Review: Alter Bridge – Pawns And Kings

É um grande equilíbrio de luz e sombra que mais uma vez me surpreende em seus detalhes óbvios e não tão expressos, e consolida ainda mais a banda como uma das melhores e mais importantes da cena do metal alternativo desse século.

Lucas Santos

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Gravadora: Napalm Records
Data de lançamento: 14/10/2022

Gênero: Metal Alternativo
País: Estados Unidos


Alter Bridge é uma daquelas bandas que mesmo depois de 18 anos fazendo parte da minha vida, ainda me surpreende, emociona, intriga e me deixa excitado como se fosse a primeira vez. Como se ainda escutasse os resquícios do meloso Creed nos primórdios de One Days Remains (2004), ou a conquista de uma identidade em Blackbird (2007), passando pelo dark e carregado ABIII (2010), acelerando e complexando as ideias em Fortress (2013), passando por momentos mais complicados em The Last Hero (2016) ou adicionando ideias e novas e explorando em Walk The Sky (2019).

Cada um dos seus seis prévios discos tem impactos diferentes porém muito importantes na minha vida. O quarteto inseparável formado por Myles Kennedy (vocais), Mark Tremonti (guitarra), Brian Marshall (baixo) e Scott Philipps (bateria) conseguiu sim conquistar um som muito característico que, felizmente, se difere muito de sua antiga e bem sucedida banda, e mesmo assim consegue sucessivamente trazer elementos empolgantes e novos a cada trabalho de estúdio novo. Desde Blackbird (2007) eles se tornaram uma das bandas modernas mais importantes, e para mim, Fortress (2013), seu quarto LP ainda é um dos melhores trabalhos da década. A voz de Myles me encanta constantemente até hoje, e Tremonti virou um dos guitarristas mais importantes da era moderna do rock/metal.

Antes de qualquer detalhe ou qualquer análise sobre o que Pawns & Kings nos entrega, é preciso dizer que, sem exceções, os quatro músicos do Alter Bridge estão em qualquer patamar acima do normal. A voz do agora cinquentão Myles Kennedy parece um pincel molhado com diversas cores que consegue pintar em uma tela branca qualquer tonalidade sem qualquer sacrifício. Os riffs e solos de Mark Tremonti trazem um mistura de complexidade, melodia e peso que se completam quase que inconscientemente. Brian Marshall Scott Phillips completam a cozinha, mais entrosados que o meio campo do Barcelona em 2009. Uma banda que não parece dar sinais de desgaste.

As faixas iniciais This Is War e Dead Among The Living são o cartão de abertura para talvez, o álbum mais pesado da banda até o momento. Dead Among The Living carrega um riff ao estilo Isolation e ao longo do álbum temos um Tremonti mais simples em suas ideias, porém com um peso de uma bigorna por trás de cada nota. Silver Tongue é outro exemplo de música corpulenta mas bastante melódica e um pouco mais acelerada. A grandiosa e longa Sin After Sin tem uma abertura de bateria tribal que quebra um pouco o peso, porém o riff entrega algo mais carregado e sombrio (uma das faixas mais diferentes da banda na carreira).

Stay, onde Tremonti assume o papel principal nos vocais, e Holiday são, eu diria, que as faixas mais “Alter Bridge” de todo o álbum. Tudo nessa parte me lembra a banda; refrão bem cativante e épico, dobradinhas de guitarra que conversam de forma orgânica e uma ponte que traz algo diferente à experiência. Fable Of The Silent Son é a “faixa longa do álbum”, curiosamente a mais longa da carreira da banda (8:22), e funciona muito bem. A entrega de Myles nessa faixa é o ponto forte de sua performance ao longo do álbum. Incrível!

Season Of Promise é a faixa mais fraca para mim, não deixa a desejar mas também não traz nada de interessante ao conjunto. Em contraste, para terminar o álbum, Last Man Standing e a faixa título Pawns & Kings são duas das melhores obras de toda a carreira da banda. Eles realmente deixam o melhor para o final.

É óbvio que o Alter Bridge está junto há 18 anos porque sonoramente eles são realmente coesos como uma unidade. Pawns & Kings mostra isso mais uma vez, um álbum sólido que mostra por que a carreira de quase 20 anos da banda não parece chegar ao fim tão cedo (obrigado!). É um grande equilíbrio de luz e sombra que mais uma vez me surpreende em seus detalhes óbvios e não tão expressos, e consolida ainda mais a banda como uma das melhores e mais importantes da cena do metal alternativo desse século.

Nota final: 8,5/10

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