Bem vindos a mais um revisando clássicos, aqui analisamos discos atemporais que, de alguma forma, marcaram a história da música de maneira revolucionária. Traremos uma introdução ao álbum contando fatos que o fizeram importante para a carreira da banda, um faixa-a-faixa e por fim, citações das principais mídias especializadas em reviews. Hoje vamos falar do visceral disco de estreia do Wolfmother que abalou as estruturas do mundo da indústria da música nos anos 2000.

INTRODUÇÃO AO ÁLBUM
O ano é 2005, estamos no início do novo século e o rock passava por mutações com uma diversidade de novos subgêneros e decadência de outros. Os anos 2000 começaram com o movimento grunge americano e o Britpop saturados, o Guns N’ Roses sumido com a promessa de um álbum de inéditas com uma nova formação que só teria o vocalista Axl Rose como membro original. Em 2001 surgia o Audioslave formada por membros do Rage Agains The Machine mais o vocalista Chris Cornell e em 2004 Surgiu outro supergrupo, o Velvet Revolver que contava com Slash, Duff, Matt Sorum (todos ex-Guns N’ Roses), o guitarrista Dave Kushner e Scott Weiland, ex-vocalista do Stone Temple Pilots, quebrando a banca.
Esse período em que surge Audioslave e Velvet é bem rico, estes indicavam uma direção para onde novas bandas podiam seguir, mas tinham também grupos que iam do indie para o rock alternativo ditando a moda na Europa e USA. Nessa época, excelentes discos foram lançados por Queens Of Stone Age, The White Stripes e Stereophonics, trabalhos que foram importantes para consolidar suas carreiras.
Fora do mainstream, surgiram duas bandas que trouxeram uma retomada ainda mais escrachada dos riffs em power chords com um som mais pesado através de seus álbuns de estreia, o que possibilitou o mundo a conhecer revelações promissoras que ajudaram a permear a paisagem musical da década. As bandas são os ingleses do The Darkness que em 2004 trouxeram o irreverente Permission To Land e os australianos do Wolfmother que e em seu disco autointitulado traziam no som uma ode a bandas como Led Zeppelin e Black Sabbath. Hoje vamos destrinchar a origem do debut que é um petardo sônico que parece ter vindo de “outra dimensão”.
O power trio é oriundo da Austrália e tem como bandlider um cara bem atípico para sua geração. Nascido em 1976 e criado principalmente em Brisbane, capital do estado australiano de Queensland, o afro-esportivo Andrew Stockdale começou a tocar hard rock, heavy metal e psicodelia desde cedo e rapidamente se tornou um guitarrista talentoso. Ainda assim, na virada do século 21, ele estava ganhando a vida apenas como fotógrafo em Sydney quando conheceu o designer gráfico Myles Haskett, também aspirante a baterista. Haskett então apresentou Stockdale ao baixista / tecladista e designer digital Chris Ross, e o trio começou a tocar em privado, fora de seus empregos diários.
A química foi instantânea e logo começaram a consolidar o que veio a ser aquele som dominado por uma parede de guitarra difusa e o falsete tenso de Stockdale contra uma bateria forte e ritmo de órgão com alguns ótimos graves do baixo que bem conhecemos. Eles foram para o estúdio Velvet Sound em Sydney, pertencente aos donos de uma loja de guitarras que Stockdale costumava frequentar. Depois de alguma deliberação, a banda finalmente mergulhou e fez seu primeiro show ao vivo em 14 de abril de 2004 no Hopetoun Hotel em Surry Hills em New South Wales, e de lá eles começaram a fazer incontáveis shows em Sydney e arredores, criando um buzz da indústria local no processo.
Com esse crescimento, assinaram um contrato com o selo australiano Modular, que logo convenceu os rapazes a ir para a américa gravar descentemente o EP autointitulado de estreia no Ghetto Studios em Detroit. Esse trabalho que tinha só a fase primal de faixas como Dimension, Woman e White Unicorn chamaram a atenção, simplesmente do renomado produtor David Sardy que trabalhou com o Oasis. A banda e o produtor se alinharam e começaram a trabalhar na pré-produção de mais músicas e retrabalharam o que já tinham, ensaiando solidamente por seis semanas no Cherokee Studio de Hollywood, antes de se mudarem para o famoso Studio City, Van Nuys, o mesmo complexo que o Nirvana reservou para gravar Nevermind com Butch Vig. Assim o primogênito disco com 13 músicas do Wolfmother saiu.
A estreia homônima do Wolfmother foi lançada na Austrália no dia 31 de outubro de 2005 e depois internacionalmente pela Interscope Records no ano seguinte. Entrou no ARIA Top 40 em sua posição de pico de No.3, e apareceu nas paradas até meados de 2007, quando foi certificado de platina cinco vezes. Na “gringa” atingiu o 25º lugar no Reino Unido e no 22º na Billboard 200 dos EUA, ganhando o certificado de disco de ouro em ambos os países, bem como no Canadá e na Alemanha. Vendeu 1,3 milhão de cópias em todo o mundo e o ímpeto da banda continuou a crescer ao longo de 2006.
Eu vejo aquele disco como uma ode aos meus vinte anos. Eu tinha 29 anos quando fiz ele. Era como ‘Aqui estão todas as bandas que amo e todas as músicas que amo’, e coloquei tudo em minha própria ode, àquela época da minha vida. Esse é apenas o caminho da arte e da música. As pessoas são inspiradas por pessoas que vieram antes delas e usam isso no que fazem. Coisas com as quais você cresce, inspiram você e você meio que transforma isso em seu próprio estilo.
Andrew Stockdale para o site Medium em 2015

FAIXA-A-FAIXA
Um faixa-a-faixa se torna conveniente. Seguiremos a ordem numérica já que elas todas tem sim a sua importância, não só em termos mercadológicos, mas também para a história dos aqui envolvidos.
Dimension
Nessa música, após o início com um “wow”, o vocalista do Wolfmother, Andrew Stockdale, canta sobre ser transportado para “Another Dimension“, com a perspectiva de viajar no tempo. Essa música contém algumas referências a Jimi Hendrix. Principalmente na parte da letra “Purple haze was in the sky. See the angel’s wicked eye. All these things we must try. Until we see the reasons why“, todas tiradas de citações líricas de diferentes trabalhos de Hendrix.
Outras curiosidades bacanas frente a música é que o Wolfmother gravou ela em Palm Desert, Califórnia, no mesmo local em que o Pink Floyd ensaiou seu clássico álbum The Wall. uma semana antes do lançamento europeu de Wolfmother , “Dimension” foi lançado na Europa como o terceiro single da banda. A canção alcançou a posição 38 na Scottish Singles Chart , a posição 49 na UK Singles Chart e a número 1 na UK Rock & Metal Singles Chart. O videoclipe foi feito por The Malloys que assinou todos os outros dos singles do álbum. Steven Gottlieb da VideoStatic descreveu-o como um “vídeo sem frescuras” que “usa uma mistura de filme granulado [preto e branco] e colorido para capturar uma performance ao ar livre”. Ela é a música tema de um especial da HBO chamado Tourgasm , estrelado pelo comediante Dane Cook.
White Unicorn
De acordo com a revista Rolling Stone , para compor a letra dessa música Stockdale foi inspirado por uma modelo que vira na televisão vestindo uma “camisa branca de unicórnio com o animal estendido sobre os ombros“.
Essa música é incrível, tanto o riff estridente e leve dos versos quanto os bem pesados e distorcidos em pleno fuzz no refrão ala Black Sabbath são tão sedutoras quanto a imagem da capa do álbum feita por Frank Frazetta ilustrador de revistas de Heavy Metal. Tudo sugere uma época e lugar diferente, sim, os anos 70. A música do Wolfmother “fede” a década de ouro do rock ‘and’ roll.
Vale frisar o trabalho feito nas linha de batera por Myles Hesket, é assustadoramente forte e preciso. Se é necessário expor em som e imagem um sinônimo para a palavra visceral, basta mostrar o que foi feito pelo batera aqui.
Woman
Woman vem na sequência com uma grande explosão, provavelmente o maior hit ao lado de Joker & The Thief. Aqui temos outra coisa que impressiona além do seu clássico formato hard setentista e não falo da forma de cantar e tocar ala Cream de Stockdale, mas sim os teclados alucinantes de Chris Ross em seu momento de solar. Ele não deve em nada a Ray Manzarek do The Doors, certamente uma grande referência a sua forma de dedilhar no ébano e no marfim.
Segundo o guitarrista, inicialmente o formato da música era mais funkeado e ao passar dos anos foi alterado para a forma stoner com a qual ficou registrada. Ele disse isso ao Medium em 2015.
Essa foi a primeira versão, algo que fiz em 1999. Chris, que tocava baixo no Wolfmother na época, tinha um estúdio caseiro e eu meio que participava de tudo o que eles estavam fazendo. Um dia eu pensei, ‘Ei, eu tenho uma música, você se importa se eu gravar?’ Acho que foi por volta do início dos anos 2000 que decidi mudar os acordes inteiramente e torná-la uma música guiada por riffs de guitarra. Eu mantive a letra e a estrutura da música, mas mudei os acordes, então apenas transpus tudo para uma estrutura de acordes, fiz o andamento diferente e trouxe a bateria, o baixo, as teclas e cantei de uma maneira diferente. Foi como pegar uma música do gênero funk e transformá-la em uma música do Deep Purple. Eu fiz isso na minha própria música, fazendo uma versão rock de ‘Woman’, e a versão rock de ‘Woman’ acabou se tornando o próprio Wolfmother!
Andrew Stockdale, Medium, 2015
Aqui o vocalista Andrew Stockdale canta sobre uma mulher muito atraente que o entende. Essa “mulher” apresar dele ter dito em outros momentos em tom sarcástico que era uma namorada, é, na verdade, a cidade de Sydney na Austrália, onde Stockdale morava quando escreveu a música. “Foi uma impressão geral viver nesta bela cidade no porto“.
O clipe é bem dinâmico assim como a faixa, ele traz um efeito psicodélico que parece que a banda está sendo amassada como uma folha de papel ou de revista e fica tudo retorcido e contorcido com uma modelo de cabelos vermelhos e outra de cabelos negros trajadas de preto, trazendo mais um pouco da vibe 70’s. Esta música é uma faixa reproduzível no videogame Guitar Hero II para os sistemas de videogame Playstation 2 e Xbox 360 e faturou o prêmio de Melhor Performance de Hard Rock no Grammy Awards de 2007, o que deu uma guinada na carreira do power trio.
Where Eagles Have Been
Essa música tem um ar celta, com uma introdução e primeiros versos em uma tocante melodia acústica até que entra a porradaria hard que conduz o disco todo. A crueza da letra que fala sobre uma viajada perspectiva de aproveitar a vida é interessantíssima e a linha do baixo é tudo que precisamos ouvir, vai na linha de canções feitas que funcionam melhor na versão de estúdio, um pouco sem o poder de apresentação ao vivo das tocadas até aqui, mas que traz certo climax quando executada em turnê.
O que eu fazia naquela época, como quando comecei. Tinha uma bateria na sala, guitarra elétrica e um microfone, eu apresentava ideias sozinho – quase “preparava” as ideias. Ai quando você convida seus amigos ou músicos para entrar na sala, é bom ter um ponto de partida, algo para eles fazerem, então preparei uma introdução, um verso, um refrão e uma linha vocal, e então arranjamos juntos. É assim que tenho feito.
Andrew Stockdale, 2015
Apple Tree
Essa é uma faixa punk, soa como New York Dolls um tanto e ao mesmo tempo com a agressividade do MC5, pode ser depositado alguma coisa do The White Stripes aqui também. Frente a essa fácil associação do som das músicas o guitarrista Andrew Stockdale falou para o Medium.
Parece que as pessoas tratam a influência como uma crítica, como se fosse um ‘Eu te peguei, você estragou tudo’. Acho que as pessoas veem como uma fraqueza ter influência. Com toda a franqueza, acho que é uma forma insincera e pretensiosa de se portar como artista e é um desrespeito ao passado. Acho que todo artista deve reconhecer as pessoas que vieram antes deles e que os influenciaram. Se não o fizerem, é como se eles só quisessem ser rotulados como um gênio, como se eles tivessem inventado tudo sozinhos e receber o máximo de adulação possível.
Andrew Stockdale, 2015
A faixa ficou conhecida por aparecer no terceiro filme da trilogia Hangouver ou Se Beber Não Case (na versão em português) ressoando em 2013. A banda teve outras músicas de seu debout tocada em outros filmes da sequência, a já comentada Woman toca no segundo filme de 2011 junto a Love Train e a próxima música que iremos tratar (que é a mais importante do álbum) tocou no primeiro filme lançado em 2009 o que ajudou ainda mais a divulgar o disco.
Joker And The Thief
Essa música foi inspirada nos personagens do curinga e do ladrão da música de Bob Dylan, All Along the Watchtower. Nessa nova interpretação, o ladrão é uma garota – uma “ladra da noite”. No início ela possuía outro nome e letra, inicialmente se chamaria “Not Goin ‘Home”. Mas acertadamente trocaram tudo o que terminou fazendo com que ficasse mais atrativa como bem sabemos. Essa versão primal está no relançamento de 10 anos da obra.
Em uma entrevista com ultimate-guitar.com , o vocalista do Wolfmother, Andrew Stockdale, disse:
Eu roubei totalmente de Dylan. Certa manhã, eu estava em uma loja que tocava aquele som do AC / DC, Thunderstruck, e eu estava tipo, ‘Eu quero escrever uma música de rock de arena!’ Entrei no estúdio e disse: ‘Doo-duh-lee, doo-duh-lee(fez o som da guitarra com a boca) Qual é a melhor coisa a fazer depois disso? Basta fazer algo mais limpo – Doo, doo, doo.’ Porque, você sabe, você tem que ter uma grande introdução e então você tem que ter um riff que vai direto ao ponto para bater as cabeças na próxima fase.
Stockdale, 2015
Esta é a faixa mais popular do primeiro álbum do Wolfmother, e o single de maior sucesso da banda dentro da Austrália, onde alcançou a oitava posição. Em sua entrevista para o Songfacts , Andrew Stockdale explicou que ele trouxe 15 músicas ao estúdio para a banda trabalhar no álbum, e só depois de compor elas que ele criou a Joker & The Thief. “No final de toda essa energia e fluxo criativo, rapidamente pego algumas ideias e essa faixa estava no final de todas aquelas escritas anteriormente.“
A sua divulgação ocorreu primeiramente pelo clipe e filmes do Jackass, depois na trilogia Hangouver, Shrenk terceiro, os jogos Need for Speed: Carbon e MLB 07: The Show, além dos comerciais das empresas Mitsubishi e Peugeot. É uma faixa onipresente e isso é bem justificável, já que foi o grande acerto do Wolfmother.
Colossal
Essa faixa é uma pedrada, combina bem com seu título. Reta e direta ao ponto, tem essa aura de stoner rock / grunge e combina um pouco com o som presente no trabalho do White Stripes. Andrew Stockdale, Chris Ross e Myles Heskett conseguem se diferir do power duo norte-americano formado por Jack e Meg White na questão de ter mais instrumentos, e em função disso o som sair mais cheio e preenchido, ganhando uma cara mais própria. Mas, em termos de sonoridade, são como se fossem “bandas irmãs” devido a similaridade até na forma de cantar. Entretanto, há muito de Soundgarden aqui também, é como foi dito na review do All Music, “A culpa é de sua juventude – tudo isso era novo para eles, então os wolfmother absorveram de uma vez e rapidamente regurgitaram de uma maneira que não fará muito sentido para alguém familiarizado com suas inspirações.”
Mind’s Eyes
Duas semanas antes do lançamento doméstico do álbum de estreia auto-intitulado da banda, Mind’s Eye foi lançada como o single de estreia do Wolfmother na Austrália em 16 de outubro de 2005. A épica balada do álbum é cheia de climas e nuances, um break que dá voz aos teclados em um solo de Chris Ross adentra o refrão “Come and see the mind’s eye, We can find it if we try“, que fica ressoando como um mantra enquanto Stockdale e Heskett fazem um ataque brutal em seus instrumentos.
O single estreou no Australian Singles Chart na posição número 29, permanecendo no top 50 por quatro semanas consecutivas. Todavia, não há uma justificativa para o sucesso em termos de marketing e promoção do trabalho, o guitarrista e vocalista da banda foi bem enfático ao dizer que não moveram um músculo e que o crescimento e fama da banda veio mais por conta dos clássicos meios de divulgação utilizados em todas as épocas: o boca-a-boca e o jabá da gravadora.
Foi muito emocionante estar envolvido em algo assim, pré-Facebook, pré-MySpace, pré-Twitter. Com toda a honestidade, não fizemos nenhum esforço para nos promover. Todos queriam um pedaço, todos queriam defender nossa causa. Foi uma coisa bizarra. Quando algo decola, todo mundo adora. E porque todo mundo adora, todas essas coisas maiores querem se apossar dela. Você está meio maravilhado, porque pensa ‘Este meio de comunicação, ou esta estação de TV, ou esta revista normalmente não seriam associados a nós, mas vamos concordar com isso de qualquer maneira.’
Stockdale, para o Medium em 2015
Pyramid
Aqui temos uma forte presença do baixo de Chris Ross, na cavernosa Pyramid ele que comanda o ritmo. É um belo blues stoner, cujo o refrão vai na onda das músicas do Yes quando surge o teclado de Ross, essa é a consagração do cara sem sombra de dúvidas.
A passagem do primeiro verso “Can you see it’s full of lightning All the futures that I see are whitening See the time of yesterday Become the time that we have today” (“Pode ver que está cheio de luz e os futuros que vejo estão se clareando, Veja o tempo de ontem torne-se o tempo que temos hoje” traduzido para o português) apesar de ser clichê é uma das mais criativas do álbum.
Witchcraft
Esse blues hard nos leva até a inspiração do Deep Purple para o som da banda, poderia facilmente ter sido composta por Ian Gilan, Roger Glover, Ritchie Blackmore, Jon Lord e Ian Piece. Interessante que essa faixa tem a inclusão de solos de flauta que traz uma associação imediata também outro grupo que perambula pelo hard rock, o Jethro Tull.
A Pitchfork categorizou da seguinte forma a faixa. “Em Witchcraft , a banda evoca Jethro Tull com um solo de flauta de Canterbury que deveria soar forçado ou piegas, mas o contexto é tudo, e em contraste com a pancada da Wolfmother, é um ajuste natural.”. Já o Louder Sund conseguiu associar a música a um clássico dos anos 90, a Riverboat Song do Ocean Color Scene.
Tales From The Forest Of Gnomes
Esse som é provavelmente o mais lisérgico do disco, o título dela é muito sugestivo e nos leva a pensar em diversas referências de bandas que usavam desses títulos folclóricos em décadas passadas. Como Stockdale bem deixou claro, não vê problemas em associações, e que este álbum é uma ode a todos as bandas que o influenciaram. É bom frisar que o reconhecimento dessa celebração aos 70’s foi notado pela provavelmente maior dentre todas as influencias do Wolfmother.
Quando o lendário Led Zeppelin foi introduzido no UK Music Hall Of Fame em novembro de 2006, eles endossaram publicamente o Wolfmother, convidando Stockdale, Ross e Haskett para aparecerem como seus convidados especiais e apresentarem ‘Communication Breakdown‘ – um dos muitos destaques do álbum de estreia do Zep, e uma música que já aparecia com frequência nos shows da banda. Depois disso, os australianos ganharam mais aceitação mainstream quando ‘Woman’ foi aclamada pela crítica ganhando o prêmio de Melhor Performance de Hard Rock no prestigioso Grammy Awards de fevereiro de 2007.
Love Train
O vocalista do Wolfmother, Andrew Stockdale, poderia até estar brincando quando disse ao San Diego Tribune que sua banda soava como “uma mistura da jovialidade de Earth, Wind And Fire com a intensidade do Black Flag”, mas ele riu por último através de Love Train. Temos aqui o quinto single do disco e a música mais interessante do setlist. Totalmente fora da curva mediante aos outros sons, Love Train traz boogie, traz funky, traz sexy apple, revela toda a estética de jeans denim sem deixar de soar como rock de garagem devido a utilização excessiva de fuzz. E engraçado que ela foi conhecida por aparecer em um anúncio de iPod.
O videoclipe de Love Train foi dirigido por Jay Martin, que o descreveu como uma combinação de “retratos da banda e performance épica e heróica”. O single em CD apresentava uma versão ao vivo do single ” Woman ” gravado na estação de rádio Triple J , bem como o videoclipe; uma versão em disco de 12” do single foi lançada posteriormente em 2007, apresentando uma série de remixes da banda eletrônica inglesa Chicken Lips .
Vagabond
A faixa que fecha o álbum é totalmente destoante, soa como um folk rock guiado pelos teclados e violão com o bumbo pesado como chumbo. Ela termina entrando num transe similar as músicas do Velvet Underground que misturam calmaria e pressão, o pitschork acertadamente a designa como “pantanosa”. Em 2009, a música foi usada no filme 500 Dias de Verão e isso é o máximo que posso falar sobre ela. Acho que essa música foi o único erro do álbum ao ser colocada para encerra-lo.
O Que disse a Mídia?
As críticas ao álbum de estreia foram amplamente positivas apesar de alguns meios tirarem uma forra pelo uso dos teclados para solos e o fácil apontamento de influências. Wolfmother vendeu 1,3 milhão de cópias em todo o mundo e o ímpeto da banda continuou a crescer ao longo de 2006. Em março, o álbum liderou o Top 10 de 2005 para os leitores da influente revista de rock norte-americana Rolling Stone. Após o lançamento do debut, ao Yahoo! o crítico Rob O’Connor anotou-os como o número 15 em sua lista de ‘The Greatest Australian Acts‘ em seu blog ‘List of the Day‘. Além disso, ele comparou seu som a ser mais reminiscente de bandas de rock psicodélico como o Blue Cheer, Toe Fat Revival, Bloodrock e Frijid Pink ao invés de compará-los a bandas de hard rock / metal diretas como Black Sabbath. Lars Ulrich, o baterista do Metallica, deixou registrado ser um grande fã do álbum simplificando como “incrível“, e que após seu lançamento iria ouvi-lo “todos os dias“.
Esse som estrondoso que você ouve é o trem de carga em movimento da campanha publicitária que será despejado nos Estados Unidos em um futuro próximo, enquanto as sensações australianas WOLFMOTHER fazem seu caminho tardio para nossas costas. Este trio enxuto e poderoso poderia realmente preencher a lacuna entre o rock stoner underground e os STROKES e WHITE STRIPES – que amam a intelectualidade “alternativa” do mainstream. Nada mal para uma banda que, basicamente parece como a união do Robert Plant frente ao BUDGIE!
Keith Bergman sobre o ep que desencadeou no disco pelo BlabberMouth.net, 2005
Há um momento de oito canções e três minutos e 15 segundos na estreia do power trio Wolfmother de Sydney – no single anterior e destacado ‘Mind’s Eye’ – que não pode ser descrito como outra coisa senão chocante. É uma música que tocamos muitas vezes no escritório da NME, criando a trilha sonora de nossa busca diária para inventar sub-gêneros ridículos de pop e ansiando pelo purê de batata na cantina. No entanto, toda vez que as guitarras grandes e antigas do refrão se transformam em pó, quando a grosa rebitada de ferro do cantor Andrew Stockdale dá seu último suspiro e o meloso órgão de valsa no parque de diversões com meia-oitava ganha vida, bem, não poderíamos ficar mais chocados se Tim Jonze admitisse que pode estar errado sobre gostar do novo álbum do Keane.
James Jam, NME, 2006
Normalmente, Wolfmother toca direto ao ponto, empregando a matéria-prima de algumas das bandas de prog / metal originais assinadas com a Vertigo Records da Inglaterra durante o auge do selo de 1969-71: “Colossal” explode com acordes poderosos e riffs confusos, enquanto o vocalista Andrew Stockdale nitidamente traz vocais esvoaçantes pelos espaços abertos do ritmo. “Woman” é um monstro impulsivo e otimista com teclados espaciais com flexão progressiva. Mas eles também testam seus limites em faixas como “The White Unicorn”. Seus compassos de abertura relembram o lado mais suave do Led Zeppelin com acordes de guitarra dedilhados e Stockdale colocando seu “melhor Robert Plant” a tona, mas as batidas de bateria inevitavelmente é p que dá as boas-vindas ao rock, levando a uma ponte psicodélica extasiante.
Cory D. Byrom, Pitchfork, 2006
Lembro-me de Wolfmother ser parte de um movimento maior que o “rock is back” no meio da adolescência, que também incluía bandas populares como Darkness e White Stripes, bem como bandas que rapidamente desapareceram na obscuridade, como Living Things e Priestess. Wolfmother , o álbum, é uma viagem cheia de confusão e diversão (vários significados se aplicam) de volta aos dias de glória do rock de estádio, risers de bateria e riffs empilhados em riffs empilhados em mais riffs. Para mim, o álbum vem carregado com a satisfação mais imediata em canções como Woman , White Unicorn e Joker And The Thief . Mas outras audições revelam os encantos de backburners como a balada para o rocker Mind’s Eye , a estrondosa Pyramid , Witchcraft em flauta, mas com solo de flauta , e o trovejante Vagabond .
Michael Kay, Louder Sound / Classic Rock, 2020
Um comentário sobre “Revisando Clássicos: Wolfmother – Wolfmother”