum não andava para lugar nenhum, e depois de um tempo, as mais de 1 hora e 10 minutos de material ficaram intensamente arrastadas.

Se você é fã de Metal Progressivo e/ou de Doom Metal, vai na fé. Oceans Of Slumber é um dos melhores grupos que surgiram com essa proposta nos últimos cinco anos. Seguindo a linha do seu último álbum e criando ainda mais ferramentas, o disco homônimo da banda é um material complexo, mas com diversos momentos a se apreciar e reapreciar. É difícil de captar tudo de uma vez (quem sabe na décima quinta?) mas aqui estamos diantes de mais um ótimo trabalho do sexteto texano. Talvez eu que não tenha entendido ainda tudo que eu deveria.

Nota final: 7/10

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