Review: The Black Keys – Dropout Boogie

A medida em que o tempo passa, o The Black Keys deixa seu som mais lapidado. Os caras tem estrada, a cada novo lançamento, surgem cada vez mais camadas do bom blues rock que Dan Auerbach e Patrick Carney protagonizam desde a origem da banda. Em Dropout Boogie, 11º álbum do power duo, eles sobem mais um degrau para a denominação de expoentes com faixas essenciais.

Roani Rock

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Gravadora: Warner
Data de lançamento: 13/05/2022

O tipo de som que Dan Auerbach e Patrick Carney produzem conhecemos bem, é dançante e com a fonte eles resolveram fazer como Obelix e cair direto no caldeirão fervente, só que ao invés de fazer acidentalmente como o personagem, eles foram de cabeça na poção mágica, no caso daqui o blues rock. Acredito que desde El Camino (2011) eles tenham moldado seu som em um formato que mixa bem o moderno dos pedais fuzz com o clássico groovie e swing das décadas anteriores, e dificilmente isso vai se caminhar para experiências devaneadas, mais fácil pegarem algo que já produziram antes e aproveitarem a indicação de algumas estradas secundárias musicais impressionantes.

Desde 2010, o Danger Mouse tirou a dupla de suas armadilhas caseiras e redefiniu o The Black Keys como uma potência global – vemos a banda onipresente na engrenagem que ainda move o rock. Se tivemos bastantes sons dançantes e poderosos em Let’s Rock de 2019 e a coleção de interpretações de blues ao estilo Mississippi no ano passado em Delta Kream, em Dropout Boogie temos uma continuidade de trabalho que faz alusão aos primeiros discos da banda.

 Tudo fora escrito e gravado por Carney e Auerbach no Easy Eye Studio em Nashville. Tal escolha transparece a vontade de fazer um álbum sem verniz, com o mínimo de overdubs ou misturas contemporâneas, isso explica por exemplo o som tão fechado da batera em certas músicas.

Eles abrem os trabalhos com duas “pentadas violentas”, a animalesca Wild Child e a cheia de sensualidade It Ain’t Over. Em seguida temos dois shuffles certeiros no álbum, a chumbada For The Love Of Money e Burn Damn Thing Down que surgem como uma roda de movimento perpétuo girando. Ainda há uma parceria de primeira classe para ser mencionada neste meio, o herói da guitarra blues rock Billy F Gibbons, com sua forma única de tocar se apresenta na formosa Good Love que traz bastante boogie.

Antes de seguir falando destes verdadeiros acertos, tenho que enfatizar mais uma faixa, How Long. Trata-se de um bálsamo calmante, uma música que traz de certa forma um pouco de hip-hop, mas de bate e pronto te transporta para os sons da Stax da década de 60. Boa balada com letra que vai se repetindo ciclicamente. Ela te prepara para voltar a entrar naquele pé sujo úmido que Happiness – a melhor faixa do álbum – nos permite de forma indecente a mergulhar novamente no bar, aproveitando cada momento.

o trabalho de guitarra feito até aqui é bárbaro, mas Baby I’m Comming Home tem uns riffs com um balanço tão maravilhoso, soam como uma cidade caótica com um trem movido a carvão surgindo do nada com o seu apito sendo tocado sem pausa. Finalmente, a alma lo-fi de Didn’t I Love You conclui o álbum, e abriga um dos solos mais graciosos de Auerbach – embora leve algum tempo para se desembaraçar do arranjo enlameado.

O som desse álbum traz uma ilusão de espontaneidade é central para o clima descontraído, mas não é pra qualquer um, para os desavisados ocorrera a impressão de que muitas músicas se parecem, é certo que há pouco a não gostar aqui, mas nem tanto a se amar, é o típico caso do copo meio cheio. Particularmente nunca transei bem o som deles, mas desde o Let’s Rock sinto que devo a eles um pouco mais da minha atenção. Dropout Boogie me divertiu bastante e ele clama pra ser ouvido mais de uma vez, isso pra mim já é o suficiente para estar acima da média. Ainda bem que existe o Black Keys!

Nota final: 8/10

3 comentários sobre “Review: The Black Keys – Dropout Boogie

  1. Puta álbum delicioso! Mas sugiro ouvir novamente o resto da discografia da banda, sem exceção. Não são álbuns para ouvir nem uma nem duas vezes. São pra ouvir pelo resto da vida, assim como os projetos paralelos, principalmente do Dan. Com isso, você ainda descobrirá dezenas de outros artistas sensacionais. Realmente é uma sorte ter tanto tá lendo unido.

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