Agora que se tornaram bem populares, o Måneskin passou a ter que carregar uma responsabilidade grande de se manterem relevantes frente a novos lançamentos. Se com seus álbuns anteriores conseguiram trazer o frescor de “um museu de grandes novidades” aqui eles tentam imprimir sua assinatura como se fossem um carimbo bem prensado na indústria, mas faltou um pouco de tinta em termos de consistência nas 17 faixas que compõem Rush! devido a pretensão de serem ecléticos.
Roani Rock
Confira os favoritos do metal em 2022:
Megadeth – The Sick, The Dying… And The Dead!
Saxon – Carpe Diem
Venom Prison – Erebos
I Prevail – True Power
Lamb of God – Omens
Gravadora: Epic Records
Data de lançamento: 20/01/2023

Gênero: Pop Rock/Protopunk
País: Itália
Måneskin é uma banda que se demonstrou um tanto diferente mesmo sendo um pastiche de tudo que rolou nos anos 70. O rock ‘and’ roll não é mais como costumava ser em sua essência e esses italianos, provindos de um país que não tem tanta tradição no gênero, quebram um pouco os novos paradigmas impostos por uma geração dos anos 80 que meio que fez o rock se tornar o estilo musical mais careta da atualidade.
Como celebração e uma bela ação marqueteira, a banda compartilhou em suas redes sociais imagens que mostram a baixista Victoria De Angelis, vestida de noiva, beijando o baterista Ethan Torchio, enquanto o vocalista Damiano David e o guitarrista Thomas Raggi também estão se beijando ao lado. Nos registros, todos estão vestidos com trajes cerimoniais. A união do grupo mostra o quanto eles querem fazer o mainstream não ficar acomodado, seja com a atitudes dentro e fora do palco, seja eles falando que não consomem álcool e que são contra o jargão “Sexo, drogas e rock ‘and’ roll” ser usado de forma literal ou com o que suas músicas querem transmitir que é basicamente a sensualidade sem objetificação e o quanto o rock ainda tem muita lenha pra queimar, apesar dos pesares.
Rush! é o terceiro álbum de estúdio da banda de rock italiana Måneskin, lançado em 20 de janeiro de 2023 pela Epic Records e aqui eles seguem o modelo de trazer músicas que funcionam como rock de arena. Mas se comparado a seus álbuns anteriores que conseguiram trazer o frescor de “um museu de grandes novidades”, aqui eles tentam imprimir sua assinatura como se fossem um carimbo bem prensado na indústria, mas faltou um pouco de tinta em termos de consistência nas 17 faixas que compõem Rush! devido a pretensão de serem ecléticos.
Não é que as músicas não sejam de bom gosto, mas quem ouviu o hit I Wanna Be Your Slave sem cansar em 2021 e 2022, vai pensar que houveram tentativas frustradas de chegar na mesma sinergia no novo álbum. Parece que querem tanto imprimir sua marca que se esqueceram que podem terminar se tornando repetitivos. Own My Mind e Gossip!, parceria com Tom Morello, tem suas peculiaridades e são fortes, mas no fim das contas tem a voz de Damiano num drive que escutado por muito tempo cansa e a mesma batida reta de bateria por parte de Torchio num riff dançante de guitarra de Raggi são muito previsíveis e tem certas faixas que mal se escuta o baixo de Victória.
Eu gosto do fato de eles se assemelham em certo grau aos Stooges em termos de atitude e de só quererem fazer seu som, coisa que o produtor Max Martin — conhecido por colaborações com grandes nomes do pop como Britney Spears, Katy Perry e Backstreet Boys — conseguiu trazer com facilidade. Mas é claro que no trabalho de agora os italianos adotaram uma postura mais pop e bem mais focados no mercado americano, fugindo assim do que traziam nos álbuns anteriores. Mas temos aqui um grande hino rancoroso chamado Kool Kids, um baixo “perturbador” recheado de distorção fuzz da Victoria De Agelis em Gasoline – que mais parece uma faixa pra ser usada em haves. Já Feel tem um bom riff e vai ser muito apreciada nos shows assim como a bela If Not For You, faixas que dificilmente terão o mesmo destaque que uma Beggin‘.
Sentimos que a parte da música italiana é uma parte tão forte de nós, de nossa cultura e de nosso histórico. Não queríamos que a música italiana estivesse aqui e ali de vez em quando na tracklist. Queríamos criar um bloco que representa a base em torno da qual tudo é construído.
Damiano David
Eles separam o disco fazendo esse bloco cantado em italiano, mas infelizmente as faixas são coadjuvantes dentro de Rush! por algumas razões. Gosto quanto eles cantam em sua língua nativa, mas chamar uma música de Mark Chapman (o assassino de John Lennon), mesmo que demonizando a figura, me incomodou – mesmo ela tendo o melhor solo de guitarra do álbum -. Já La Fine é um pouco de tudo que já ouvimos dele, caindo na previsibilidade que comentei, mas a velocidade em que Damiano canta, rappeando em italiano, é sempre muito interessante. A faixa Il Dono Della Vita apresenta toda influência do Radiohead que eles mencionaram ter sido uma grande fonte para todo o Rush!, esta é minha preferida do álbum apesar da fragilidade de sua execução, me lembrou o Big Brother and Holding Company, banda que acompanhava Janis Joplin.
Segue o disco com MAMMAMIA e Supermodel, os singles e maiores destaques do disco, e tudo é finalizado com a balada The Loneliest que é um justo gran finale fazendo jus a ser a música mais escutada do álbum nos streamings. A construção do álbum não é ruim, mas tem muita música fraca e irritante como Bla Bla Bla e Baby Said, que são estruturas repetitivas que presenciamos não só dentro do próprio Rush! mas em todo o Teatro D’Ira, estas faixas em específico não querem dizer nada, parece que estavam ali para preencher o álbum. Já Timezone que inicia essa sequência fraca, parece uma música esquecida pelo Weezer, o que a torna incomoda por lembrar muito a banda americana de powerpop e muito pouco o Måneskin.
Nota final: 6/10
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