por Roani Rock

As cinebiografias de astros do Rock devem entrar cada vez mais na moda pós o sucesso estrondoso de Bohemian Rhapsody. O filme que conta a história do Queen focando em Freddie Mercury, faturou cerca de quatro Oscars e dois Globos de Ouro. Os estúdios cinematográficos ficaram ligados e já começaram a escolher as histórias certas para serem abordadas para interessar público e trazer um bom faturamento.
Um dos filmes que tem recebido burburinhos é o Rocketman que vai tratar do pianista Elton John, previsto para chegar aos cinemas no dia 31 de Maio. Mas o serviço de streaming mais querido dos últimos anos, a Netflix, foi bem ousada a lançar neste dia 22 de Março a cinebiografia do Mötley Crüe.
Após Roma, que apesar de ter faturado só três entre dez indicações ao Oscar, a Netflix resolveu assumir de vez seu papel de estúdio cinematográfico focando cada vez mais em produzir filmes com uma qualidade acima da média e tratar de histórias que impactem. E não existe uma cinebiografia melhor do que a do Mötley Crüe para impactar.
O Crüe pode não ter sido a banda mais importante do hard Rock, a que tenha vendido mais, que tenha feito um gênero perdurar anos e até pode não ter ficado décadas como headline de festivais, tipo de coisa que aconteceu com seus rivais/amigos do Guns N’ Roses. Mas as histórias que cercam a banda chamam a atenção de qualquer pessoa que já ouviu algo sobre ou que tenha lido ou visto em documentários. Não é a toa que a chamada do filme traz as definições “a ascensão meteórica e tombos homéricos”. Qualquer um que escutar sobre os behind the Music deles pode pensar com tranquilidade: “hm, isso daria uma boa cena de filme.”
O Crüe é uma das bandas que mais seguiu a risca o jargão “sexo, drogas e Rock ‘and’ Roll“. Essa banda de Los Angeles que perambulava nas noites da Sunset Strip teve através da visão do diretor Jeff Tremaine (Jackass: O filme) e roteiro de
Rich Wilkes baseado na biografia“The Dirt: Confessions of the world’s most notorious rock band” sua história contada da maneira mais realista que o cinema permite. Para ser mais fidedigno teria que voltar no tempo e usar todas as técnicas de filmagem usadas no filme em tempo real com os verdadeiros músicos executando as loucuras e o filme seria mais como um diário de turnês ou um documentário com cenas de arquivo.

Não é exagero, o filme que é estrelado pelo rapper Machine Gun Kelly, Iwan Rheon (aka Ramsay Bolton em Game of Thrones), Daniel Webber (The Punisher), e Douglas Booth ( Pride & Prejudice & Zombies), consegue passar a impressão de que são os membros da banda ali, eles realmente encarnaram na pele de Tommy Lee, Mick Mars, Vince Neil e Nikki Sixxhonraram as calças coladas, laquê no cabelo e a maquiagem do hair metal. Assim como ocorreu no filme modelo para as próximas cinebiografias, Bohemain Rhapsody, a ambientação em The Dirt e os figurinos ficaram extremamente verídicos.
Falando um pouco sobre cenas, o primeiro ensaio com a banda já formada é divertida, vitamínica e potente. As cenas de show para representar a evolução da banda e a forma como fazem passar o tempo também é algo digno de aplausos, você não se perde. Por sinal, o filme em sua 1h 48min é bem dinâmico, mas não ache que por conta disso é corrido. Os fatos são contados minuciosamente com a preocupação de trazer tudo de maneira escancarada. Então tem excesso do uso de drogas, a cena do acidente automobilístico do vocalista Vince Neil, o casamento de Tommy Lee, cenas de ensaio. A forma como conheceram o empresário Doc McGhee interpretado por David Constable (Gale on Breaking Bad) – por sinal, fazendo um show a parte de atuação.
O filme é bem pesado, diferente de outros do gênero, até mesmo do Bohemian, cenas obscuras e que não pegam leve são constantes, como é de praxe da Netflix. É incrível também as cenas em que Douglas Booth e Machine Gun fazem reflexões de atitudes tomadas mostrando as situações quase que em primeira pessoa para você sensibilizar e ficar emocionalmente ligado a Nikki Sixx e Tommy Lee, respectivamente.
Certamente o maior destaque do filme é a cena em que aparece o Ozzy Osbourne interpretado por Tony Cavalero. Para quem já dirigiu cenas de filmes do Jackass, deve ter sido tranquilo para o diretor Jeff Tremaine incentivar Tony e os outros atores a cometerem as loucuras que o Crüe e Ozzy reais garantem ter feito.
Por fim e não menos importante, o filme traz o sentimento de querer ter uma banda, traz a síntese do rock, o que sempre foi a motivação de um jovem querer estar num grupo de músicos e o porque é perigoso querer estar em um. Não perca tempo, coloque na Netflix e saúda o Mötley Crüe e sua rica história.
Nota final: 9/10
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