Bem vindos a mais um revisando clássicos, aqui analisamos discos atemporais que, de alguma forma, marcaram a história da música de maneira revolucionária. Traremos uma introdução ao álbum contando fatos que o fizeram importante para a carreira da banda, um faixa-a-faixa e por fim, citações das principais mídias especializadas em reviews. Hoje vamos falar do tanto maníaco quanto esquizoide álbum Toxicity da banda que mais transcendeu mentes nos anos 2000, o System Of Down!

INTRODUÇÃO AO ÁLBUM
Os anos 2000 foi iniciado com um grande número de bandas que trouxeram uma evolução pro metal nos anos 90, um novo direcionamento com mistura de elementos que modernizaram o estilo e o fizeram palpável para os jovens poderem extravasar tanto suas angústias quando o seu dia-a-dia. Dessa leva, representando o que ficou conhecido como Nu Metal, surgiu o avassalador Linkin Park, os politizados Rage Agains The Machine, os debochados do Limp Bizkit e os pioneiros do Korn, que iniciaram essa revolução com êxito. Estes também foram conhecidos por misturar o rap com o metal e isso os qualificarem pra mais essa denominação, de rap metal.
O trash popularizado no final dos anos 80 pelo Big four que contempla o Metallica, Slayer, Anthrax e Megadeth, continuava presente, constante e em expansão. Em termos de relevância e crescimento no gosto popular só dava eles, ainda fazendo frente ao hard rock e ao grunge nos anos 90 o surgimento de bandas como o Testament e os brasileiros do Sepultura pois isso a prova e prevaleceu. Ainda na onda da mistura do rap com o metal, no fim dos anos oitenta teve ainda a presença do Faith No More que foi, assim como o Korn, bem influente e pioneira para toda uma geração posterior. Ser “metaleiro” nos anos 90 e início de 2000 era totalmente cool por ter vindo uma grande gama de álbuns impactantes como The Real Thing (1989) do Faith No More, o Black álbum (1991) do Metallica, o Evil Empire (1996) e o primeirão do Rage (1991), Three Dollar Bill, Yall$(1997) do Limp Bizkit, Issue (1999) do Korn e o último desses e mais frequentemente citado, Hybrid Theory (2000) do Linkin Park, que já dava indícios de como seria o futuro.
Nessa entressafra, Serj Tankian e Daron Malakian, formaram uma banda de garagem chamada Soil. Eles por acaso estudaram na mesma escola, mas só vieram a se conhecer mesmo em 1992. A química entre eles foi praticamente imediata, mas após um show e poucas gravações, dois integrantes meteram o pé, Dave Hakopyan (baixo) e Domingo Laranio (bateria). O motivo foi a descrença frente ao projeto e a visão de futuro dos caras. Entretanto, as saídas não abateram os dois camaradas, logo após a separação, Shavo Odadjian, até então empresário do grupo, substituiu Hakopyan no baixo, deixando sua função anterior para David Benveniste. A mudança também se valeu para o nome da banda de Soil para “System Of Down”, inspirado no poema “Victims of a Down” feito pelo baixista. Ainda naquele período o time ficou completo com Andy Khachaturian assumindo as baquetas.
Em ritmo frenético de composições, rapidamente começaram a trabalhar em demos e a banda começou a rodar na sunset strip em um período de 2 anos de guerrilha para construir seu nome em LA. No passar dos 4 anos de lapidação do som e da banda, chegaram a levar pras ruas três fitas demo com a intenção de promovê-los. A primeira demo tape contava com as canções Suitepee (tudo junto, diferente da versão final), Sugar, DAM e P.L.U.C.K.. A segunda fita tinha as canções Honey, Temper e Soil. A terceira e última trazia as faixas Know, War? e Peep–Hole (separado por hífen, diferente da versão final).
Chegado o ano de 1997, uma fatalidade levou a banda a ter que trocar de baterista, Andy Krachaturin quebrou a mão e não pode participar de um show, sendo substituído por John Dolmayan. Essa mudança é circunstancial para o que veio a seguir, já que eles tiveram sua grande chance ao chamar a atenção do super produtor Rick Rubin em um show esgotado do Viper Room para 200 pessoas em Los Angeles.
Eu ri o tempo todo, foi a coisa mais engraçada que já vi. Mas de uma forma boa. Era tão exagerado e tão extremo, e tipo… dança folclórica armênia com riffs de heavy metal e letras políticas selvagens e gritos, era uma música louca.
Rick Rubin
A banda foi uma história de sucesso improvável, surgindo em meados dos anos 90 em Los Angeles com canções imprevisíveis, muitas vezes liricamente inescrutáveis, com taxas de pulsação muito altas. Eles são todos descendentes de armênios e, no início, muitos de seus fãs eram amigos da comunidade armênia, o que levou muitas gravadoras a acreditar que eles tinham apenas um pequeno nicho. A chegada de Rick Rubin que viu potencial no som dos caras e pediu para manterem contato, fez o System gravar perto do final do ano de 1997 o seu primeiro álbum pelo selo da American Recordings de Rubin. Isso possibilitou que o sonho dos integrantes do SOAD que tinham como maior correlação os nomes armeno-americano ficasse um tanto real. Serj Tankian (vocais, teclados, guitarra), Daron Malakian (guitarra, vocais), Shavo Odadjian (baixo, vocais) e John Dolmayan (bateria) estavam certos que sua originalidade faria a diferença no mercado fonográfico, e fez!
No verão do ano de 1998 é editado o álbum de estreia autointitulado da banda trazendo músicas como Sugar e Spiders como singles. Tal impacto causado pelas faixas, que traziam metal alternativo com toques do Oriente Médio, folk, rock progressivo, jazz e muito mais comprovaram que a proposta deles era expansionista e inclusiva. Apesar de não renderem os primeiros lugares nos charts, fez com que o início do sonho começasse a andar. O System Of A Down virou banda de abertura dos shows do Slayer e Sepultura, atingindo uma crescente pouco vista. Ao gravarem o cover de Snowblind do Black Sabbath, que entraria como uma das faixas de Nativity In Black II, um álbum de tributo ao legendário grupo, cravaram o reconhecimento do mainstream, e o SOAD pôde começar a esmiuçar o que viria a ser o álbum seguinte, Toxicity.
Foi um processo criativo sangrento e raivoso resultando na confecção de 44 músicas que passaram por um pente fino que fez 15 serem selecionadas. Ninguém poderia imaginar que um álbum tão bizarro e abrasivo como o segundo álbum do System of a Down , Toxicity , iria tirar os esquisitos armênio-americanos do submundo do metal e transformá-los em estrelas do rock global. Lançado em 4 de setembro de 2001 – poucos dias antes do 11 de setembro – o disco realmente parecia condenado no clima paranóico e repressivo que se instalou após os calamitosos ataques terroristas. E, no entanto, apesar dos obstáculos, o álbum encontrou seu público – e um grande público. Toxicity vendeu mais de 3 milhões de cópias na América e atingiu o 1º lugar das paradas tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido.

FAIXA-A-FAIXA
Um faixa-a-faixa se torna conveniente. Seguiremos a ordem numérica já que elas todas tem sim a sua importância, não só em termos mercadológicos, mas também para a história dos aqui envolvidos.
Prison Song
Serj Tankian disse à Sonicnet:
Quando alguém vai para a prisão, eles já sofrem uma lavagem cerebral em um tipo diferente de mundo. Eu sei que as pessoas que cometeram crimes precisam de punição, e eu concordo com isso. Há muitas pessoas que definitivamente pertencem à prisão, mas há muitas que necessariamente não precisam. Todo o sistema prisional transformou-se em uma infra-estrutura de terror e também suga o dinheiro dos impostos.
System Of A Down tem algumas letras obtusas (como “My tênia me diz para onde ir” em Needles), mas elas são cristalinas nesta. “Prison Song” é uma condenação do sistema prisional americano, completo com estatísticas e factóides para apoiar suas reivindicações.
Nos anos 80, a população carcerária dos Estados Unidos cresceu a um ritmo surpreendente devido à repressão aos infratores da legislação antidrogas e às sentenças mínimas obrigatórias. Cerca de 500.000 americanos estavam na prisão em 1980; em 2000, esse número era de aproximadamente 2 milhões, com quase a metade encarcerada por acusações relacionadas a drogas (segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos ). A taxa de encarceramento nessa época quase triplicou, dando aos EUA a distinção de ter o maior número de prisioneiros do mundo e a maior taxa de encarceramento.
Aqui, o SOAD analisa por que isso acontece, apontando o dedo para os suspeitos de sempre: um governo corrupto e corporações gananciosas. Eles têm muitas evidências para apoiar suas acusações. Se você seguir o dinheiro, verá que há muitos enriquecendo com o sistema prisional (operadores de prisões privadas e também empreiteiros que administram serviços prisionais como alimentação e telefonemas), e o dinheiro compra influência. Os políticos poderiam ser eleitos em plataformas de “lei e ordem” enquanto colhiam contribuições de campanha. Em uma letra muito flagrante que deixaria Neil Young orgulhoso, Serj Tankian expõe:
O dinheiro das drogas é usado para fraudar eleições
E treinar ditadores brutais patrocinados por empresas em todo o mundo
É assustador, especialmente quando levado à sua conclusão lógica:
Eles são tentando construir uma prisão
Para você e eu vivermos
Needles
Esta música questionável do System Of A Down parece lidar com o controle. A palavra “agulha” aparece apenas uma vez na letra e isso veio de forma conflituosa:
Sentado no meu quarto
Com uma agulha na mão
Apenas esperando pela tumba
Isso certamente sugere uso de drogas, provavelmente heroína – injetar coloca você sob seu controle. O refrão, porém, é:
Tire a tênia da sua bunda
As tênias são parasitas que vivem no corpo, então a metáfora aqui seria se livrar de pessoas e comportamentos que estão tirando de você sem devolver nada.
Falando com Rick Rubin para um episódio da lendária série Broken Record do produtor , Tankian relembrou como os membros da banda entraram em uma grande briga pelo refrão. A letra original era: Puxe a tênia da MINHA bunda!
Daron Malakian e Shavo Odadjian se opuseram a “minha bunda”, dizendo “Não, não, não, isso não parece legal, isso soa ruim, isso parece vulnerável.” Tankian respondeu: “O que estou tentando dizer é filosófico. Tire essa negatividade de mim.”A briga sobre a letra ficou tão acalorada que Rubin temeu que a banda se separasse. “Foi tão extremo, mas fala da paixão da banda”, disse ele. “Existe uma paixão real que é incrível. O fato de que uma letra, uma insignificante… uma palavra e uma linha indiscutivelmente cômica são suficientes para separar uma banda ou descartar uma grande música. Essa era outra possibilidade.”Malakian e Odadjian estavam bem quando Tankian mudou “meu” para “seu” e cantou “puxe a tênia do seu traseiro”.
É engraçado. Com ‘ Prison Song’, com todas essas coisas que são escritas em forma de ensaio, não tivemos nenhuma discussão sobre isso. Mas aquela palavra… Eu acho que é a atitude metal versus a atitude não-metal também. Para mim, gosto de mostrar vulnerabilidade em nossa música. Não me importo de mostrar, porque acho que, como artista, você é vulnerável de qualquer maneira. Ou você mostra ou não. Mas a atitude do metal é: ‘De jeito nenhum, cara. De jeito nenhum, nós somos metal!’ Acho que foi isso, mais do que qualquer outra coisa.”
Serj Tankian
Deer Dance
Por crescerem em Los Angeles, o System Of A Down estava familiarizado com a brutalidade policial e os tumultos. Nesta música, eles chamam a atenção sobre os policiais que usam de força bruta para reprimir manifestantes:
Empurrando crianças
com suas armas totalmente automáticas
Eles gostam de empurrar os fracos
O tema dos governos usando todos os meios à sua disposição para silenciar aqueles que se manifestam contra eles é um comum para System Of A Down.
Em algumas culturas, existem “danças de veados”, onde os dançarinos se apresentam vestidos como veados. Nesta música, a “dança do veado” pode ser vista como os protestos pacíficos que são recebidos com força, como um caçador mirando em um troféu.
A letra, “Além do Staples Center, você pode ver a América” refere-se ao Staples Center em Los Angeles, que foi o local de dois distúrbios em 2000. O primeiro foi um motim ocorrido em 19 de junho de 2000, após a vitória do Lakers o Campeonato. O próximo foi em 14 de agosto de 2000, quando os irmãos de armas do System, Rage Against The Machine, realizaram um show gratuito em frente ao local, onde estava sendo realizada a Convenção Nacional Democrata. Após o show, a polícia agrediu a multidão, disparando balas de borracha para dispersá-los.
Jet Pilot
Esse pesado, praticamente hard core, misturado com música tradicional árabe com uma batida que lembra o baião em tal parte – algo que o Sepultura deve ter inspirado aos armeno-americanos – fala de forma direta sobre descrença e faz uma metáfora sobre diferença de classes.
Muita coisa ficou de fora da fase final do álbum, como dito anteriormente, foi passado o pente fino em 44 músicas compostas, coisa que Rick Rubin reclamou bastante por eles terem material demais dificultando assim uma pré-seleção; 15 foram escolhidas. A maioria das outras músicas vazou na internet, então a banda rapidamente as incluiu em seu próximo álbum, Steal This Album! , lançado em 2002.
X
“X” é sobre superpopulação e como isso levará à morte. Muitas músicas do System Of A Down têm letras enigmáticas que estão abertas à interpretação, mas esta é bem clara, com o vocalista Serj Tankian gritando as linhas “Não precisamos multiplicar” e “Não precisamos anular” repetidamente. ao longo da faixa de 1:58. Como muitas músicas do SOAD, o título nunca aparece na letra. Tankian escreveu a música com o guitarrista do grupo, Daron Malakian.
Dentre todo o sucesso conquistado pela banda desde o final da década de 90, um detalhe de suas apresentações não poderia deixar de ser citado: as loucuras de Daron Malakian nos palcos! Indo desde seus contorcionismos bizarros até a guitarra de ar, improvisada por ele quando seu instrumento apresentava falhas no meio do show.
Nos shows a música costuma vir após um solo de batera. Ela por sinal é uma das mais rápidas do disco e que mais remete ao trash metal, com várias quebradas de ritmo e agressividade.
Chop Suey!
Há muita coisa acontecendo nessa música, tanto musical quanto liricamente. Toca no vício em drogas, mas não tem o tom sombrio que muitas músicas sobre vício têm. A música também pode ser interpretada como sendo sobre como a sociedade vê a morte ou sobre Cristo. O guitarrista Daron Malakian, que a escreveu com o vocalista Serj Tankian, explicou:
A música é sobre como quando as pessoas morrem, elas são consideradas de maneira diferente dependendo da maneira como passam. Tipo, se eu morresse de overdose de drogas, todos diria que eu merecia porque abusava de drogas, daí a linha ‘Anjos merecem morrer.’
Daron Malkian ao Songfacts
O nome original da música era “Suicide”, mas a Columbia Records os fez mudar para torná-la compatível com o rádio. No início da música, você ouve o vocalista Serj Tankian dizer “estamos rolando suicídio”. O título é um jogo de palavras – “Suey-cide”. Mas Chop Suey é um ensopado chinês feito com carne ou peixe, além de broto de bambu, cebola, arroz e castanhas d’água. Eles o usaram como nome da música porque descreve seu estilo musical, com muitas coisas juntas. O título não está na letra.
Rick Rubin, que trabalhou com Slayer, Beastie Boys e LL Cool J, produziu o álbum Toxicity . Falando com a Rolling Stone sobre “Chop Suey”, ele disse:
É uma música incomum porque o verso é tão frenético. O estilo é tão dividido e incomum. É difícil de cantar e indiscutivelmente difícil de ouvir, mas o refrão é uma coisa grande, elevada, emocional, crescente e linda. E então tem essa ponte incrível:
Pai, pai, pai, você recomenda meu espírito?
Pai, por que você me abandonou?É realmente pesado, bíblico e grandioso. É tão incomum que vai entre esses versos explosivos rítmicos loucos até esse final emocionante e hino.
Rick Rubin a Rolling Stone
Chop Suey possui referências bíblicas e políticas. trechos como o da fala de Jesus: “Eu encomendo meu espírito” em Lucas 23:46, e frase “Por que você me abandonou, aos seus olhos me abandonou?” provavelmente se referindo a Isaías 49:14, que diz “O Senhor me abandonou, e meu Senhor se esqueceu de mim”. Rick Rubin disse que Tankian lutou para criar uma letra para a ponte. “Estávamos sentados na biblioteca da minha antiga casa e ele disse ‘Não tenho palavras para isso’ e estávamos terminando e foi tipo, OK. ‘Alguma ideia?’ Ele não tinha nenhuma ideia.”
Rubin sugeriu então que Tankian pegasse um livro da parede, o que ele fez. O produtor então disse a ele para “abrir em qualquer página, diga-me a primeira frase que você vir”. O cantor abriu: “E a primeira frase que ele vê, é o que está na música, e é um ponto alto dela. É incrível, como mágica.”
“É selvagem” acrescentou Rubin. “O contexto, realmente não faz sentido para o que está acontecendo, é radical.” Entretanto, Rubin não detalha de qual livro Tankian tirou a letra, mas é provável que tenha sido a Bíblia ou um livro religioso.
Chop Suey estava subindo nas paradas quando foi silenciado pelos eventos de 11 de setembro de 2001. Quase todas as estações de rádio o retiraram de suas listas de reprodução em um esforço para ser o mais sensível possível após a tragédia. Mesmo que a música não tivesse nada a ver com terrorismo, foi considerada muito agressiva. A frase “Eu choro quando os anjos merecem morrer” era um pouco pesada demais para a maioria dos diretores e ouvintes do programa naquele momento. Quando as coisas se acalmaram, a música voltou ao ar praticamente de onde parou, já que não havia muitas músicas lançadas nas semanas após o 11 de setembro. Mesmo assim, este foi o primeiro single do segundo álbum do System Of A Down, Toxicity , e seu grande sucesso.
Bounce
System Of A Down aborda alguns assuntos de peso (subjugação religiosa, o genocídio armênio), mas nem sempre. As vezes surgem situações e assuntos nonsense. No caso de Bounce, não é difícil descobrir o que estão acontecendo aqui. Serj Tankian está cantando simplesmente sobre aparecer em uma festa com seu “pula-pula”. A namorada dele está lá, assim como muitas amigas dela, mas ele é o único com um pula-pula.
Como boa parte do material, Tankian escreveu esta música com o guitarrista do SOAD, Daron Malakian. Eles tiveram uma afinidade musical não só pelos gostos parecidos, mas também pelo fato de Serj vir de uma família de músicos, enquanto que Daron tinha obsessão pela atividade desde criança, quando foi apresentado à banda Kiss pelo irmão.
Forest
Essa faixa é baseada no primeiro livro da Bíblia, Gênesis. A frase “Caminhe comigo, meu filhinho, na floresta da negação” simboliza Adão e Eva. Em Gênesis , Deus diz a eles para comerem de qualquer árvore, exceto daquela que está possuída por Satanás. Um dia eles desobedeceram a Deus e comeram da árvore amaldiçoada, incorrendo em Sua ira. A letra foi escrita pelo vocalista Serj Tankian, que não é fã de religião organizada, especialmente o cristianismo (veja:”Suite-Pee” de seu primeiro álbum) – suas crenças espirituais se inclinam para o pensamento oriental e transcendentalismo. Nesse contexto, a música pode ser vista como uma sátira à Bíblia.
A música se relaciona com os antigos israelitas e Deus. A música começa no Jardim do Éden, depois para Moisés e 40 anos no deserto, e então a última parte é sobre Salomão e seu reinado. Os israelitas estavam no topo da montanha vencendo batalhas e sendo fiéis a Deus. Então eles se voltavam para a idolatria ou algum outro pecado e Deus os castigava (vale da montanha). Então eles perceberiam o que haviam feito e se arrependeriam. Deus os perdoaria e eles estariam de volta ao topo.
ATWA
Provavelmente a música mais controversa do álbum, muito por conta da origem da inspiração. A sigla ATWA significa “Air Trees Water Animals” e é sobre o movimento ambiental de Charles Manson com o mesmo nome. Todos tem em mente que Manson formou um culto com jovens que atendiam a todos seus apelos, dentre eles matar pessoas e até celebridades como a atriz e modelo Sharon Tate.
O principal objetivo de Manson era ter um bando de mulheres escravizadas sexualmente à sua disposição no deserto remoto, financiado por furto e roubo e possibilitado por drogas usadas para lavagem cerebral. O resto eram adereços, incluindo sua música e sua pregação sobre relações raciais e ambientalismo. Manson fez pouco em sua vida para demonstrar crença genuína em qualquer filosofia altruísta; ao que tudo indica, ele fez de tudo para demonstrar que sabia qual slogan os hippies estavam cantando ultimamente e então imitou seus apelos para atrair mulheres que se identificavam como hippies. A tendência de tentar branquear sua reputação fala muito sobre o movimento Occupy Wall Street / Anonymous, herdeiros do lado enfraquecido de valores do Flower Power.
“Ar, Árvores, Água, Animais” também é uma referência aos quartetos mitológicos, sejam eles os quatro elementos, os quatro humores, os quatro eixos dos tipos de personalidade (Myers-Briggs, Keirsey, Big Five, etc.), os quatro sangues tipos na digitação de personalidade japonesa, as quatro estações do Zodíaco, os quatro cantos das pirâmides e assim por diante. O número quatro também recebe grande significado nas religiões mundiais, simbolizando a trindade mais um (a humanidade).
O guitarrista do System, Daron Malakian, tem interesse em Manson e escreveu algumas das letras. Charles Manson era um compositor e ambientalista, mas essas coisas geralmente são superadas pelo fato de ele ser um assassino. Malakian acredita que a mídia não retratou todos os lados de Manson e sente que algumas de suas ideias eram realmente muito boas, especialmente seus pensamentos sobre o meio ambiente.
Science
Nesta música, o vocalista do System Of A Down, Serj Tankian, assume a alcunha de um pregador louco falando sobre as falhas da ciência. Faz comentários sobre o debate frente a evolução versus criacionismo – a ciência apoia a evolução (assim como o SOAD), mas para muitos, sua fé dita que a Terra e as criaturas que a habitam foram criadas por Deus.
Arto Tumboyacian, um amigo de Serj Tankian que toca instrumentos tradicionais armênios, é convidado nesta faixa. Ele também é o homônimo de uma faixa oculta (escondida no CD, pelo menos) chamada ” Arto “, na qual ele também toca.
Shimmy
Com duração de 1:50, esta música implacável mostra como o sistema educacional americano doutrina as crianças em uma sociedade corrupta, onde elas serão aplacadas por entretenimento irracional em troca de sua obediência. Você pode “shimmy-shimmy-shimmy até o raiar do dia”, apenas não olhe atrás da cortina.
No verso principal: “Educação Fornicação em você vai! e Educação subjugação agora vai embora!”:
Fornicação é a relação sexual entre um casal não casado. a palavra se originou da bíblia. Subjugação significa escravizar, dominar, conquistar.
Toxicity
A música que da nome ao disco é cheia de histórias e vamos passar um pouco delas pra vocês. Aqui estão seis fatos surpreendentes sobre a faixa-título de Toxicity .
1. Shavo Odadjian trouxe a versão original da música, que tinha um título totalmente diferente
Enquanto o guitarrista Daron Malakian e o cantor Serj Tankian são comumente vistos como os principais compositores do System of a Down, foi o baixista Shavo Odadjian quem trouxe “Toxicity” para o mesa. A composição seria fortemente retrabalhada assim que seus companheiros de banda colocassem as mãos nela – incluindo a obtenção de um novo título.
“Eu trouxe ‘Toxicity’”, disse Odadjian ao The Ringer em 2021. “Eu chamei de ‘Versão 7.0’. Na época, a AOL estava por aí e estava na versão 5.0. Eu pensei: ‘Quando essa música for lançada, ela estará na versão 7.0 e estaríamos contando o futuro.'”
2. “Toxicity” quase “caiu nas rachaduras” e não entrou no álbum
Incentivado pelo produtor Rick Rubin a “escrever demais”, o System of a Down entrou no estúdio com cerca de 44 músicas – muitas das quais não fariam o LP final de 15 faixas, algumas eventualmente aparecendo na coleção de “sobras” de 2002, Steal This Album! Com tanto material para trabalhar, era inevitável que algumas joias passassem despercebidas – e “Toxicity” quase foi uma dessas baixas.
“De todas as canções, ‘Toxicity’ caiu no esquecimento”, lembrou Odadjian. “Não trabalhamos nisso. Eu me senti tão bem com isso, e não foi bem recebido. Perto do final do material de composição, Daron diz: ‘Lembra daquela música, ‘Versão 7.0′? Eu meio que fiz o meu trabalho para e aqui está.’ E o cara tocou ‘Toxicity’. Ele cortou e disse, ‘A bateria deveria ir lá, e isso e isso.’ De repente, ‘Toxicity’ realmente nasceu. A última música que foi enviada foi a faixa-título.”
3. A batida icônica de “Toxicity” nasceu de “completa irritação”
Entre os muitos momentos marcantes da música, a bateria propulsiva que primeiro coloca “Toxicity” em alta velocidade é uma das mais instantaneamente reconhecíveis. A inspiração para a batida vigorosa veio de uma fonte improvável: intenso aborrecimento.
“Eu estava tentando descobrir as batidas”, lembrou Dolmayan. “Shavo estava bem na minha frente e não parava de falar. Eu estava tipo, ‘Shavo, me dê um segundo para tentar pensar em algo.’ Ele disse, ‘Por que você não tenta assim?’ Ele estava movendo os braços para cima e para baixo. Para zombar dele, fiz o que pensei que ele estava fazendo. Essa batida saiu de completa irritação. Era apenas, ‘Dá o fora da minha cara. Eu vou faça isso para ir embora.’ Acabou sendo uma das batidas pelas quais sou mais conhecido.”
4. A frase “comer sementes é um passatempo” refere-se à prática armênia comum de comer sementes de girassol
. da nossa cidade”. Para muitos ouvintes, a letra parece positivamente bizarra, mas não para os fãs que compartilham a herança armênia dos membros da banda.
Entrevistado pela Metal Injection , Malakian explicou: “Minha família obtém [sementes de girassol] cruas – e muitos armênios fazem isso – eles compram as sementes de girassol cruas e as cozinham. Eles assam.”
Acontece que comer sementes é de fato “uma atividade de passatempo” para ele. “É delicioso”, continuou o guitarrista. “É muito melhor do que qualquer coisa que você pode comprar na loja de conveniência. É fresco e quente. Eles são incríveis. Você não consegue parar de comê-los.”
5. Daron Malakian dirigiu o SOAD na direção mais melódica e hino de “Toxicity”
Enquanto Rubin produziu o álbum em um nível macro, foi Malakian quem tomou as rédeas quando se tratava do âmago da questão da composição. “Daron assumiu o papel de guiar as coisas, e você precisa disso em uma banda”, disse Odadjian. “Daron é muito mais crítico do que Rick.”
Trazendo seu olhar crítico para as montanhas de material com que a banda estava trabalhando, o guitarrista tinha uma direção particular em mente para o SOAD, uma que levasse seu som além de suas raízes metálicas. “Gostei de músicas como ‘Aerials’, ‘Toxicity’ e ‘ATWA’ que trouxeram uma evolução ao nosso som”, explicou Malakian. “Não era mais apenas tentar começar mosh pits. Eu estava escrevendo músicas abertas com grandes refrões.
6. Malakian e John Dolmayan brigaram no estúdio – uma briga sangrenta que ajudou a galvanizar a banda para terminar “Toxicity”
Malakian e Dolmayan eram tão apaixonados por sua música e ideias que frequentemente discutiam. Às vezes, esses conflitos se tornaram físicos. “Houve momentos em que nós jogamos fora”, disse o baterista do SOAD. “[Uma vez], John e eu estávamos indo para lá. Meu lábio estava todo cortado, e eu peguei um pedestal de microfone e bati na cabeça dele e sua cabeça foi toda esmagada. Shavo e Serj estavam olhando para nós dizendo: ‘Awww, cara, nós terminamos.’ Mas logo depois que brigamos, levamos um ao outro para o hospital e fomos suturados um ao lado do outro. Ambos estávamos sentados lá rindo, dizendo: ‘Este é um dos momentos mais legais da história da nossa banda.'”
Psycho
Esta é uma música contra groupies, o que é uma surpresa já que muitas bandas de rock escrevem canções afetuosas sobre eles. Basicamente diz que se você quer ver o show, você não precisa dormir com a banda, ou como eles dizem:
Então você quer ver o show,
você realmente não precisa ser uma vadia
System Of A Down aborda alguns tópicos sérios, como o genocídio armênio (PLUCK) e o complexo industrial prisional (Prison Song), mas eles têm um lado mais leve, como ouvimos aqui. Groupies psicopatas e loucas por cocaína não são uma preocupação geopolítica para a banda, mas eles se divertiram cantando sobre eles.
O grupo escreveu este muito antes do álbum ser lançado. Eles estrearam ao vivo em 7 de outubro de 2000 no festival Smoke Out.
Aerials
“Aerials” teoricamente é a última faixa do álbum Toxicity. Essa música fala sobre como as pessoas podem perder suas identidades e se tornar como todo mundo. Algumas análises líricas:
“A vida é uma cachoeira, nós somos uma no rio, outra depois da queda.” – Todos começamos iguais e todos terminamos iguais.
“Nadando no vazio, ouvimos as palavras, nos perdemos, mas encontramos tudo.” – Ao longo da vida, aprendemos lições, mas as ignoramos. Esquecemos quem realmente somos na mistura de buscar o estilo de vida sintético, e esse é o preço para perdermos quem realmente somos.
“Porque somos nós que queremos brincar, sempre queremos ir, mas você nunca quer ficar.” – Nós sempre queremos fazer parte da cena. Lutamos pelo que queremos e quando conseguimos, ainda não nos satisfaz.
“E somos nós que queremos escolher, sempre queremos jogar, mas nunca queremos perder.” – Queremos e queremos. Fazemos o que podemos, mas se o problema está próximo, fazemos o que podemos para manter a inocência.
“Quando você perde a mente pequena, você liberta sua vida.” – Quando paramos para ver o quadro completo é quando realmente temos o controle de nossas vidas.
“A vida é uma cachoeira, nós bebemos do rio, então viramos e erguemos nossos muros.” – Pegamos e levamos e no final não damos nada. Isso mostra como as pessoas podem ser gananciosas, alheias e imprudentes.
O videoclipe foi um esforço conjunto entre o baixista do grupo, Shavo Odadjian, e o diretor britânico David Slade. Segue-se um menino que parece ser pelo menos parte Klingon. Nós o vemos em uma sessão de fotos e uma coletiva de imprensa, mas ele parece ser uma celebridade de boa-fé, e não uma curiosidade. A banda é da área de Hollywood e costuma olhar para essa cultura como se estivesse olhando para um espelho de casa de diversão. O vídeo teve muitas repercussões na MTV e na Fuse.
Toxicity foi a continuação altamente antecipada do álbum de estreia autointitulado do System Of A Down de 1998. Foi lançado em 4 de setembro de 2001 e foi direto para o primeiro lugar na América, mas então aconteceu o 11 de setembro. Por um tempo, havia pouca música para ser ouvida nos Estados Unidos e, quando as estações de rádio voltaram à programação regular, muitas lançaram o primeiro single, Chop Suey, que faz referência à morte e ao suicídio.
O álbum continuou forte, apenas em um cronograma diferente. A faixa-título foi lançado como o segundo single em janeiro de 2002 e teve uma forte presença nas rádios de rock. “Aerials” foi lançado alguns meses depois como o terceiro single e foi ainda melhor. Ele alcançou o primeiro lugar na parada de rock mainstream em 28 de setembro, mais de um ano após o lançamento do álbum. Em 5 de outubro, ela liderou a parada de canções alternativas, refletindo a ampla seção transversal de estações de rádio que tocaram a música. O álbum acabou vendendo mais de 3 milhões na América – nada mal para uma banda de metal armênia excêntrica.
Arto
Nos serviços de streaming, “Arto” aparece como a faixa 15 do álbum Toxicity , mas no CD era uma “faixa oculta”, não listada na lista de faixas. Ao contrário da maioria das faixas ocultas, que geralmente aparecem após minutos de silêncio, não foi difícil encontrá-la, aparecendo apenas alguns segundos após a última música listada, ” Aerials “.
O System Of A Down lançou esta música para reconhecer o genocídio armênio que matou cerca de 1,5 milhão a partir de 1915. A banda trabalhou incansavelmente para chamar a atenção para o genocídio, que eles sentem que foi esquecido na maior parte do mundo.
“Arto” é a versão do System Of A Down do hino armênio “Der Voghormia”, que se traduz como “Lord Have Mercy” e é tradicionalmente tocado em funerais como uma oração pelos mortos. É intitulado “Arto” porque seu amigo Arto Tuncboyaciyan tocou nele. A música é um canto, com a banda tocando instrumentos armênios; Tuncboyaciyan tocava um instrumento de palheta chamado duduk.
O QUE DISSE A MÍDIA?
Difícil achar alguém que não tenha falado positivamente desse discaço. Ao exemplo da mídia atual que através da Metal Hammer trouxe a faixa Chop Suey! como a melhor música do metal do século 21.
O disco estreou em primeiro lugar na Billboard e atingiu o topo das paradas no Canadá, inclusive na semana dos ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque. Permaneceu ainda assim no topo na semana dos ataques, embora sob fortes críticas políticas sobre o controverso single “Chop Suey!” que foi banida das rádios americanas devido à sua letra, pois tinha uma grande semelhança aos ataques que aconteceram. Apesar dessas crítica, aMTV seguiu passando o clipe, o que favoreceu e muita a popularidade da banda.
O que sempre foi difícil para a mídia foi categorizá-los. Quando eles lançaram seu álbum de estreia autointitulado três anos antes, o mundo não sabia bem o que fazer com eles. Alguns lançaram o SOAD como um novo Rage Against The Machine devido a seus elementos políticos ardentes, outros os agruparam com o conjunto nu-metal, mas sempre havia algo diferente no System Of A Down. Algo poético e ferozmente inteligente. Algo sinuoso e imprevisível. Como disse a revista Rolling Stone: “Se o System of a Down não é Noam Chomsky, com certeza também não é o ‘Nookie’ do Limp Bizkit”. Então vamos ver o que alguns críticos dos melhores veículos de mídia especializada em rock disseram a respeito de Toxicity e do SOAD.
Mesmo quando o System of a Down citou a Bíblia literal, eles conseguiram contornar o impacto contundente da escória doentia do grunge. Suas letras tendiam para o surreal, o humorístico e o abstrato, e as curvas fechadas de suas composições os impediam de marinar por muito tempo em um único humor. A “toxicidade” é pesada, fazendo uso abundante da distorção de guitarra mais suculenta de sua classe, graças à densidade da produção de Rick Rubin. Mas, mais importante, o álbum é inquieto, saltando de uma ideia para outra antes que a primeira possa ser absorvida. Com uma mão tão ágil, o System of a Down poderia contrabandear política radical para os fones de ouvido de crianças entediadas atraídas pelos gritos de carnaval de Tankian.
Sasha Geffen, Pitchfork, 2018
Com seu segundo disco, Toxicity , de 2001 , o System of a Down se tornou mais dinâmico, realmente mostrando o quão talentoso a banda era musicalmente. Eles não apenas soam diferentes de todo o resto, mas de faixa para faixa, o System of a Down dificilmente soa como a mesma banda. Em um momento eles estão queimando como Pantera alimentados pelos Dead Kennedys , e no próximo eles estão riffs como Iron Maiden ao lado de uma orquestra de 16 peças.
Jared Linnen, Loudwire, 2023
Musicalmente, Toxicity viu a banda armênia-americana construir sobre a imprevisibilidade do debut, ramificando-se em ainda mais direções. Um dos momentos-chave também é o mais discreto; uma faixa oculta comumente conhecida como Arto, pois contou com a participação especial de Arto Tunçboyacıyan, um multi-instrumentista de folk e jazz de ascendência armênio-turca.
Paul Travers, Kerrang, 2021