Como Foi o Show de Paul Di’Anno em Brasília?

Por Felipe Tusco Dantas

Partindo do pressuposto de que todo grande astro com longos anos na estrada pode se sentir saudosista por seu público, ou melhor ainda, com o contato direto com estes, Paul Di’Anno abriu sua turnê The Beast is Back na cidade de Fortaleza, no dia 27 de janeiro. Paul foi ninguém menos que o primeiro vocalista da gigantesca lenda do heavy metal, Iron Maiden

Suas contribuições vocais para os discos Iron Maiden (1980) e Killers (1981) ajudaram a engatar o som de Eddie na cena da época, porém, devido às eventualidades de seu show em Brasília, no dia 31 de janeiro, numa terça-feira à noite, sua imagem como profissional ficará duvidosamente marcada. A atração ocorreu na casa de shows Toinha Brasil.

Detalhe que este texto não irá trazer críticas detalhadas como de costume sobre os dois discos citados, mas em certos momentos algumas menções específicas às canções serão levantadas. 

Tendo como atrações de abertura as bandas brasileiras Electric Gypsy e Noturnall, o show contou com o apoio dos integrantes dos grupos agora citados. Os guitarristas Nolas, de Electric Gypsy, e o baixista Xakol, de Noturnall, estiveram presentes no palco durante toda a apresentação, compondo a eletricidade da noite. 

Como já havia sido compartilhado anteriormente em outros portais midiáticos, o artista esteve entrando em eventuais turnês para obter ajuda financeira de seus fãs, de forma que pudesse tratar dos problemas em seu joelho. Sentado numa cadeira de rodas (há mais de cinco anos), Paul abriu seu show com a faixa Wrathchild, uma preferida de Killers, com sua voz soando baixa até então. Foi durante a segunda canção que as coisas se desiludiram. O cantor se queixou de problemas na garganta, pedindo à equipe de apoio por água, mas mal conseguindo dar seus goles, o que resultou em constantes escarros em cima do palco. 

Mas apesar de tudo, Paul Di’Anno segurou as pontas e levou o show ao final, cumprindo o setlist programado para tal. Em certas partes onde seu alcance não atingiu o esperado, o público compartilhou sua voz para dar vida às canções, tudo isso com o som inigualável da banda de apoio. Esta situação inclusive acabou levando o cantor às lágrimas, pela carga de emoção que deve ter sentido. 

Das canções tocadas, vários clássicos puderam ser ouvidos pelos fãs. Charlotte The Harlot, Purgatory, que conseguiu animar todos em seu refrão marcante, Remember Tomorrow, que elevou a atmosfera da casa a um nível mais profundo e sério, e Transylvania, canção esta que, de acordo com Paul antes de ser tocada, “tem os melhores instrumentos para cantar” (piada implícita, pois a canção é inteiramente instrumental). Running Free foi disparada uma das mais animadas, dado que em seu refrão o público uniu sua voz num coro forte e alto. 

Detalhe também que Sanctuary estava sendo tocada no show também. Uma faixa que, não estando presente nas versões de streaming e nem nos discos vendidos atualmente, conseguiu levar o público ao maior nível de alegria. 

O esforço e a incrível capacidade do guitarrista e do baixista ficou positivamente marcada. A memorável intercalação dos dois instrumentos no meio de Phantom of the Opera foi perfeitamente ensaiada e executada. A canção por si só tem um potencial estrondoso, e inserida no contexto desta noite, a coisa ficou mais explosiva ainda. 

Por fim, quando o show terminou, os fãs correram para perto dos camarins para o famoso Meet and Greet, que lhes dá o direito a uma foto e um possível autógrafo com o artista. Depois daqueles que pagaram pelo momento, foi a vez dos fãs que pagaram no primeiro lote terem sua chance. Mas infelizmente, devido a um agravamento de seu quadro de saúde, o velho headbanger teve que ser levado para o hospital.  

E aí entra a polêmica desta noite. Como dito antes, seu quadro pessoal está gravemente comprometendo sua imagem profissional. Muitos que pagaram pelo ingresso demonstraram enorme decepção com o que haviam acabado de ver, mas, por outro lado, outros saíram comovidos com a situação. 

Outro ponto preocupante é a extensão da programação de sua turnê. Paul inclusive passará ainda por cidades que comumente não são alvo de atrações internacionais, como Ipatinga, Juiz de Fora, Maringá, Limeira, e Juazeiro do Norte, e também por, claro, as grandes capitais do país, como Rio de Janeiro e São Paulo, cujos shows ocorreram nos dias 02 e 04 de fevereiro, respectivamente. 

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