Review: Planet Hemp – Jardineiros

Adivinha doutor quem está de volta na praça! O novo álbum do Planet Hemp após 22 anos sem lançar um som autoral finalmente chegou. Ele traz o mix de estilos que a banda já classificou anteriormente em um som como Rap – rock and roll – psicodelia – hardcore – ragga. Com fortes críticas ao governo atual do Brasil e tendo a participação de grandes nomes de grande porte do rap nacional e latino, dá pra dizer que mais do que nunca eles souberam se posicionar de forma agressiva e brutal, mandando o papo-reto. É o disco que o rock brasileiro estava precisando!

Roani Rock

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Gravadora: Som Livre
Data de lançamento: 21/10/2022

Gênero: Rap Rock/Hardcore
País: Brasil


Finalmente, após 22 anos sem escutar uma novidade vinda da banda composta por Marcelo D2, BNegão, Formigão (baixo), Pedro Garcia (bateria) e Nobru (guitarra) chega o disco Jardineiros com os caras cheios de energia para criticar de forma politizada o Brasil atual e ao mesmo tempo celebrar essa volta que desde o show antológico como headline substituto do rapper americano Snoop Dogg no Lollapalooza de 2016 veio pra ficar de forma incomoda e avassaladora.

Se o álbum A Invasão Do Sagaz Homem Fumaça trazia muita inspiração no samba, o Jardineiros leva a banda de volta as origens do rap rock. A primeira música apresentada foi Distopia que conta com a participação de Criolo. Impactante, o som faz a conexão Rio-São Paulo contra o aumento de posicionamentos retrógrados da sociedade e ao que já foi feito pelo governo vigente, claramente mostra como eles estavam sedentos para expressar esse desconforto, como dito por D2 em entrevista ao O Tempo, vendo com tristeza a atual condição do país frente a tudo que aconteceu durante a pandemia, se existe o jargão popular “o Brasil me obriga a beber” o Planet sente que militares no poder do Brasil “os obrigou a fazer um disco”. É a faixa mais forte do álbum!

Com o aval da Som Livre, as 15 músicas que compõem o disco tocam na ferida e divertem em diversos momentos. O ritmo do álbum não é só porradaria, apesar das canções mais “rocks”, tem momentos bem conduzidos em que flertam até com os estilos mais populares do rap atual como o trap, o freestyle, com bastante flow. Além disso, gêneros tradicionais como o hip-hop dos anos 90 em Bateu Uma Onda Forte e até um funk carioca com a pegada dos anos 80 na faixa Ainda, aparecem de forma fluida e leve.

O disco foi produzido pela própria banda, com o Pedro Garcia nos comandos, e ao lado de outros grandes nomes da indústria como Mario Caldato, responsável pela finalização do álbum em Los Angeles (EUA), além de Nave e o próprio Zegon – acredito que seja a melhor mix já feita para um álbum deles. Uma boa forma de reparar isso vem através de Taca Fogo que mescla de forma excelente o hardcore com o rap. A faixa que vem em sequência, Puxa Fumo é uma das melhores do álbum com um refrão cantado por uma galera, provavelmente vai ser o próximo single porque ela é muito estimulante, funkeada e agregadora.

A faixa Fim do Fim é basicamente o riff de Police Truck do Dead Kennedys com BNegão num ritmo frenético de rimas nervosas, já Veias Abertas é a melhor música do disco, um punk rock certeiro de qualidade. Por sinal ela lembra bastante os sons dos Beastie Boys com D2 clamando pra “deixar o passado no mudo e que o surto é o presente“, BNegão cantando “piripaquepaquepaque” enquanto Formigão e Nobru trazem o peso de seus instrumentos num fuzz poderoso e a batera swingada e precisa de Pedro traz o maior impacto até então do disco, nos shows será um bom momento pra bater cabeça.

O rap dá as caras nas parcerias, em O Ritmo e a Raiva que tem participação do membro honorário Black Alien traz um retrospecto da formação da banda, Meu Barrio que recebe a participação do Tropkillaz do rapper argentino Trueno tem a função de unir os grupos que cantam em espanhol e português desde os anos 90 e tem a irônica Remedinho que critica as “drogas dos ricos” que não recebem um olhar julgador da sociedade, similar a aversão que por exemplo a maconha sofre.

Acho o título do álbum mais do que pertinente, visando a mensagem que a música Jardineiro traz, que é semelhante a todas já feitas pela banda desde a estreia Usuário. A função de acabar com a demonização da maconha ainda se faz necessária e a banda ao saber disso continua tentando abrir os olhos dos ouvintes frente a legalização.

O álbum não é perfeito, mas tudo que engloba ele e o momento certo ao qual foi escolhido o lançamento foi cirúrgico. Um álbum que pode não agradar a muitos – principalmente aos conservadores -, mas que ao mesmo tempo vai agradar todas as tribos que a banda historicamente já atrai. Acredito que esse seja o álbum mais bem montado também e como disse anteriormente com a melhor sonoridade e mixagem. Não tem como superar Usuário de 1995, mas temos aqui algo que chega bem perto. Certamente um álbum necessário!

Nota final: 8/10

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