Review: Rocketman

Por Roani Rock

O filme não é só a idealização que temos de Elton John, Rocketman faz você literalmente entrar na mente fantasiosa do músico e entender como ela funcionava para captar dentro de sua perspectiva a história, e isso é lindo!

Roani Rock

Ficha Técnica
Título: Rocketman
Direção: Dexter Fletcher
Roteiro: Lee Hall
Ano: 2019
Data de lançamento: 30 de maio (Brasil)
Duração: 121 minutos

Rocketman, que estreou na última quinta feira, é o filme dentre os que tem a temática biografia de músico a mais fora do habitual de todos. Ele não é tão linear ou realista e vai para uma veia mais fantástica e lúdica.

Quem espera ir ao cinema achando que vai ver a história de Reginald Dwight ou Elton John como nas biografias, tudo detalhado, com datas fidedignas e até as décadas com tudo bem explicadinho, vá sem essa expectativa porque não vai rolar. Rocketman é o Elton John contando sobre sua vida da sua maneira.

A mãe Sheila Eileen (Bryce Dallas Howard), a avó Ivy Sewell (Gemma Jones), Bernie Taupin (Jamie Bell) e Elton John (Taron Egerton)

Claro que tinha de ser feito no formato de um musical nos moldes clássicos, ala Broadway: Quando músicas são cantadas livremente e servem para representar as emoções dos personagens, criando uma aura muito mais épica. Esse formato foi importante principalmente para fazer a transição da fase criança para adolescente e por fim adulta, de uma maneira bem ritmada até o momento onde o pianista descobre que para fazer sucesso precisa do apoio de um letrista chamado Bernie Taupin interpretado por Jamie Bell. Ele trabalhou com Elton em cerca de 30 álbuns, desde 1967 e através do filme vemos que muito do que escreveu teve o pianista/interprete como inspiração ao exemplo de I Want Love .

Diferente de Bohemian Rhapsody que mitifica Freddie Mercury ou The Dirt que escancara o backstage do Motley Crüe (fazendo o mundo do showbis parecer excitante e perigoso), vemos em Rocketman os conflitos de ser um superastro, um homossexual e um solitário. Colocando dessa forma pode parecer que são três pessoas diferentes, mas é tudo o que era Elton John, muito bem representado pelo ator Taron Egerton.

É difícil não fazer comparações entre Rocketman e Bohemian Rhapsody. Ambos os filmes compartilham de tramas similares, estéticas parecidas e até mesmo a direção de Dexter Fletcher que assumiu o filme do Queen quando Bryan Singer foi afastado. Mas temos diferenças bem mais pontuais do que similaridades. Uma delas é o uso de uma framing narrative (uma “narrativa-moldura“, que é quando vemos alguém ou algo contando uma história e isso sendo retratado posteriormente). Elton ao ser o narrador de sua história nos dá o prazer de ver uma retratação fiel e ao mesmo tempo questionável, o que nos levaria a procurar documentários e biografias para fazer um fact checkin dos acontecimentos e descobrir quando que aconteceu. Algo que o filme do Queen pecou por querer mostrar como aconteceu sem um condutor, isso gerou certas polêmicas por não irem de acordo com a realidade em incongruências como no caso do visual de Freddie no Rock In Rio.

Não diria que se trata de um filme egocêntrico ou vitimista, mas acredito que é a perspectiva de Elton John mediante a tudo que de fato era importante para ser contado sobre sua história. Por isso os fatos se tornam mais importantes do que o quando, e isso deve ser respeitado. Entretanto, o conflito amoroso com John Reid – que viria a se tornar seu empresário por 28 anos – teve excesso na parte do desprezo do empresário com o artista o que nos leva a crer que sua relação com os familiares também podem ter sido retratadas de forma exagerada. Por conta disso o filme peca em termos de condizer com a realidade, mas me soa também como liberdade no roteiro para tornar algo ainda mais emotivo e impactante.

confira a review do filme que conta a história de Elton John.

Mas o filme não é só exageros, John Reid que foi interpretado por Richard Madden (Game Of Thrones) ter sido o responsável por toda a ruína artística e pessoal de Elton John é verdade. A ascensão e estrelato pós performance no Troubodor é verdade, já que as críticas foram extremamente positivas em LA, e uma matéria da revista Rolling Stone – a mais conceituada das que retratam sobre música – colocou o show como um dos 50 melhores de sua época.

A cena que marca a entrada de Elton John para a Royal Academy of Music, de Londres, em que ele parou de tocar no exato momento que sua futura professora havia parado quando entrou para a avaliação de nivelamento na sala, é verídica. E sua participação, na adolescência, de pequenos shows em um pub local também. Ele tinha uma banda chamada Bluesology que chegou a ser apoio do Isley Brothers. A origem do nome artístico de Dwight também é real, Elton veio de Elton Dean, o saxofonista de sua banda. E o John veio de John Lennon, que ele realmente se inspirou durante uma reunião com Ray Williams (interpretado por Charlie Rowe), por meio de uma foto dos Beatles na parede da sala. Única discordância “grave” é que Elton fez os shows no Madisson Square Garden, ele só foi entrar na rehab meses depois do fim da tour de Sleeping With the Past que começou no final dos anos 80 indo até os anos 90.

Com acertos e desacertos, exageros com o uso de drogas e muitas cenas de sexo também são importantes para que Rocketman seja o filme mais diferente de cinebiografia que você terá a oportunidade de ver, aproveite!

Nota Final: 10/10

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