Review: Mudhoney – Plastic Eternity

Absurdo e grotesco, essas são duas palavras que podem categorizar esse novo álbum. Apesar de achar que o grunge e seu peso não envelheceram tão bem assim, Plastic Eternity soa necessário apesar de sua sonoridade manjada. De toda forma, ainda bem que o Mudhoney está de volta!

Roani Rock

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Gravadora: Sub Pop
Data de lançamento: 07/04/2023

Gênero: Grunge
País: EUA


Aqui está mais uma oportunidade para prestigiar uma das primeiras grandes bandas de Seattle arregaçando as mangas com um trampo mais limpo e psicodélico dentre tudo de sua discografia que já contempla onze álbuns. A marca distorcida é mantida nesse disco lançado pelo selo da Sub Pop, que foi a gravadora percussora do que ficou conhecido como grunge, mas há uma evolução perceptível nos ritmos e na estrutura geral dos sons, o que é muito intrigante.

Plastic Eternity sucede  Digital Garbage de 2018 e foi produzido pelo colaborador do grupo grunge, Johnny Sangster. O trabalho realmente faz uma ode ao passado, trazendo tudo que se espera sonoramente da banda que continua com sua formação principal composta por Mark Arm (vocal), Steve Turner (guitarra), Guy Maddison (baixista) e Dan Peters (baterista). Gravado em apenas 9 dias, essa foi a primeira vez, segundo o vocalista, que fizeram um trabalho com tranquilidade para rolar uma espécie de “correção de curso” – para usar um clichê terrível.

Sonoramente temos algo sujo, mas que trazem os coroas mais na linha do Stooges e galera do proto punk, com um som pra cima e mais melodioso, como na divertida Little Dog, um dos singles, que não precisa de muito a dizer apenas passar a mensagem de que os “cachorros pequenos são os melhores” em uma harmonia contagiante e meio mantra. O som nostálgico parece desgastado, mas o álbum é muito reativo com tópicos como aquecimento global, divisão social e coisas que ficam mais idiotas a cada dia sendo temas subjacentes.

De Souvenir Of My Trip até Cascades Of Crap, há uma constância melódica que é bem suja mas agradável, flertando com algumas coisas mais rock do que hard. Em seguida vem a dura e crítica Flush The Fascists que soa meio robótica e cheia de efeitos. Na sequência a poderosa Move Under, um proto punk animador.

É muito bom ver a construção dessas músicas, o quanto elas vão crescendo durante a execução andando por diferentes frentes, a faixa Severed Dreams in the Sleeper Cells por exemplo traz um pouco da psicodelia setentista, com a letra mais falada e o refrão proclamado, é uma das mais diferentes do álbum e diria que até destoa um pouco. Enquanto as músicas que fazem o início do álbum terem um pouco de manguebeat em sua parte percussiva, vem uma sequência de faixas mais rápidas com destaque para Here Comes The Flood e a irônica Tom Herman Hermits que dão um groovy e a faixa mais grunge do álbum fica por conta da acústica One Or Two.

Pra mim as músicas mais interessantes são a já citada Little Dog que possui um ritmo capaz de realmente te deixar em transe e a similaridade com a banda de Iggy Pop. A faixa Almost Everything, outro single do álbum, que vai mais na onda fuzz com um andamento que vai do macabro ao bom stoner, me fez balançar também. Em suma, a pouco do que não gostar aqui, acredito que será um dos destaques do ano pelo seu som que está em demasiado absurdo e grotesco, até mesmo para os padrões do Mudhoney.

Nota Final – 8/10

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