Por Felipe Tusco Dantas
Atualmente, o cenário do metal feminino tem se intensificado mais e mais no universo do metal, e certamente um dos grupos que se incluem nesta lista é a querida banda de thrash metal formada em São Paulo – Nervosa. Tendo em sua formação original Fernanda Terra (bateria), Karen Ramos (guitarra), e Prika Amaral (guitarra e backing vocals), o trio teve o início de seus ensaios datado em fevereiro de 2010, e até o último mês conseguiram reunir ótimos trabalhos de thrash metal. Vamos conferir uma pequena review sobre sua discografia:
VICTIM OF YOURSELF (2014)

Tendo agora uma formação praticamente diferente de sua original, o primeiro disco da banda foi lançado pela gravadora Napalm Records, e teve apoio dos trabalhos artísticos de Andrei Bouzikov e Rafael Romanelli, que contribuíram para sua capa. Prika Amaral manteve-se em sua posição, mas agora ao lado de Fernanda Lira (baixo e vocal) e Pitchu Ferraz (bateria).
O disco já é marcado por sua faixa de introdução que traz certos sons macabros que te levam à mente um parque de diversões assombrado seguido de uma linha de baixo lenta, mas feroz. A canção em seguida, Twisted Values, dá a falsa impressão de que teremos uma canção mais melódica, mas acaba acelerando nos momentos certos.
Após isso, Justice Be Done nos brinda com sua mensagem violenta e provocativa, que critica severamente as condições sociais no Brasil, e Envious nos surpreende com uma explosão da bateria conduzida por Pitchu Ferraz e seguida pelos gritos de Fernanda Lira, que já revela ter um potencial grandiosíssimo para este universo musical, visto ainda que a faixa seguinte, Morbid Courage, é praticamente puxada por altos e baixos de sua extensão vocal.
Certamente, um ponto forte de Victim Of Yourself é o solo da canção Death, que não só apresenta o auge da guitarra de Prika Amaral, mas também dá espaço para os outros instrumentos se expressarem. E por fim, o álbum se encerra com as eletrizantes Victim Of Yourself e a única canção intitulada em português, Urânio em Nós – uma clara referência aos acidentes nucleares nas usinas de Fukushima, Chernobyl, e Tokaimura, tanto que os três são citados no refrão da canção.
De forma geral, o debut album do grupo não é totalmente original, em termos de ritmo e até conteúdo lírico, porém, sua estética e inventividade acabaram ajudando-as a criarem uma nova cena para o thrash metal do Brasil, tendo ainda o fato de que bandas como Sepultura, Slayer, e Exodus, serviram de influências para as garotas metaleiras.
A recepção para o disco foi muito boa e, evidentemente, as garotas puderam entrar em turnê pelo Brasil, pela América Latina e até Europa, coisa que obviamente marcou o início das gravações do próximo disco.
AGONY (2016)

Lançado dois anos após a conquista de seu primeiro trabalho, Agony infelizmente não teve o mesmo impacto que seu antecessor. Considerado o trabalho mais pobre do grupo, seus poucos momentos de brilho aparecem no solo de Intolerance Means War e na melodia contagiante de Hypocrisy. Penso nisso, pois o trabalho como um todo parece apenas flutuar em cima de um ritmo e nunca encontra seu formato sólido.
De qualquer forma, as garotas da banda tiveram a grande oportunidade de seguirem em turnês mundiais – Europa e EUA – sendo as convidadas oficiais de bandas potentes, como Destruction e Enforcer.
DOWNFALL OF MANKIND (2018)

E ainda se recuperando do deslize de seu trabalho anterior, o grupo agora estava contando com o excelente trabalho da baterista gaúcha Luana Damatto.
Entre os pontos altos deste disco está a virada, no mínimo, mirabolante de Never Forget, Never Repeat. Seguido de, … And Justice For More? – uma possível referência a obra de Metallica lançada em 1989 – recolhe um conjunto de vozes desgastadas, mas em interessante harmonia.
Kill The Silence é considerada a preferida entre os fãs dentro deste disco. O fato de que seu ritmo é um marco para o que consideram ‘’melodia bate-cabeça’’ configura perfeitamente o espaço que Nervosa conseguiu conquistar no cenário do metal. Raise Your Fist! traz uma espécie de monólogo prévio ao andamento da música que, junto de Cultura do Estupro, realça a mensagem mais forte que as garotas sempre procuraram passar; sem espaço para explicações aqui.
PERPETUAL OF CHAOS (2021)

Um exemplo de faixas bem sequenciadas, mas uma pena para os eventos que viriam à banda em sequência. Perpetual Of Chaos arrasa com sua faixa de abertura, Venomous, e consegue se superar com outros possíveis hinos do thrash metal brasileiro, como Guided by Evil e People of Abyss. Tudo funciona perfeitamente em conjunto, como os vocais de sua nova integrante Diva Satanica, a ferocidade do ritmo de bateria de Eleni Nota, e a esperteza na guitarra conduzida por Prika Amaral, que sabe entrar nos melhores momentos para solar.
De primeira, esta descrição pode soar estranha, dado que a formação do grupo sofreu uma certa revolta radical, e é isso que designa a sequência trágica de eventos que ocorreu ao grupo ao longo dos anos.
A saída não explicada de Fernanda Lira e Luana Dametto do grupo já deu o que bastar para o desespero sentido por Prika. Um desespero em, não só manter uma visão de paz da banda para seu público e a mídia, como também em manter a integridade instrumental e técnica do grupo. E digamos que nisso, a fundadora acertou em cheio, pois, como mencionado, Diva Satanica, Mia Wallace, e Eleni Nota, conseguiram formar uma nova faceta para o grupo.
Ainda sobre suas faixas, outros pontos altos do álbum são Time to Fight, Rebel Soul, que conta com a participação de Erik Knutson, e Under Ruins. Mais três exemplos do profissionalismo e da versatilidade, isso dentro do universo heavy metal, do novo Nervosa.
Para mais informações sobre este último trabalho, confira a primeira review de Perpetual Chaos lançada no site, aqui.
TOUR 2022
Recentemente, Nervosa iniciou uma nova turnê em promoção do último disco citado. O Hell’s Fest, sediado em Belo Horizonte, em 02 de novembro, o grande Porão do Rock, em Brasília, no dia 04 de novembro, e Dopesmoker Festival, em Feira de Santana, no dia 05 de novembro são alguns dos destinos nacionais que receberam a banda.
LEGADO
De forma geral, o grupo liderado por Prika Amaral conseguiu enfrentar as barreiras e condições adversas vindas ao longo do tempo. Um grupo que, inserido num cenário mais ‘’másculo’’ e vidrado na intensidade da música, conquistou uma posição de respeito dentre seus colegas.
Mas me responde uma coisa… Porq as Donzelas estão nervosas? Não conseguiram lavar as cuecas do marido?
Ainnnn, são biscates nervosas….
Kkkkkk