Review: Echo In The Canyon: Uma Celebração a Música

Existem muitos filmes explorando a importância das gravadoras para os artistas, alguns sobre cidades e como bandas definiram o som dessa cidade, como no caso de Seattle, mas o Echo In The Canyon abriu um novo precedente onde uma certa rua, uma área na Hollywood Hills em Los Angeles, Califórnia definiu o ponto de encontro e de moradia de alguns dos principais nomes da música popular americana dos anos 60, bem como os meandros para o Folk Rock e o álbum Pet Sounds nascerem. Esse documentário é muito necessário!

Roani Rock

Direção: Jakob Dylan
Data de Lançamento: 20/09/2018
Aonde assistir?: Netflix


“Estão prontos para os anos 60?” Com essas palavras Jakob Dylan inicia um show no Orpheum Theatre em Los Angeles, mas poderia ser uma chamada aviso para aqueles que não sabem o que esperar de um documentário que tem a missão emocionante de relembra um dos lugares mais importantes da história do rock nos Estados Unidos, Laurel Canyon, o caldeirão criativo de jovens músicos inovadores da Hollywood de 1960. Jackson Browne bem no começo do longa, des-romantiza um pouco justificando que o local foi escolhido por ficar perto das principais gravadoras de LA e que era o único lugar onde podia se morar “por ser a antítese do mundo de plástico e certinho que se via na televisão.” Todavia, essa fala tem poder e dá o ponta pé inicial de uma forma menos impactante que a ida de Jakob e o saudoso Tom Petty a uma loja de guitarras olharem uma Rickenbacker da época, mas tem uma carga que faz você pensar, “opa, temos algo diferente aqui!”.

Jakob Dylan é o elaborador responsável pelo projeto que funciona como um resgate não só da história mas também do som feito naquela época com músicas compostas em Laurel Canyon, que não se restringe apenas ao folk rock, mas toda uma cena de compositores diferenciados de frentes diferentes que conseguiram a popularidade e por acaso moravam por lá. The Byrds, Mamas & The Pappas, Brian Wilson dos Beach Boys e o Buffalo Springfield são os mais festejados pelo documentário, e através dos componentes das bandas conhecemos histórias que nos deixam interessados em entender não só a formação, mas bem como eles entendiam a música e o carinho pelo lugar, além de ter essa ação de um músico frequentar a casa do outro para que “trocassem figurinhas” para inspirar canções. Como se já não bastasse tudo isso, ainda tem a matada da xarada do porque Jakob e Andrew Slater (ex presidente da Capitol Records) resolveram se unir a um super time composto por Beck, Cat Powell, Eric Claton, Fiona Apple, Neil Young, Norah Jones, Regina Spektor, entre outros, para gravar um disco totalmente dedicado as obras dos artistas de Laurel Canyon.

Para começar, para quem não sabe, Jakob é filho de Bob Dylan que foi uma das principais fontes de inspiração – se não tiver sido a maior delas – para que acontecesse essa explosão de artistas que regravaram suas músicas. Jakob cresceu ouvindo essa rapaziada dos sixties e nos anos 90 teve sua própria banda a Wallflowers, que provavelmente depois de ver esse filme as pessoas darão um maior valor, já que o som que ele produz ainda hoje com a banda e em sua carreira solo é entrelaçado ao que foi feito pelos músicos de Laurel Canyon. O de seus convidados também tem um pézinho ali, em alguns casos mais sutil como Fiona Apple, mas em outros como o de Beck bem escrachados, principalmente no seu disco Sea Change de 2002 e no aclamado Morning Phase de 2014. Mas uma das coisas que surpreende no filme é saber que o fator que trouxe o estalo para iniciar o projeto foi o filme O Segredo Íntimo de Lola, um longa-metragem de 1969, época em que essas bandas estavam estouradas.

Os Byrds surgiram na mesma época da “Invasão Britânica” iniciada pelos Beatles, eles se impressionaram com a possibilidade criada pelos 4 rapazes de liverpool através de I Wanna Hold Your Hand, tocando a levada folk em guitarras elétricas num ritmo rock e isso passar a ser popular. Esse “blow your mind” fez com que Roger McGuinn visse a possibilidade de unir dois mundos com os artistas mais populares da época – Dylan e a banda de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr – na mesma sonoridade em versões como a de Mr. Tamborine (que dá nome ao primeiro álbum da banda) e composições originais que destacam o característico som de sua Rickenbacker, os vocais de David Crosby, o talento na confecção das canções por parte de Gene Clark, Chris Hillman no baixo e o batera Michael Clarke. Crosby foi um dos primeiros a morar no Canyon e é um dos entrevistados assim como McGguinn.

The Mamas & The Pappas são conhecidos como os melhores anfitriões e o documentário explora a relação do casal Michelle e John Phillips com Cass Eliot, Denny Doherty de maneira muito interessante mostrando a influência que geraram não só musical mas também de administração de uma banda com casais. Já os casos do Buffalo Springfield do guitarrista Stephen Stills e dos Beach Boys através de Brian Wilson, foi mostrar histórias deles enquanto moradores do Canyon e processos criativos, além da interação com os músicos britânicos que tinham muito apreço por essa rapaziada americana.

No fim das contas, o documentário traz histórias sensacionais, muita música e a possibilidade de se emocionar com imagens de arquivo que não se veem com facilidade por aí, além de ver a expressão dos entrevistados ouvindo as releituras que Jakob e sua turma fizeram para esse projeto mais do que especial. Isso sem contar poder ver o Tom Petty novamente, realmente é um cara que faz falta. Deixarei abaixo a trilha sonora, mas recomendo assistirem o filme no seu streaming porque o impacto é gigante.

4 comentários sobre “Review: Echo In The Canyon: Uma Celebração a Música

  1. Um bom documentário para se assistir e para reconhecimento a bandas tao importantes na historia da musica do século 20 , como The Byrds.
    Um reparo, no texto, fica a impressão de que Brian Wilson ( Beach Boys) também pertencia ao Buffalo Springfield ( na verdade era Neil Young, que foi convidado por Stills, sair da banda e se juntar ao Crosby, Stills & Nash) e formou o CSNY ( com David Crosby do Byrds e Graham Nash do The Hollies).
    Estes dois últimos + Stills se conheceram na casa de Joni Mitchell em Laurel Canyon ( a grande injustiçada no documentário), de onde surgiu a canção Our House (Graham Nash que vivia com Joni na ocasião) . Parabens pela crítica ! Abs
    Júlio Appel

    1. Obrigado pelo Feedback. Sim, acredito que não falaram com a Joni ou sobre ela porque ela é meio brigada com boa parte das pessoas que aparecem no doc e por ela ser reclusa também.
      Penso que ao menos Big Yellow Taxi deveria estar na trilha e tocar em algum momento.

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