Bem vindo à mais uma categoria de conteúdo disponibilizado pela The Rock Life pra você, amante da boa música, mais precisamente do rock e metal.
Teremos uma vez na semana indicação de bandas, digamos, desconhecidas no grande cenário e pouco mencionadas nacionalmente. A ideia é apenas espalhar o som de bandas diferentes, “novas” e que não tiveram espaço aqui. Tentaremos focar naquelas que tiveram álbuns que não foram resenhados ainda. Do rock clássico ao metal extremo, aqui vale de tudo. Traremos uma breve explicação da banda e álbuns essenciais da discografia, sem muito aprofundamento, o conceito do “Banda da Semana” é apenas disponibilizar novos nomes a vocês. Aproveitem porque hoje traremos exclusivamente um medalhão aparentemente esquecido, mas que sempre é lembrado, numa edição especial.
QUEM É?
Esse “banda da semana edição especial”, vai ter um papel importante, porque muitos conhecem o Tom Petty, alguns por ser o cara que compôs Free Fallin‘. Mas por incrível que pareça, desde sua morte até o dia de hoje, ele parece estar naquele pedestal brasileiro do “nunca ouvi falar”. Devido a recente performance de Eddie Vedder do Pearl Jam com o rapper Post Mallone tocando um de seus hits, me senti obrigado a apresentar a todos quem é o saudoso compositor loiro e relembrar sua importância para a música, principalmente ao rock americano das décadas de 70, 80 e 90 especificamente.
O músico apareceu pela primeira vez em 76 junto com sua banda Tom Petty and The Heartbreakers no lançamento do álbum autointitulado que trazia a música “American Girl” que gerou um burburinho, nada significativo, mas só com o Damn The Torpedos o grupo subiu o patamar, conquistando a grã Bretanha e a américa.
Na época estava surgindo o new wave e o punk estava começando a ficar careta. Junto a isso, o Fleetwood Mac reformulado e uma infinidade de artistas um tanto nacionalistas faziam o AOR (Álbum-Oriented Radio) protagonizado em sua maioria por americanos. Estilo que estava dominando o modo e fazer música, todavia, Petty que possuía um aspecto mais classudo, revitalizava o que produziu os Byrds nos anos 60, mesclando sua admiração pelo folk rock a esse aspecto moderno dos anos 80, criando músicas que tinham uma história e ao mesmo tempo uma veia sensual que remetia a motel.
Tal sonoridade única o fez ser notado pelos graúdos. Lançou músicas de sucesso com Stevie Nicks e no fim dos anos 80, fundou com Bob Dylan, Goerge Harrison, Jeff Lynne e Roy Orbison o supergrupo Traveling Wilburys, que lançou a atemporal “Handle With Care“.
Então sua fama ficou mais do que consolidada, na década de 90 ele ficou marcado como um dos mais relevantes artistas a serem acompanhados, com shows lotados e lançando hit atrás de hit, com uma veia maios pop rock e bem mais folk do que no início de sua carreira, bem inspirado pelo amigo Bob Dylan do qual fez banda de abertura em algumas turnês.
Em 2002 Tom Petty and the Heartbreakers entrou para Rock and Roll Hall of Fame. No ano de 2007 fez a tour em que comemorava 40 anos de carreira tocando um setlist dos sonhos junto a seus camaradas do Heartbreakers e Stevie Nicks.
Depois entrou em certo hiato até que reapareceu em 2014 para uma série de shows devido ao lançamento do disco Hypnotic Eye. Todavia, em 2 de outubro de 2017 foi encontrado desmaiado em sua casa sem batimento cardíaco. Segundo a autópsia, ele teve uma overdose por uso descontrolado de medicamentos e morreu.
Mas para você ver como são as coisas, em dezembro de 2023, a canção “Love Is A Long Road” foi utilizada no primeiro trailer do jogo recordista GTA 6 (Grand Theft Auto VI). A canção registou um aumento de 8 000% nos streams após o lançamento do trailer do GTA 6.
POR QUE VOCÊ DEVE ESCUTAR?
Tom Petty pode ser classificado como formidável, é isso que define seu som. Ele é um cara que soube compor canções marcantes, não só por refrões, mas também por riffs. É certo que tirou muita coisa do Byrds e do Bob Dylan. Mas a forma como faz é diferente, a maneira que ele e sua banda interpretam as músicas é tão selvagem e ao mesmo tempo elegante.
As baladas são realmente de partir os corações o que tem de blues e músicas mais rápidas, certamente foram determinantes para abrir caminho para Bruce Springsteen nos anos 80, os Wallflowers nos anos 90 e arrisco dizer que fez o grunge ter um pouco mais de cor nos anos 90 ao lado de Neil Young. Mais recente, fez o Killers aprender a falar de amor de forma falada – Brandon Flowers certamente curte os Heartbreakers.
Reservo a vocês o direito de escutar três músicas que quando escutei pela primeira vez do mestre me fez sentir bem, me incentivou a compor e ao mesmo tempo me fizeram admirar o cara que não se reservava apenas a Free Fallin’ – que para os desavisados, deve ser uma música do John Mayer.
Here Comes My Girl poderosa balada com a sonoridade oitentista do álbum Damn The Torpedos
I Won’t Back Down do inigualável Full Moon Fever
Mary Jane’s Last Dance a poderosa música do Greatest Hits
QUAL ÁLBUM VOCÊ DEVE ESCUTAR?
Sua discografia é extensa e temos verdadeiras obras de arte com o fino das boas composições. Para navegadores de primeira viagem, oriento ouvir o Greatest Hits de 1993, tem o que há de melhor dele por lá. Mas se você, assim como eu, gosta de um disco e tudo que envolve seu conceito, Damn The Torpedos de 1979, o basicamente acústico Wildflowers de 1994 e obviamente Full Moon Fever de 1989 são as melhores pedidas. Neste último citado, Tom realmente quis trazer a tona o disco de sua vida, tem uma mixagem maravilhosa e Petty está no auge de sua forma, destaque para as insistentemente citadas na matéria, “Free Fallin’“, “I Won’t Back Down” e “Love Is A Long Road“, mas não deixe de ouvir a versão de “Feel A Whole Lot Better” e a intimista balada “A Face In The Crowd“.
Já o primeiro é bem divertido, bom para colocar pra tocar se estiver fazendo uma viagem longa, tem que ser para momentos em que você quer ficar feliz e esquecer dos problemas. Soa bem adolescente, afinal de contas a banda tinha uma média de 20 e poucos quando este saiu. Inofensivo frente aos discos de sua época, muito melhor que muita coisa que veio dos anos 80, mas ainda assim, bem comercial. Destaco “Refugee“, a já citada “Here Comes My Girl“, “Shadow Of A Doubt (A Complex Kid)” e “Don’t Do Me Like That“.
Wildflowers traz a faixa título,”You Don’t Know How It Feels“, as poderosas “You Wreck Me” e “Honey Bee” e ainda tem a diferente “Crawaling Back To You” (isso mesmo, essa frase não veio do Arctic Monkeys). Esse pra mim é “O” álbum da discografia, apesar de não ter tantos grandes momentos, sua composição é bem formada e bem fluída, muito mais preparado e de bagagem cheia, aqui vemos o “adulto Petty” colocando tudo que aprendeu em prática.
Só para deixar registrado, tenho um carinho especial pelo disco Into The Greave Wild Open de 1991, por conta da faixa título, não poderia deixar esse de fora, mas foquem nos três citados anteriormente.