Por Roani Rock
Esse estilo musical não foi um movimento como o Heavy Metal, Grunge ou o Punk. As bandas principais desta vertente do rock, surgiram meio que desgarradas como um ponto fora da curva de outras vertentes de sucesso.
O Power Pop não é proeminente de uma região específica, da Europa ou dos EUA. A melhor forma de começar a defini-lo é através de suas canções com formato popular – o clássico verso 1, verso 2, ponte, refrão, volta o verso – com guitarras distorcidas, riffs e solos marcantes, backing vocals, melodias chicletes e alegres. O fato mais chamativo do estilo é que os músicos são identificados por algo chocante, seja em sua aparência, nos seus instrumentos, comportamento ou história.
É difícil definir quando começou, tem gente que colocaria o NAZZ como a primeira banda. Mas não seria nenhum absurdo colocar caras como Peter Frampton ou bandas como Small Faces, The Who ou The Kinks como os principais responsáveis por perpetuar esse tipo de estilo já que os Mods dominavam na época e até os caras do Oasis dá para encaixar nesse rolo para tratar do Power Pop. Toda via, aqui nos ativemos a falar dos que são classificados como representantes do estilo e algumas surpresas boas para justificar presença na lista.
O top 10 a baixo está na ordem preferencial do autor da matéria e não tem nenhum outro motivo além desse. Claro que várias ficaram de fora e tem bandas de 2000 que estarão antes de bandas originárias da década de 70, C’est la vie.
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FOUNTAINS OF WAYNE

Se você é fã da música presente no filme The Wonders – Sonho não Acabou de 1996, vai adorar saber que o hit That Things You Do foi escrita pelo líder e baixista do Foutains of Wayne, Adam Schlesinger. Se isso não for motivo suficiente para conhecer o som dos caras, saibam que ela aparece de vez em quando no repertório. risos
Bem, agora vamos tratar do porque o grupo é especial e a razão de estarem na lista. Os álbuns Traffic And Weather de 2007 e Welcome Interstate Managers 2003 trazem argumentos fortes para essa justificativa. O álbum de 2007 se não é uma obra prima é sem dúvida uma obra de arte. Ele traz músicas como Subaru, Yolanda Hayes, Fire in The Canyon, This Better Be Good e mais um par de canções divertidas e perfeitas para tirar qualquer um de um momento depressivo. As faixas certamente trazem um sorriso para o rosto.
Já em Welcome Interstate Managers temos músicas mais pesadas e animadas, prefeitas para serem tocadas em estádios como as poderosas Bright Future in Sales, Stacy’s Mom, No Better Place e Little Red Lights. Algo mais bem trabalhado surgi na composição do álbum com a balada All Kinds Of Time que traz uma forte referência ao Radiohead melodicamente. A banda em si soa como uma boa mistura do Oasis com os primeiros álbuns do Radiohead com vocais bem trabalhados, alá Beatles no álbum Revolver.
JELLYFISH

Esse grupo épico de São Francisco tem uma formação diferenciada, o vocalista e principal vocal é o batera Andy Strumer. Remetendo em certos aspectos ao Queen, principalmente no álbum Split Milk. Infelizmente a banda durou apenas 6 anos – de 1989 a 1994 – rendendo apenas 2 discos de estúdio e uma quantidade infindável de coletâneas.
É interessante que os dois álbuns parecem realmente uma continuação de trabalho. O primeirão Bellybutton funciona mais como um cartão de visitas psicodélico com That Is Why e um pouco de influência de jazz e Beatles nos casos de The Man I Used to be, She Still Loves Him e Now She Knows She’s Wrong.
Já o citado Split Milk sobressai em termos de qualidade e inspiração. Se vê muito dos Beach Boys em termos de melodia e as temáticas das músicas ao nível de Brian Wilson. New Mistake é o grande hit dos caras e músicas como All Is Forgiven e Joing a Fanclub são uma experiência indescritível. O Power Pop está lincado quase que como um sinônimo para a palavra maravilhoso, então vocês verão essa palavra ser usada muitas vezes.
HANSON

Pode parecer piada, mas esses três irmãos colocados como boy band que encantaram muito os jovens do mundo inteiro na década de 90 e 2000 erradamente pela beleza, saiba que não é piada e que os loiros de Oklahoma tiravam um som fantástico.
Os moleques lançaram Middle Of Nowhere em 1997 e além de Power Pop da para enquadrar várias das músicas no estilo funk e naquele pop melódico do fim dos anos 80. Além da já citada MMMBop…, temos grandes acertos como Speechlees e Where’s The Love. Já em I Will Come To You e Lucy vemos composições de gente grande, power balads de nível do Bee Gees ou Michael Jackson.
Na virada do século lançaram o disco This Time Around mostrando um gradativo amadurecimento, lançando a melhor composição deles chamada Save Me. Quem não consegue ser atingido pelos belos vocais dessa música e emocional refrão não possui sentimentos.
A medida que foram crescendo os jovens que começaram suas carreiras aos 16 (Isaac), 13 (Taylor) e 11 (Zac) anos respectivamente, cada um dos irmãos seguiu com projetos além do Hanson como a super banda Tinted Windows que contava com os vocais de Zachary. Este apesar de ter sido um fracasso em vendas, uniu monstros de diversas bandas presentes aqui na lista como o Fountaines of Wayne, Cheap Trick e Smashing Pumpkins.
O Hanson lançou o seu último álbum de inéditas em 2013, o sétimo da carreira, chamado Anthem um álbum bem legal, pós isso lançou coletâneas e em 2018 lançou String Theory contendo canções novas e os clássicos acompanhados de uma orquestra. Isso mostra o quanto é diferente fazer música já com uma família consolidada com filhos e esposas se comparado a compor na juventude sem nenhuma obrigação além de se divertir.
E assim como foi para Michael Jackson para cantar as músicas do Jackson 5 depois de velho aos 30 anos a dificuldade de ter que cantar os sucessos que com a voz de criança ficavam sublimes em seus agudos e agora precisar de adaptação dos arranjos para a condição atual da voz. De todo modo dê uma chance aos caras e preste atenção na riqueza sonora.
BADFINGER

Uma verdade inquestionável é que o Power Pop não existiria sem os Beatles. Não só em termos de influência musical, mas também pela função empresarial. Prova disso é o Badfinger. Eles começaram suas carreiras assessorados por ninguém menos que o guitarrista George Harrison ao ponto de terem virado a banda de apoio dele acompanhado-o por exemplo no histórico Concert for Bangladesh.
Formada inicialmente com o nome de The Ivery por Pete Ham e Tom Evans com a chegada de Joey Molland para a guitarra mudaram o nome para Badfinger. O então Beatle Paul McCartney – que deu grande apoio ao grupo nessa fase de sua carreira – entregou-lhes a música Come and Get It, que fazia parte da trilha sonora do filme The Magic Christian (no Brasil, “Um Beatle no paraíso“). Evans foi o escolhido para fazer a voz principal da canção, que ficou entre as 10 mais pedidas na parada da revista Billboard.
A parceria com os Beatles e selo Apple foi breve devido a inexperiência de Mal Evans em produção e da banda, mas isso não desmotivo a banda que seguiu com o comando de Pete e Tom que se tornaram o núcleo criativo, o guitarra base e o baixista respectivamente, que conseguiram dar suas vozes a sucessos como Maybe Tomorrow, No Matter What, Baby Blue, Day After Day entre outras.
Após esse eminente sucesso passaram os anos 70 com um som mais cru e de garagem, sendo a única banda genuinamente britânica a ter a melhor vendagem desde os Beatles. Infelizmente a banda se meteu com péssimos administradores do seu sucesso, incluindo o empresário Stan Polley. Essa situação impactou tanto o Badfinger que no dia 24 de abril de 1975 Peter Ham cometeu suicídio.
O álbum No Dice é a principal dica que pode ser dada para conhecê-los. Praticamente o álbum de estreia, nele você encontra poderosas canções como I Can’t Take It e preciosidades como a balada Without You conhecida mundialmente na versão da Mariah Carry.
*Vale muito a pena conhecer a fundo a história dos caras, é um drama terrível porque além de Peter Ham teve também o suicídio de Tom Evans decretando assim o fim definitivo da banda. Por função dessa última informação recomendo o álbum Wish You Here de 1974, último com a formação original.
RASPBERRIES

Uma banda que traz a simplicidade fugindo do conceito épico e pomposo que vinha sendo adotado pelas bandas da década de 70. Como marca registrada das bandas pertencente ao Power Pop é um grupo que serve como um ponto fora da curva que caminhando lado a lado com o Badfinger trazia canções pop de qualidade e excelência.
Provenientes de Ohio, os Raspberries se formaram no ano de 1970 tendo como membros fundadores Eric Carmen, Wally Bryson, Jim Bonfanti e John Aleksic. No final do mesmo ano, este último integrante deixa a banda, sendo substituído por Dave Smalley. Esta é a formação clássica que gravou os maravilhosos álbuns Raspberries (1972), Fresh (1972) Side 3 (1973), Starting Over (1974), todos pela gravadora Capitol.
Para mostrar a importância desses caras, a música Go All The Way, o maior hit da carreira, presente no álbum de estreia Raspberries de 1970 esteve presente na fantástica trilha sonora do Guardiões da Galáxia. Essa trilha sonora é muito importante pois colocou muitas pessoas em contato com algumas músicas e bandas com as quais dificilmente teriam contato. Raspberries é uma dessas que certamente ganhou seus primeiros fãs em anos por conta do filme da Marvel, e isso é ótimo.
O disco de estreia parece uma tentativa de recriar os Beatles, além da fantástica Go All The Way não se encontra nenhum outro grande acerto. Muitas baladas, Don’t Want To Say Goodbye pode ser uma das mais recomendadas, entretanto, nada que os Beatles não tenham feito primeiro e melhor.
Já no segundo álbum eles conseguiram achar seu próprio estilo, com os vocais de Eric Carmen o mundo pode presenciar o nascimento de uma versão pop de Steve Marriott, líder do Small Faces que nessa época já tocava para o caminho do Hard Rock com o Humble Pie. Músicas como I Wanna Be With You, Let’s Pretend e Drivin’ Around mostra uma evolução considerada com inspiração em Beach Boys e The Who mais fortes do que os rapazes de Liverpool.
Mas o álbum mais recomendável desses caras de Ohio é o Side 3. Esse álbum é perfeito, é uma das masterpiece do Power Pop. Tonight, Last Dance, Making It Easy, On The Beach, Hard to Get Over a Heartbreak, I’m A Rocker, Should I Wait, Ecstasy e Money Down. Não tem como você pular uma faixa se quer e captar a mensagem e diversão de todas as músicas é importante.
Em 1974, Começam incessantes turnês pelos Estados Unidos, calibrando o som e apresentando novos integrantes. Gravam Starting Over e conheceram John Lennon nos mesmo estúdio, surgindo até rumores de que o ex Beatle ajudou nas mixagens do álbum. No mesmo período, a banda toca no Central Park por ocasião de um evento gratuito organizado por Lennon e Harry Nilsson.
Passado um tempo, assim como ocorreu com o Badfinger a banda se separou em 1975. Mas neste caso sem ser por conta de uma morte. No caso do Raspberries a saída em carreira solo de Eric Carmen e o maldito single All By My Side que cavaram a tumba de uma das melhores bandas que Ohio já teve.
Chegaram a fazer um reencontro em 2000 com a formação clássica, fazendo um story tellers para o canal VH1 em 2005. Já em 2007 gravam seu primeiro álbum ao vivo, o excelente Live on Sunset Strip recheado de hits.
WEEZER

Com certeza a banda mais bem sucedida dentre as pertencentes ao gênero. O Weezer é fora da curva até dentro do Power Pop já no álbum de estreia conhecido como Blue Álbum. Isso porque, como toda banda vinda dos anos 90, eles sofreram uma forte influência do Grunge em termos melódicos e peso.
A banda californiana atualmente é constituída por Rivers Cuomo (vocalista e guitarra), Patrick Wilson (bateria, guitarra e voz de apoio), Brian Bell (guitarra, voz de apoio e teclado) e Scott Shriner (baixo, voz de apoio e teclado). Mas nos primórdios contava com os membros para a guitarra e baixo Jason Cropper e Matt Sharp. Com essa formação lançaram os dois discos mais criativos e de melhor vendagem.
O Weezer Blue Álbum 1994 tem três petardos do grupo. My Name Jonas – música presente no game Guitar Hero -, o maior hit de todos Buddy Holly e a dançante balada Say It Ain’t So. Eles mostram nesse trabalho inspiração em bandas como Proclaimers, Elvis Costelo e outras figuras do Power Pop. Recomendadíssimo!
Após um primeiro álbum tão incrível ficava a dúvida se sobreviveriam ao segundo álbum e conseguiram. Indo ainda mais para o grunge, foi menos referenciado apesar da qualidade das canções que tinham temáticas duras e melancólica. O Green álbum de 2001 traz de volta a alegria e sarcasmo do grupo. Com Mikey Welsh assumindo o baixo, eles trazem o flerte com o pop punk que é o forte de uma banda amiga chamada Green Day. Island In The Sun foi o grande hit mas recomendo o álbum inteiro, principalmente para quem pratica esportes radicais.
O Weezer é popular por fazer seus álbuns sempre receberem influências diferentes. Eles não seguem um modelo, todo álbum parece uma obra separada e quase que as músicas não se relacionam. Os álbuns seguintes Maladroit, Make Believe e até o Red Album tiveram algo em comum, eles sofreram duras críticas da imprensa especializada.
O que de certa forma é estranho já que Rivers Cuomo estava cada vez mais inspirado, mesmo que de uma forma depreciativa ou cética com relação ao mundo. Ele ao fim de 2002 com Malodrot teve certo destaque por causa de canções maravilhosas como Keep Fishin, mas entrou para um modelo de yoga que transformou o nerd líder, guitarrista e vocalista. Ele fez um curso de meditação guiada, na qual aprendeu as técnicas anciãs de Vipassana (meditação introspectiva) e de Metta (benignidade), encorajando aqueles que praticam a “procura do perdão de todos aqueles que magoei em acção, em discurso ou em pensamento“.
Muito perceptível nas canções do Make Believe que duraram 3 anos de trabalho de composição para a formação do álbum. Esse álbum ia ser feito pelos fãs através de uma votação no site oficial da banda mas Cuomo mudou de ideia e escolheu todas as canções. Destaque para a escrachada Beverly Hills, perfect situaton, Pardon Me e We Are All on Drugs que estavam bem mais pessoais.
E depois no Red Album de 2005 abriu espaço para o restante da banda compor também como já tinha acontecido no Blue. Não foi tão bem em vendagens, e a banda entrou em uma pausa para que em 2009 viesse com o excelente Raditude, que teve o como destaque o hit (If You’re Wondering If I Want You To) I Want You To. A banda voltou a ficar nas cabeças.
Com a chegada da nova década o Weezer ficou bem proativo. Entraram num processo árduo de composições e lançaram em 2010 dois álbuns. Hurley com inéditas e Death to False Metal uma compilação com raridades que nunca tinham sido escutadas pelo público geral.
Tem quem diga que a partir de 2014 com o Ric Ocasek, responsável pelos melhores álbuns do grupo tomou as rédeas de gravação e lançaram Everything Will Be Alright in the End mas após isso tem quem diga que Cuomo se perdeu nos álbuns seguintes White e o Pacific Daydream até o ponto de 2019 onde fizeram releituras de grandes clássicos dos anos 80 e 70 com o Teal Album e o drástico Black Album.
Seguem sendo influentes e foram responsáveis diretos pela onda de bandas que surgiram entre 2000 e 2014 que figuravam o estilo hardcore melódico. E tudo bem já que seguem fazendo o power pop figurar canções de artistas de outros sub-gêneros do rock.
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