Review: Daisy Jones & The Six

Não muito distante do que proporciona a última versão de Nasce uma Estrela do ator e diretor Bradley Cooper, a série do romance Daisy Jones & The Six da autora Taylor Jenkins Reid é uma fabula do rock que tem a responsa de contar todos os desafios e dramas do líder de uma banda e uma aspirante a cantora que unem forças para chegar ao estrelato. Bem explorados em seus três episódios introdutórios, a forma como conhecemos os personagens centrais é estimulante. Mas de fato o que de cara dá pra avaliar é que o folk rock de Laurel Canyon, bem como as bandas psicodélicas setentistas, estão no imaginário das melhores histórias.

Roani Rock

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Ficha Técnica
Título: Daisy Jones & The Six
Direção: James Ponsoldt
Roteiro:  Scott Neustadter e Michael H. Weber
Data de lançamento: 03/03/2023
Episódios: 10 (no momento só foram lançados 3)

Aonde assistir?: Prime Video


Em 1977, a banda Daisy Jones & The Six saiu da obscuridade e alcançou o estrelato. Mas o grupo acabou abruptamente, deixando os fãs desolados e sem respostas. Décadas depois, os integrantes finalmente concordam em abrir o jogo e revelar a verdade. Essa é a sinopse da série que faz uma mescla de documentário com flashback para contar a história da formação e separação da banda do genial frontman Billy Dunne com a aspirante cantora de rock Daisy Jones em 10 episódios. A produção da Amazon Prime Video é baseada no livro de mesmo nome da autora americana Taylor Jenkins Reid (Os Sete Maridos de Evelyn Hugo).

O interessante mediante ao elenco é que ele é repleto de figuras prestigiosas, com o principal destaque sendo Riley Keough, que além de ser neta de Elvis Presley fez parte de séries como The Good Doctor e filmes como Mad Max: A Estrada da Fúria. Além dela temos um “Jogador Voraz” como galã e protagonista, o ator Sam Claflin dá vida ao rockstar Billie Dunne. Mas a presença que tem mais agradado é a da brasileira Nabiyah Be que vive Simone Jackson. Nascida em Salvador, Be também é cantora e compositora. Ela é conhecida por papéis no filme Pantera Negra e nas peças off-Broadway Hadestown e School Girls. Em dado momento ela faz uma performance animal para A Song For You de Leon Russell, música famosa nos anos setenta pela versão dos The Carpenters. (essa apresentação dela não é determinante para a história).

Por falar em músicas presentes na obra, a trilha sonora é muito especial, a começar pela escolha da música de abertura Dancing Barefoot da Patti Smith presente no álbum Wave de 1979, que acredito que vá virar a segunda música dela mais escutada nos streamings por conta da série. Tem várias referências aos melhores picos do rock setentista em Los Angeles como o Whisky A Go Go! e Troubadour, a Sunset Strip e Laurel Canon representando o melhor cenário também. Acredito que a série tem potencial pra fazer as pessoas voltarem a gostar mais de rock e terem vontade de formar uma banda, saindo daquela ideia conservadora enraizada nos últimos anos, porque a história é tão bem contada e fácil de crer que parece realmente que o The Six existiu.

A história original da obra foi inspirada em fatos reais que ocorreram com o Fleetwood Mac nos tempos em que estavam produzindo seu álbum mais popular, o premiadíssimo Rumours, que como já contamos a história por aqui no site, no nosso Revisando Clássicos, tem as músicas baseadas nos dramas que estavam ocorrendo nos casamentos de Stevie Nicks com o guitarrista Lindsey Buckingham e o da tecladista Christine McVie com o baixista John McVie.

Interessante que apesar de apostar que para qualquer um o Fleetwood Mac vai ser a imediata referência, a autora Taylor Jenkins Reid chegou a falar em entrevista ao Shelf Awareness, que a história de mais duas bandas foram importantes para o desenvolvimento de sua Daisy Jones & The Six, e a criação dos Six, além de admitir a inspiração principal.

Passei muito tempo pensando nas histórias da nossa cultura que me fascinam. São relacionamentos em que as pessoas têm uma produção criativa incrível, mas há conflitos pessoais, como a banda The Civil Wars (que se separou muito abruptamente), Fleetwood Mac, ou os Eagles. Há um documentário de três horas chamado ‘The History of the Eagles’ que fala sobre como eles criaram sua música, mas também sobre toda a turbulência entre os membros da banda. E fiquei tão empolgada com a ideia que senti que se tornou uma história que eu tinha para contar.

Taylor Jenkins Reid, 2019

Partindo desse princípio, eu que não li o livro e nem tinha ouvido as músicas originais da banda fictícia – que já tem nos streamings – só pela temática, ler a entrevista e ver a sinopse já sabia que eu iria me deparar com algo que tentaria não ser um pastiche, que não tenta copiar a recente onda hollywoodiana de filmes biográficos de bandas de rock (um tanto caricatos apesar de bons) e veria algo mais profundo e romantizado no nível de Nasce uma Estrela de Bradley Cooper, só que maior, levando em conta que se trata de uma série.

Dito isso, tudo na história é novidade, então pude ser surpreendido com a boa construção dos protagonistas, uma banda se formando e uma menina rejeitada pelos pais que encontra na música uma forma de encontrar seu lugar no mundo. Alguns personagens importantes na trama como a já citada Simone e também Camila Dunne, interpretada pela atriz e modelo argentina Camila Morrone também foram cruciais para me deixar encantado. Por sinal, todas as personagens femininas tem algo interessante pra contar e aprofundar mais pós os primeiros três episódios. A tecladista Karen Sirko, interpretada pela inglesa Suki Waterhouse, por exemplo, aparentemente pode virar um affair do guitarrista e irmão de Billy Dunne, o garoto Graham Dunne, interpretado pelo americano Will Harrison. Mas a garota não quer ter um relacionamento e quer viver a vida agitada com os amigos de banda, virando a noite, se acabando em cima de um palco.

A história da série roterizada por Scott Neustadter e Michael H. Weber, que tem algumas diferenças da obra literária que já é um best-seller, tem um bom time-skip e realmente não é corrida, faz uns cortes interessantes nos momentos de depoimentos dos músicos para as cenas de lembranças do início com as versões mais jovens dos músicos, criando a identificação que o terceiro episódio consegue de forma tranquila, principalmente por ter acontecido muita coisa em 4 anos da ida dos Six para Los Angeles e fechamento de contrato com o produtor Teddy Price, interpretado pelo brilhante Tom Wright que fez Seinfield, – que por sinal é um dos melhores personagens da trama – e a chegada de Daisy Jones para gravar uma música especial de recomeço.

Três episódios não podem julgar uma série por inteiro e pra quem não está por dentro do que está por vir, fica a expectativa de uma participação maior da banda sem ficar o ar de coadjuvantes, principalmente para Josh Whitehouse e Sebastian Chacon, que fazem o baixista Eddie Roundtree e o baterista Warren Rhodes respectivamente. Falando com algumas pessoas que já leram o livro, soube que as diferenças entre as obras estão bem sutis, então pode ver sem medo. Daisy Jones & The Six te prende fácil, principalmente se você é fã do misticismo dos anos 70 e gosta de romances com bastante trilha sonora. Os episódios tem uma duração que variam entre 48 e um pouco mais de 50 minutos, então por não serem tão longos facilita de maratonar por mais de uma vez.

Recomendo ouvirem o álbum Aurora só depois de assistirem a série ou lerem o livro. Mas podem ver os três episódios da série, vir aqui checar de novo esse princípio de analise e escutar o álbum que é muito bom com músicas que quero saber se serão exploradas suas composições e o que motivou suas letras, assim como foi feito em Honeycomb, que foi um sinlge lançado nos streams em fevereiro para promover a série.

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