Review: Gojira – Fortitude

Por Lucas Santos

Um dos maiores trunfos do Fortitude é a forma de misturar o passado, presente e futuro de forma orgânica e prazerosa.

Lucas Santos

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Gravadora: Roadrunner Records
Data de lançamento: 30/04/2021

Gênero: Heavy Metal
País: França


São mais de 20 anos desde que Terra Incognita lançou o Gojira no mundo do metal, desde então foram mais cinco álbuns de estúdio que, sem medo de dizer, ajudaram a moldar o que entendemos hoje em dia como Metal moderno. Os gigantes franceses retornam com o sétimo trabalho de estúdio, gravado em 2020, que formenta o seeu estilo agressivo e técnico, incrementando a sonoridade, deixando-a mais acessível e importando elementos novos dentro do metal progressivo de qualidade impreensindível.

Fortitude continua na mesma linha que a banda seguiu ao longo de sua discografia, na qual sua música constantemente desafia todas as categorizações e tipificações. O álbum é uma espécie de viagem ousada, desafiadora e densa que permitirá que eles continuem alcançando os mais altos padrões do metal. Um dos maiores trunfos do Fortitude é a forma de misturar o passado, presente e futuro de forma orgânica e prazerosa. São batidas furiosas e riffs esmagadores que contribuem para a atmosfera feroz retratada, para entregar componentes melódicos que permitem ao álbum explorar passagens cativantes, aonde ganchos melódicos se tornam componentes fortes.

A faixa de abertura Born For One Thing inicia o fervoroso modo técnico/pesado com destaque fortíssimo para a performance do baterista Mario Duplantier. Conhecido por seu ativismo ambiental, Amazonia é um protesto contra o desmatamento da floresta Amazônica e seus efeitos devastadores. A música não apenas busca abordar tais questões, mas eles também doaram a receita da faixa para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, que defende os direitos culturais e ambientais das tribos indígenas da Amazônia. O canto raivoso comandado pela troca de vocais de Joe Duplantier acrescenta o aspecto progressivo de seu espectro musical, adicionando instrumentação aborígine à sua mistura já eclética, mostrando a capacidade da banda de surpreender e misturar novos sons. Música inspirada na era Roots do Sepultura.

Sphinx e New Found trazem elementos mais enraizados da banda, podemos detectar efeitos, principalmente nas guitarras, que foram transformadores no metal no álbum L’Enfant Sauvage (2012). A faixa-título Fortitude consiste em um transe instrumental de ritmo lento que, com sua soltura, predispõe o ouvinte ao ritual de cura, conforme descrito pela banda, que The Chant implica. Essa é uma das faixas mais experimentais que a banda já criou, eles oferecem um salmo hipnótico cheio de vibrações de stoner, blues e rock alternativo nessa faixa, resultando em uma melodia melódica, mas pesada, viciante e hipnotizante.

Fortitude é a excelência do metal moderno. Aos fãs de longa data do Gojira, que acompanham a evolução da banda, não surpreende a nova direção musical tomada no álbum. Os novos sons adicionados a já característica música da banda tiveram efeitos surpreendentes e únicos. Ao comparar com álbuns mais antigos e marcantes da carreira, como From Mars To Sirius (2005) e The Way Of All Flesh (2008) pode rolar um leve estranhamento, mas diria que Fortitude é até mais acessível que os citados nessa frase.

Mais uma vez o quarteto francês define uma geração. Iniciando a década com uma pedrada de qualidade altíssima. O Gojira vai salvar o mundo.

Nota final: 9/10

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