Review: Do Culto Ao Coma – Imago

Por Roani Rock

Do Culto ao Coma é uma banda virtuose que tem um som preenchido e recheado de bons arranjos. Imago é um bom álbum de progressivo com inspirações claras do Pink Floyd ao Jazz e com choradas de música clássica ao moderno som dos efeitos eletrônicos, uma metamorfose sonora. Uma grata surpresa, é bom estar preparado para entrar nesta onda lisérgica.

Roani Rock

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Gravadora: Independente
Data de lançamento: 22/01/2021

Gênero: Rock Alternativo/Progressivo
País: Brasil

Do Culto Ao Coma é uma banda de rock alternativo independente que mistura tendências do rock moderno e progressivo. Formado em 2014, o grupo atualmente é composto por Leandro TG Mendes (guitarra), Guilherme Costa (baixo e teclado), Leonardo Nascimento (bateria e teclado) e Thiago Holzmann (voz e teclado). Eles chegam neste 2021 caótico com muita revolta no seu mais recente trabalho, o segundo álbum intitulado Imago.

O primeiro álbum Destinorama de 2015 já demonstrava a profundidade a qual a banda queria explorar abordando ao longo de dez faixas divagações existenciais de um protagonista durante
suas sessões de psicanálise. Já Imago, produzido pela própria banda e por Filipe Coelho, do Coelhos Studio (São Bernardo do Campo), não parece ter um tema e sim um mix de referências e inspirações, tanto melódicas quanto pelas letras.

O primeiro single que é justamente a música que abre o disco, A Euforia Entre Nós é uma real estrutura de boas escolhas, a começar pela letra e até um efeito de orquestra colocado no início do som, uma faixa bem moderna com arranjos de guitarras certeiros e influentes. Antes que o Tédio Vença já é a música mais alternativa e distorcida do álbum, tem o teor pop com a parte “quero sentir o estrago” e uns bons riffs e solos de TG na pressão. Já Imagogia é a faixa progressiva, certamente a música que explora melhor a qualidade instrumental e vocal dos músicos, com destaque para a batera de Leonardo.

Tempos de Dor é um hard rock e Desrazão é uma balada que usa bastante elementos e efeitos eletrônicos, potencializando os contrastes de influências da banda, a conversa do novo com o que tem de melhor do antigo. O Céu Sombrio é a música mais arrastada do álbum que até tem seus momentos, mas parece um som pra compor o disco apenas. Em seguida vem o acerto Apesar de Calado que tem uma linha de baixo contagiante que almejamos que não pare, rondando os ouvidos como um mantra até que a música se transforma em uma estrutura mais pesada com os outros instrumentos vindo mais forte a tona. O nome da faixa é bem apropriado, porque apesar de estar sem uma palavra se quer sendo cantada, os instrumentos falam bastante e transmitem a mensagem.

O Afeto de Schrödinger vem de encontro a premissa do primeiro trabalho da banda que explorava questões mais profundas como a psicanalise. O nome da faixa é tirado da experiência mental nomeada de Gato de Schrödinger, frequentemente descrita como um paradoxo, desenvolvida pelo físico austríaco Erwin Schrödinger, em 1935. A experiência procura ilustrar a interpretação de Copenhague da mecânica quântica, imaginando-a aplicada a objetos do dia-a-dia. No exemplo, há um gato colocado em uma caixa, de forma a não estar apenas vivo ou apenas morto, mas sim vivo e morto. A faixa fala muito sobre essas questões do desencontro, a dificuldade de uma definição de ação simplesmente por conta do eu lírico ser ambas.

Isocrônico é uma faixa cansativa e com muita presença eletrônica, sorte que Eterno Retorno, uma faixa com uma intro bem porrada chega para dar levantada no ânimo. Quando ela começa em uma onda mais leve, prog e com belos vocais, é nítido que algo especial está ressoando nos ouvidos. De uma forma geral, o álbum é o que era necessário ter no som do rock brasileiro atual: som bem produzido, com equilíbrio nos volumes, claramente sem super produção, com ar de “feito por gente grande“. Nota-se um cuidado na gravação e merece aplausos.

Nota final: 9/10

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