review: Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina

Sai da sessão, a última do filme nos cinemas, com a sensação de que poderia ter ficado por muitas mais horas escutando as histórias e os meandros que essa “gurizada” se inspirou para compor uma das maiores obras primas da música brasileira. Impressiona não só a variedade de estilos musicais, mas também as temáticas de cada

Direção: Ana Rieper
Data de Lançamento: 04/04/2024
Aonde assistir?: Acabou de sair dos cinemas, qualquer novidade atualizaremos


Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina é um documentário dirigido por Ana Rieper que trata sobre o grupo de artistas responsáveis pela criação dos álbuns Clube da Esquina 1 e 2, considerado por críticos como umas das melhores obras de todos os tempos e que recentemente foi eleito o melhor álbum brasileiro já lançado pela lista de 500 álbuns da música brasileira feita pelo Discoteca Básica do ex diretor e crítico musical da revista Bizz Ricardo Alexandre.

O longa mostra o processo criativo dos músicos: Lô Borges – na época com 16 anos – Nivaldo Ornelas, Toninho Horta, Beto Guedes, Robertinho Silva e Wagner Tiso. Mergulhando na musicalidade e processo criativo desses artistas excepcionais, incluindo lugares, pessoas e outras referências que influenciaram a criação das canções. O filme capta momentos descontraídos do clube reunido, da família Borges tocando e trechos de entrevistas com o Milton. Fora eles explicando o que fizeram em cada faixa, como o Beto Gudes gravando em uma música o baixo e na oura uma guitarra, já que eles pegavam o estúdio para o dia inteiro e como era muita gente participando, haviam “turnos”.

O mais legal da história é ver que ali não existia o ego e que todos queriam colaborar. As histórias contadas por Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Wagner Tiso, Toninho Horta, Ronaldo Bastos, Flavio Venturini, Marcio Borges, Murilo Antunes, Tavinho Moura, Nivaldo Ornellas, Robertinho Silva, Novelli, Nelson Ângelo, Luiz Alves, Duca Leal, Telo Borges, Marilton Borges, Paulinho Saturnino, Beto Lopes, Paulo Vilara reforçam o companheirismo e como foi importante ser naquela situação dos anos 70, com a vivência mediante a ditadura, os movimentos estudantis, o simplismo, os meios de locomoção e ter sido feito em Minas Gerais. Tais ideais influenciaram nos arranjos e nas letra pra uma músicas que só tinham o instrumental definido. A diretora Ana Rieper expressou sua empolgação em transformar a rica história musical do Clube da Esquina em uma narrativa audiovisual em um pronunciamento pra imprensa na época em que o filme estava rondando por festivais e meio que realmente sintetiza o filme.

Este poderia ser um filme sobre política, sobre amizade, sobre juventude, sobre a vida de músico, sobre poesia, sobre o Brasil. Todos temas transversais de toda essa obra. E todos temas que estão no filme. Mas, desde o início, entendemos que esse deveria ser um filme sobre música. O documentário mergulha no processo de criação artística, as influências, as casualidades algumas vezes pueris que levaram a um resultado mágico, as formas de relação com cada instrumento, as descobertas de caminhos para arranjos e da poética das letras tão inspiradas e originais. Em torno desses elementos o filme se desenvolve, sem abrir mão de contar a história do encontro desse grupo de artistas jovens, idealistas, descontraídos e geniais.

Ana Rieper

Sinceramente, só duas coisas que me incomodaram nisso tudo. Acho que o doc foi construído de uma forma que não fica clara a time line, talvez com outras audições eu capte melhor, mas nesta única vez visto, senti falta de indicação de que ano aconteceu a entrada da galera e o ano que o álbum começou a ser produzido. Parece que entre o primeiro encontro de Lô Borges e Milton Nascimento na escada do prédio (com Lô tendo 10 anos) e a gravação do disco (com Lô já tendo 16 anos) ocorreram num espaço de tempo menor do que realmente foi. Por exemplo, em um trecho de uma entrevista de Milton, ele fala de um episódio onde estavam juntos e o cantor pediu uma batida de limão e o Lô também, Milton disse que “só tinha percebido que o amigo tinha crescido ali”, mas não temos a contemplação da passagem dos anos, ele não é tão linear. O outro ponto é que o filme é curto, deveria durar no mínimo umas três horas para destrinchar direito o álbum.

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