Por Roani Rock
Estamos no mês do “dia mundial do Rock”, no Brasil graças a uma campanha promovida por duas rádios paulistas em 1990 a data é consagrada no dia 13 de julho, já para os americanos a data ficou exclusiva para o dia 9 de julho.
13 de julho foi escolhido devido ao mega evento que ocorreu em 1985 chamado Live Aid, um show simultâneo em Londres, na Inglaterra, na Filadélfia e é claro, nos Estados Unidos. Essa foi a primeira vez que grandes ícones se reuniram em um palco: a volta do The Who e Led Zeppelin, os estourados Status Quo, Dire Straits, Madonna, Scorpions, Queen e U2, um ressurgimento de Joan Baez, a presença ilustre de David Bowie, BB King, Rolling Stones, Sting, sir Paul McCartney, Phil Collins (que tocou na Inglaterra e nos EUA), Eric Clapton, Black Sabbath e mais um par de nomes que fazem gritante a sua importância.
Tendo isso em mente, resolvemos celebrar essa data anual relembrando de um programa que foi um marco e que por sinal é uma das fontes de inspiração para o nosso xodó Revisando Clássicos. trata-se da série documental Classic Albums. A série é realizada pela Isis Productions e distribuída pela Eagle Rock Entertainment. Nos anos 90 foi um dos cargos chefes do canal VH1, mas repassado por diversos outros veículos até que virou um item de colecionador em formato de VHS e posteriormente em DVD. Atualmente o canal AXS remasterizou em formato HD os eps e os apresenta, tanto as antigas produções como as atuais.
Funciona da seguinte maneira: a equipe traz os músicos responsáveis pela obra para contextualizar e falar a fonte de inspiração para a criação de tal canção e também traz técnicos de som, produtores e outras figuras responsáveis pelo sucesso no processo para tratar da parte do faixa-a-faixa o que foi feito. Colocando essas informações na mesa, separamos aqui alguns episódios que impactam mais justamente pela riqueza dos detalhes expressados pelos músicos de cada álbum e as partes em que mostram cada instrumento separadamente mostrando a ideia e o que mais cativou na produção.
A série ainda está na ativa mas nunca existiu um número de temporadas ou de episódios lançados por ano. Surgiu em 1997 tendo seis eps e pulava de dois em dois anos para lançar, não a toa ficava pouco tempo em uma emissora. Em 1999 e em 2001 também lançaram seis eps pra cada ano, mas estendeu a produção de lançamentos até 2003 com mais 4 eps na soma total do período. De 2005 até 2008 ficou difícil ter uma rotina e padrão, nesse período foram lançados dez eps.
Na nova década lançaram seis eps e começaram a não pular mais anos, até 2013 foram lançados mais oito eps. Em 2017 até 2019 tivemos a adição de discos mais contemporâneos como o Back To Black da Amy Winehouse e por fim nos “novos anos 20” tivemos a volta do programa com força total já contabilizando quatro produções tendo sido a última o The Who Sell Out.
Só para dar uma situada: abaixo colocaremos o ano de apresentação do episódio, o nome da banda e ao lado do nome do disco a data em que este foi lançado.
1997: The Band – The Band (1969)
Um dos primeiros programas feitos e lançado no ano de 1997, esse é muito legal por mostrar a criatividade dos 4 canadenses Robbie Robertson (guitarra, piano, vocais), Richard Manuel (piano, gaita, bateria, saxofone, órgão, vocais), Garth Hudson (órgão, piano, clavinet, acordeon, sintetizador e saxofone) e Rick Danko (baixo, violino, trombone, vocais) e o grandioso estadunidense Levon Helm (bateria, bandolim, guitarra, baixo, vocais) que completa o time mostrando como cada um desses multi-instrumentistas contribuiu para cada canção, muito mágico.
Ele também é interessante porque traz esses relatos pelos músicos ainda vivos, hoje em dia só Robert Robson, Ronnie Hawkins e Garth Hudson estão vivos. Então conferir uma das últimas palavras em entrevista de Levon Helm (+2012) e principalmente Rick Danko(+1999) é de acalantar o coração.
1997: Fleetwod Mac – Rumours (1977)
Esse vocês conheceram bem por conta da nossa matéria do revisando clássicos. O que posso acrescentar aqui sobre o Rumours é o quanto a contextualização que a série/doc expressa dá um tempero a mais para as histórias contadas inclusive com depoimentos dos fotógrafos e designers gráficos que comentam as inspirações para a capa baseado no que os autores das canções queriam.
Esse álbum tem uma das histórias mais adoráveis de comprometimento e amor a uma banda, que ultrapassa a questão pessoal, e a forma como foi contada acrescentando a partes em que isolam cada instrumento é “legen… wait for it… dário”.
2002: Def Leppard – Hysteria (1987)
Foi concebido como a resposta do hard rock ao Thriller de Michael Jackson, um álbum onde cada faixa é um single de sucesso em potencial. Seis das 12 faixas de Hysteria foram os 20 maiores sucessos dos EUA, com destaque para a power ballad Love Bites alcançando o número um e o híbrido de rap-rock Pour Some Sugar On Me (escrito especificamente para strippers se despirem) alcançando o número dois. Com 25 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, Hysteria é o maior álbum da carreira de Leppard e o mais experimental.
“Queríamos ir além do que era a música rock”, diz Joe Elliott em um dos momentos. Um bom exemplo do que é dito de forma técnica ocorre na faixa Rocket, com sua extensa divisão de bateria inspirada no Burundi, tipificando sua abordagem de tudo nos fazendo lembrar que foi o primeiro gravado com um baterista que perdeu um braço. Não é nada menos que milagroso!
2001: Iron Maiden – The Number of the Beast (1982)
Lançado em 26 de novembro de 2001 foi dirigido por Tim Kirkby, traz cortes da faixa-título, Children of the Damned, Run to the Hills e The Prisoner, além de entrevistas estendidas e filmagens ao vivo de Hallowed Be Thy Name, gravadas durante apresentação da banda no festival Rock in Rio em 2001. Esse é o principal ponto que torna o doc terminar tão icônico, se já não bastasse falar de um álbum realmente clássico, a turnê mais impactante da banda que rendeu o show histórico em terras brasileiras também fica representado.
2005: Queen – A Night At The Opera (1975)
Essa obra prima do Queen tem um lugar cativo nessa lista que vai muito além da importância desse álbum pra banda. Ele tem o papel determinante de trazer ao telespectador a banda, dar os créditos a Brian May, Roger Taylor e John Deacon por muitas as composições e arranjos, coisas que para um leigo sempre ficaram a cargo única e exclusivamente a mercê de Freddie Mercury. Mas não quero com isso dizer que o majestoso vocalista não recebe seu destaque, na verdade recebe muitos principalmente nas canções que compôs para o projeto, simplesmente Love Of My Life e Bohemian Rhapsody.
Menção honrosa:
1999: Bob Marley & The Wailers – Catch A Fire (1972)
Esse ep merece sua presença nessa lista porque fala do disco que representou a entrada do reggae na indústria fonográfica inglesa e americana, sendo assim, se tornando mundialmente popular. Algumas histórias são interessantes e é muito gratificante ver Peter Tosh falando sobre o álbum e como era estar com Bob Marley, o mítico Bunny Wailer e os excelentes e únicos irmão Barrett, Carlton (bateria) e Aston (baixo), além das imagens de arquivo.
Aparece um boa galera falando sobre a importância deste álbum. Assim como em outros episódios, músicos influenciados pelas obras comentam sobre como foi o impacto de ouvir o disco a primeira vez e se chegaram a tocar as músicas, outras peças fundamentais são família que contextualiza um músico que morreu neste caso específico, Rita Marley, que além de ser cantora foi casada com Bob e Marlene Brwn, ex-mulher de Peter Tosh. A participação do guitarrista Wayne Perkins, um músico de apoio do estúdio Muscle Shoes que fez os solos das músicas preenchendo perfeitamente os espaços, também é um dos destaques. Principalmente por ele demonstrar ao vivo como fez e que efeitos usou, tendo conhecido o que era o reggae na hora da gravação.