Review: Extreme – Six

Six é o ressurgimento do Extreme após 15 anos sem material novo. Um álbum que vai do brutal ao divertido num estalar de dedos, mas que inegavelmente vai direto ao ponto! Nuno Bettencourt está simplesmente incendiário nas guitarras e o vocalista Gary Cherone tomou um formal na voz, não há sinais de envelhecimento. Temos três baladas que fazem levar-se a mão no peito a sentir o coração e a trindade de singles dos singles hard rocker, cheios de agressividade e de tirar o fôlego com o teor oitentista, que me fazem crer que temos aqui um dos melhores álbuns de 2023.

Roani Rock

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Gravadora: Label Of Edel Music & Entertainment GmbH
Data de lançamento: 07/06/2023

Gênero: Hard Rock
País: EUA


A melhor definição sobre as composições do Extreme foi dada pelo vocalista Gary Cherone ao Guitar World ao divulgar Six: “Com o Extreme, há sempre muita paixão e um pouco de mijo e vinagre”. Ele falou isso num tom de brincadeira, mas a banda que é mais lembrada por conta da balada More Than Words de 1990 inclusa no tão marcante Pornograffitti (1990), e arrisco a dizer, sendo erradamente conhecida como One-hit wonder, realmente tem esse misto de agressão/diversão com baladas melosas de paixões fulminantes e refrões pegajosos em seus discos. 

Poderia simplificar tudo que escutei em Six através dessa interpretação do próprio vocalista da banda que eu expandi, mas há muitas coisas profundas aqui para destrinchar nos parágrafos adiante. Principalmente no fato de que a banda tomou realmente uma postura de protagonistas voltando às origens do som que os consagrou numa forma de tributo a Eddie Van Halen, morto em 2020.

Na mesma entrevista de Cherone ao site da revista Guitar World, o respeitado e talentoso guitarrista Nuno Bettencourt, que atualmente toca com a cantora pop Rihanna, falando especificamente sobre a música Rise (que é um dos destaques de Six), assumiu a responsabilidade de dar continuidade ao legado deixado pelo genial guitar hero do Van Halen.

Quando Eddie morreu, isso realmente me atingiu. Eu não vou ser o único a assumir o trono, mas senti certa responsabilidade de manter a guitarra tocando. Então, você ouvirá muito fogo no disco.

Nuno Bettencourt ao Guitar World, 2023

Li essa entrevista antes de escrever a resenha, e com essa fala, fica evidente o quanto a morte de Eddie Van Halen foi algo muito impactante. Não tinha parado pra pensar, mas não só para o universo dos consagrados do rock, mas como para muitos que não tem nada a ver com seu som, o efeito foi imediato para se pegar em guitarras e trazer um pouco mais do que o Van Halen nos ensinou.

Como bem visto em resenhas anteriores, o McFly e o Weezer se inspiraram no que o Eddie VH desenvolveu em termos de técnica de guitarra para lançarem discos, várias músicas contém todas as firulas possíveis e até saíram legais, o Wolfgang lançou seu próprio disco contendo muito do que aprendeu com seu pai e foi grandioso, mas ninguém melhor que o Nuno Bettencour e seu Extreme, que começaram na época em que o Van Halen já era revolucionário e protagonista, para reproduzir com precisão a sonoridade deste hard rock específico da segunda metade dos anos 80. Ainda mais tendo tido o vocalista Cherone assumindo os vocais da banda inspiradora por um breve tempo, onde gravou o álbum Van Halen III de 1998 – Vamos lá, eles tem lugar de fala.

Músicas com guitarras e solos realmente já não fazem mais parte do mainstream. No mundo ticktocker, não há espaço para solos e instrumentos em vídeos curtos com menos de 20 segundos. A transformação dos anseios da juventude definham as guitarras, torna até mesmo as bandas dos anos 2000 em “jurássicas”, mas ao mesmo tempo torna o desafio válido. Principalmente para o caso de Nuno que se aventurou no pop e tocou com uma das artistas de maior importância da atualidade, sendo um dos destaques da banda dessa musa. Em Six o que ele faz na trindade inicial dos disco é realmente incendiário, e apesar de ser o seu normal, não dá pra se acostumar com sua genialidade.

Sobre essa trindade, o sinlge Rise deixou muita gente com tesão, sim, não em como definir de outra forma o sentimento causado pela faixa principalmente pelo solo de Nuno e ela abre os trabalhos. ela traz tudo de glorioso que o hard rock oferece. Em seguida vem a nervosa #Rebel que é um rock moderno através de sua letra é bem violento com um excelente vocal pra frente e destaque para o baixista Pat Badger e o baterista Kevin Figueiredo. Já a faixa Banshee é a confirmação que teríamos aquele som nostálgico tanto nos riffs tanto no refrão, quanto em backing vocals. A festa só está começando e já vêm de imediato essas três pedradas deliciosas.

Há ao menos 5 baladas no álbum e todas tem algo a dizer. Other Side Of The Rainbow, que também foi um single do álbum, é o tipo de música que ao se escutar a introdução já se sabe que é um clássico. Talvez uma das melhores músicas que eles já compuseram com folga, certamente entra no meu top cinco dos caras. Small Town Beautiful é uma apelação, mostra o quanto a voz de Cherone ainda segue impecável e é uma verdadeira graça, nem parece que o mesmo cara de voz suave e doce em muitos momentos do álbum está urrando em variações de graves e agudos em imponentes drives. A outra balada que possui tal grandiosidade é Hurricane, que já pertence a segunda parte do disco e traz a divisão vocal de Cherone e Bettencourt numa melodia ala Paul Simon

Há também músicas muito enraizadas na sonoridade do rock industrial que estão na segunda metade do álbum. Thicker Than Blood, Save Me e X Out surpreendem pelas suas melodias bem pantanosas que geram em vários momentos esse ar de inquietude, mistério e podridão junto ao som dos sintetizadores que conduzem as melodias que são marca registradas deste subgênero. Save Me é a melhor delas, indo mais na direção do hard rock, mas com sutis inclinações ao stoner também.

O álbum tem duas músicas que ficaram desconexas a pegada do álbum até esse ponto, a balada Beautiful Girls parece uma piada, é bem aquelas power ballads oitentistas, mas com uma batera eletrônica, totalmente dispensável do disco, muito solar para um álbum que nem quer isso. Por conta disso, o papel de Here’s To The Losers falha, mas só por ser a faixa que fecha o disco. Apesar dela trazer aquela capacidade de refrão e final épico, principalmente por conta do efeito de galera cantando junto colocado no fim, o álbum pedia algo com mais carisma ainda.

Nota final: 8/10

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