Revisando Clássicos: RollingStones – Sticky Fingers

Por Roani Rock

Bem vindos a mais um revisando clássicos, aqui analisamos discos atemporais que, de alguma forma, marcaram a história da música de maneira revolucionária. Traremos uma introdução ao álbum contando fatos que o fizeram importante para a carreira da banda, um faixa-a-faixa e, por fim, citações das principais mídias especializadas em reviews. O álbum de hoje é o cinquentenário Sticky Fingers dos Rolling Stones, que nos apresentou a sua logo e histórias fantásticas.


INTRODUÇÃO AO ÁLBUM

Estamos no início da década de setenta, os The Rolling Stones estavam em um processo de transição, não só em sua formação como também uma nova modulação de som, saindo de vez das restrições do blues e expandindo horizontes dentro do rock ‘and’ roll. Além disso, o contrato com a Decca estava para acabar. Mick Jagger mais Keith Richards, Bill Wyman e Charlie Watts decidiram criar sua própria gravadora, a The Rolling Stones Records.

No final do primeiro semestre do ano de 1969, os Stones vinham passando pelo árduo processo de substituir Brian Jones, membro fundador e naquele ponto, o líder destituído dos Stones. Após sua morte em julho, a banda teve que correr contra o tempo para conseguir alguém a altura do cara que além de ser multi-instrumentista era reconhecidamente a fundador e tinha sua parcela dos fãs dos Rolling Stones. Eles precisavam de alguém capaz de tocar o repertório criado no ambiente do blues e que aguentasse o tranco, alguém que tivesse vitalidade e agradasse tanto aos produtores quanto o público. O nome que encontraram foi o de Mick Taylor, jovem prodígio que vinha tocando com John Mayall que o indicou. Mayall é reconhecidamente o maior olheiro de guitarristas ingleses de blues da história, vide Eric Clapton e Peter Green.

Para testar o rapaz, os Stones fizeram um teste de fogo, meio que o jogando na jaula aos leões – estes seriam os fãs da banda, reconhecidamente mais insanos e selvagens do que o de bandas como os Beatles por exemplo. O local escolhido foi o Hyde Park, em Londres, que serviu como uma homenagem da banda ao falecido Brian Jones. Para comemorar seu ex-companheiro de banda, Jagger lançou borboletas brancas na plateia. É a última imagem pacífica a ser associada aos Rolling Stones por muito tempo.

Aprovado, Taylor já havia contribuído com as guitarras de Honky Tonk Woman e duas músicas do Let It Bleed: Country Honk e Live With Me, considerado um disco póstumo de Jones com a banda, esse teve fatos bem macabros tanto durante a produção quanto na turnê. Ao exemplo do fato de chamarem a cantora Merry Clayton para cantar a música Gimme Shelter, ela estava gravida de oito meses mas aceitou o chamado dos Stones, por conta da devoção a seu desempenho na música, o esforço fez com que no dia seguinte ela sofresse um aborto espontâneo. Também há o famoso show em Altamont, quando um fã negro chamado Meredith Hunter foi espancado até a morte pelos motoqueiros dos Hells Angels que faziam a segurança do espetáculo, bem na frente das câmeras e do palco, de onde os músicos viram horrorizados o que ocorria.

Em dezembro de 1969 já havia começado a dar liga na banda por conta da tour, Taylor se encaixou como uma luva e Jagger e Richard estavam em momento de ascensão no processo de composição das músicas, ainda inspirados pela religião indiana, mas principalmente pelos relacionamentos que a dupla estava vivendo nessa época. Mick Jagger tinha acabado de se separar de Marianne Faithfull e Keith Richards estava cada vez mais envolvido com Anita Pallenberg, ex-namorada de Brian Jones que Richards “roubou”. O uso de drogas e seus efeitos estavam intrínsecos nas letras também de forma escancarada, como no caso da faixa que inicia os trabalhos, o hit Brown Sugar.

Outro ponto que garantiu o sucesso está na parte visual da obra. Quando uma simples imagem controla todo o conceito do disco pode ter certeza que não só por chamar a atenção e gerar criação de teorias e admiração o disco atinge outro patamar. Isso vale tanto para o quadro de Andy Warhol em que aparece a cintura de alguém usando uma calça Jeans – que desde os anos 50 era um símbolo da rebeldia – que figurou a capa de Sticky Fingers, tanto para a logomarca da boca de lábios vermelhos e com a língua de fora criado por John Pasche, encontrado no encarte e que foi usada para representar a gravadora The Rolling Stones Records, criada de uma forma inspiradora tendo sido usado para sua concepção a imagem da deusa hindu Kali. A logo estar num disco tão representativo pelas faixas que o compõe dentro do repertório fez toda a diferença.

Sticky Fingers tem um lugar especial na discografia dos Rolling Stones como o primeiro álbum a chegar ao topo das paradas dos EUA e do Reino Unido. Já teve várias edições dentre remasters e delux que o fizeram chegar na brilhante marca dos 3 certificados de platina nos EUA, no Reino Unido também de platina e França e Austrália de Ouro.

“Brown Sugar” lança o álbum com seu riff de blues-rock quintessencial e letras que ficam mais questionáveis ​​quanto mais perto você ouve (Jagger disse que foi um pouco complicado, “todos os assuntos desagradáveis ​​de uma vez” ). Mas as palavras eram secundárias para a banda neste ponto – Sticky Fingers é sobre melodia, toque e estilo. 

 Mark Richardson, Pitchfork, 2015

FAIXA-A-FAIXA

Um faixa-a-faixa se torna conveniente, seguiremos a ordem numérica já que elas todas tem sim a sua importância, não só em termos mercadológicos, mas também para a história das bandas envolvidas.

Brown Sugar

Interessante como se tem várias interpretações frente a letra, tem quem diga que é sobre um cara fazendo sexo com uma mulher negra. de acordo com Bill Wyman, foi parcialmente inspirado por uma cantora negra chamada Claudia Lennear, que era uma das Ikettes de Ike Turner. Já Jagger afirma que é sobre escravos da África que foram vendidos em Nova Orleans e estuprados por seus senhores brancos. O assunto é bem sério, mas do jeito que a música é estruturada, ela soa como algo divertido e tem quem diga que é sobre o uso de heroína. De acordo com o livro Up And Down With The Rolling Stones de Tony Sanchez, toda a escravidão e chicotadas têm um duplo significado para os perigos de ser “dominado” pela Brown Heroin, ou “Brown Sugar” – A droga fica marrom em uma colher. 

Contribuições adicionais foram feitas em longa data para os Stones, incluindo os preferidos eram o saxofonista Bobby Keys e os tecladistas Billy Preston , Jack Nitzsche , Ian Stewart e Nicky Hopkins. Aqui na inicialmente chamada “Black Pussy“, até ser registrada acertadamente como Brown Sugar, a presença de Keys é avassaladora, provavelmente a mais importante performance de sua carreira. Interessante saber que quem criou o riff da música foi Mick Jagger, não veio de Keith Richards esse petardo. “Eu escrevi no meio de um campo, tocando uma guitarra elétrica com fones de ouvido, o que era uma coisa nova na época.” Disse o vocalista ao Uncut em 2015.

Sway

Tal como acontece com os outros álbuns do clássico dos Rolling Stones no final dos anos 1960/início dos anos 1970, foi produzido por Jimmy Miller. Sua influência é notória em toda a obra, mas Sway é um deleite.

Dentre os fatos mais interessantes dessa música ficam: Essa música tratar sobre depressão e não poder desfrutar dos simples prazeres da vida. Ela foi a primeira música gravada no Stargroves, um estúdio de gravação móvel construído para os Stones fora da casa de Jagger na Inglaterra que seria usado pelo Led Zeppelin posteriormente para grande parte de seu trabalho. Pete Townshend do The Who, o cantor Billy Nichols e Ronnie Lane do Small Faces fizeram os vocais de apoio.

Esta música é apreciada entre os fãs dos Stones, notavelmente por seu outro característico, que apresenta uma guitarra solo que foi tocada por Mick Taylor e complementada com uma seção de cordas. Taylor explicou:

Eu adicionei meu solo a ‘Sway’, mas é muito mais uma música de Mick (Jagger). Eu não acho que Keith esteja nela. Tinha uma sensação ótima e solta. Mick tocou guitarra base nela. Ele é um grande ritmista. Minha teoria é que ele tem uma sensação natural e é também por isso que ele é um ótimo dançarino.

Mick Taylor

Wild Horses

Curiosamente, a forma como a música veio a existir é uma prova viva do relacionamento profissional entre os “Glimmer Twins“, que continuou a funcionar de maneiras estranhamente não ortodoxas. Apesar de terem diferentes perspectivas sobre o significado da faixa, eles juntaram seus cérebros para criar uma música eterna. Tudo começou com a frase, “cavalos selvagens não podem me arrastar para longe”, que foi escrita por  Richards para o filho recém-nascido, Marlon. Era 1969 e Keith lamentava ter que deixar seu filho para sair em turnê. A partir daí, Jagger sentiu uma conexão instantânea, que o inspirou a reimaginar a música em seu molde. Sua reescrita foi baseada em seu relacionamento com Marianne Faithfull, que estava se desintegrando.

Os Stones gravaram esse som durante uma sessão de três dias no Muscle Shoals Sound Studios no Alabama de 2 a 4 de dezembro de 1969. Foi a última das três canções feitas nessas sessões, depois de Brown Sugar e You Gotta Move. Keith Richards escreveu em sua autobiografia Life (2010):

‘Wild Horses’ quase escreveu a si mesmo. Foi realmente muito a ver com, mais uma vez, mexer com as afinações. Eu encontrei esses acordes, especialmente fazendo isso em um violão de doze cordas para começar, o que deu à música este caráter e som. Há um certo desamparo que pode sair de uma doze cordas. Comecei, eu acho, com uma abertura normal de seis cordas em Mi, e soava muito bem, mas às vezes, você simplesmente tem essas ideias. “E se eu abrir uma afinação de doze cordas?”

Keith Richards

Os Stones gravaram esse som durante uma sessão de três dias no Muscle Shoals Sound Studios no Alabama de 2 a 4 de dezembro de 1969. Foi a última das três canções feitas nessas sessões, depois de Brown Sugar e You Gotta Move. O guitarrista Mick Taylor, tocou esta música no que é conhecido como “afinação de Nashville”, em que você usa todas as primeiras e segundas cordas do violão e as afina em oitavas.

Wild Horses foi lançado pela primeira vez pelo Gram Parsons’ Flying Burrito Brothers em 1970 . A versão dos Stones foi escrita em 1969, mas teve que esperar por Sticky Fingers em 1971. Parsons era um bom amigo de Keith Richards, e os músicos costumavam citar uns aos outros como influência. Disse Parsons:

Eu peguei um pouco de rock and roll de Keith Richards, e Mick Jagger sabe muito sobre música country. Eu aprendi muito sobre cantar com Mick. Wild Horses tem uma combinação lógica entre a música deles e a nossa, é algo que Mick Jagger pode aceitar, e é algo que eu posso aceitar. E minha maneira de fazer isso não é necessariamente onde está, mas é certamente a maneira que eu sinto.

Can’t You Hear Knocking?

Esta é uma faixa incomumente longa dos Stones, com 7:14 minutos. O trabalho de Mick Jagger termina às 2:45, no entanto, enquanto o ritmo se desenvolve pelos próximos quatro minutos e meio. Os Stones estavam experimentando estilos diferentes nessa época, e Can’t You Hear Me Knocking? tem uma influência distinta de Santana.

Com menções a “olhos de cocaína” e “speed-freak jive”, essa música contém algumas referências bem óbvias às drogas, o que faz sentido considerando as companhias que a banda mantinha na época – quase todo mundo em seu círculo estava usando drogas.

Essa se destaca pela contribuição dos membros adicionais, Bobby Keys no sax, Rocky Dijon na percussão e Billy Preston no órgão. Keys, junto com o trompetista Jim Price, juntou-se aos Stones em sua turnê europeia de 1970 depois de se apresentar no Sticky Fingers . Seu longo solo de sax nesta faixa não foi planejado, mas quando ele começou, ele continuou tocando enquanto a fita rodava e Keith Richards adorou.

Em 1979, Mick Taylor disse:

Can’t You Hear Me Knocking é uma das minhas favoritas. (A jam no final) aconteceu por acidente; isso nunca foi planejado. Perto do final da música, eu simplesmente senti vontade de continuar tocando. Todos estavam colocando seus instrumentos no chão, mas a fita ainda estava rolando e parecia bom, então todos rapidamente pegaram seus instrumentos novamente e continuei tocando. Simplesmente aconteceu, e foi uma coisa única. Muitas pessoas parecem realmente gostar dessa parte.

Mick Taylor

You Gotta Move

Foi escrita e originalmente executada pelo bluesman do Mississippi Fred McDowell. Este atuou nas décadas de 1920 e 30 como músico e fazendeiro. Ele permaneceu bastante obscuro até os anos 60, quando historiadores do blues e do folk aumentaram seu perfil e esse petardo surgiu.

Essa foi a primeira música gravada para o álbum, eles ficaram por três dias em 1969 nos estúdios em Muscle Shoals, Alabama.  Por lá saíram Brown Sugar e Wild Horses também. Sobre a música o guitarrista Mick Taylor comentou em 2011:

‘You Gotta Move’ era uma ótima música do Mississippi Fred McDowell que costumávamos tocar o tempo todo no estúdio. Usei um slide nela – em uma velha Fender Telecaster 1954 – e foi o começo de aquele slide que tentei desenvolver com os Stones.

Mick Taylor

Mick e Keith gostavam de apresentar ela no início fazendo uma dobradinha entre eles com o guitarrista no violão de doze e Jagger nos vocais como pode ser conferido no vídeo abaixo.


Bitch

O amor é a “vadia”, não uma mulher específica. Jagger teve muitos relacionamentos nos quais ele poderia se basear, incluindo seu rompimento com Marianne Faithfull. Ele terminou com a cantora depois que ela tentou cometer suicídio enquanto estavam na Austrália no final de 1969 (Mick estava filmando Ned Kelly ). Assim que Marianne se recuperou, Mick a largou.

Os Stones gravaram essa música, e muitas outras no álbum, na propriedade Stargroves em Hampshire, Inglaterra, usando sua unidade de gravação móvel operada pelo engenheiro Andy Johns. Keith Richards chegou a Stargroves depois que seus colegas de banda trabalharam nessa música por um tempo, com pouco sucesso. De acordo com Johns, a música soava lenta até que Richards prendeu sua guitarra. “Ele colocou sua guitarra perspex transparente e acelerou o ritmo”, disse Johns. “A música passou de uma bagunça lacônica para girar em torno do groove. Imediatamente. Assim que Keith começou a tocar, ele transformou a música no que deveria ser.”

Apesar (ou talvez por causa) do título um tanto provocativo, esta se tornou uma das canções mais populares dos Rolling Stones, frequentemente aparecendo em seus setlists. Não foi lançado como single, mas teve muito sucesso nas rádios de rock.

I Got The Blues

I Got The Blues é a música mais melancólica não só do álbum, mas da discografia dos Stones. Ela fala escancaradamente do fim do relacionamento de Mick Jagger com Marianne Faithfull. As guitarras chorosas de Taylor e Richards unidas aos sopros, nos remete a uma balada de Sam Coke ou certamente de Otis Redding, a quem a banda chegou a regravar muitas de suas músicas. O órgão de Billy Preston tocado nesta música é elevado, comovente e lindo. Mick canta com muita paixão – ou seria rancor? – esse belo blues. Uma das melhores canções que os Stones já arranjaram.

Sister Morphine

A música é sobre um homem que sofre um acidente de carro e morre no hospital enquanto pedia morfina. Por ironia ou não, a primeira versão dessa música foi gravada por Faithfull. Mick Jagger escreveu a música em Roma no ano de 1968, mas Faithfull que escreveu a letra. Entretanto, os Stones não lhe deram um crédito oficial de composição em Sticky Fingers, isso só foi revertido quando lançaram seu álbum ao vivo de 1998, No Security . Os Stones foram muito protetores quanto aos créditos de composição – eles garantiram que a maioria de suas canções fosse creditada a Jagger/Richards.

Faithfull gravou sua versão durante as sessões de Let It Bleed , muito antes da atração obscura das drogas ilícitas que se espalhou por Sister Morphine se tornar dolorosamente verdadeira: ela era viciada na época em que a versão dos Rolling Stones apareceu.

Dead Flowers

Ao contrário de boa parte do processo criativo dos Stones para criar suas canções, que encontraram seu fundamento através de colaborações em estúdio, Dead Flowers chegou totalmente formada. Jagger estava trabalhando nela em casa há algum tempo.

Tal era sua familiaridade, na verdade, que Jagger tinha ideias fixas sobre como as coisas deveriam ser: ele exigia que tocassem a faixa com inspiração country um ou dois passos mais rápido do que o resto de seus companheiros de banda teriam preferido. Ele também afetou um sotaque country exagerado. A música finalizada tende a tornar um momento profundamente vulnerável, menos isso.

Eu amo música country, mas acho muito difícil levá-la a sério“, confidenciou Jagger na entrevista de 1995 à Rolling Stone . “Eu também acho que muita música country é cantada com a língua na bochecha, então eu faço isso com a língua na bochecha.

O cenário é realmente perfeito: Richards traz riffs alegres contra o gorjeio de cão de caça de Jagger nos versos, enquanto Taylor desenha linhas lindas em seu refrão. Os vocais de apoio feridos também deixam claro o que está em jogo, não importa o quão rápido Jagger tente se afastar de um coração partido. Mais tarde, ele admitiu que Richards poderia ter sido mais adequado para cantar Dead Flowers. É a canção preferida de muita gente e inspirou músicas como I Used To Love Her do Guns N’ Roses.

Moonlight Mile

Este foi o resultado de uma sessão de gravação que durou a noite toda no Stargroves, o estúdio de gravação móvel dos Stones. Moonlight Mile é uma sessão noturna de cocaína. Ela é basicamente uma música em que temos só o trabalho de guitarra de Mick Taylor. Mick Jagger, 1978: “Essa é uma canção dos sonhos. Esses tipos de canções com sons de sonho são divertidos de fazer, mas não o tempo todo – é bom voltar à realidade.

Em uma entrevista com Marc Myers do The Wall Street Journal , Jagger explicou a criação da música:

Eu também inventei um riff oriental-indiano no meu violão. Em algum ponto durante a turnê, toquei para Mick Taylor, porque achei que ele gostaria. Naquela época, eu realmente não pretendia gravar a música. Às vezes, você não quer gravar o que está escrevendo. Você pensa: ‘Não vale a pena gravar, isso é apenas meus rabiscos.
Quando terminamos nossa turnê europeia em outubro de 1970, estávamos em Stargroves (…) Estávamos sentados uma noite e comecei a trabalhar no que havia escrito inicialmente. Me senti ótimo. Eu estava em minha casa de novo e foi muito relaxante. Então a música se tornou sobre isso – ansioso para retornar de um lugar estrangeiro enquanto olhava pela janela de um trem e as imagens da linha férrea passando ao luar. “

Mick Jagger

O Que disse a Mídia?

A mídia em geral estava dividida e teve quem festejasse e quem criticasse os The Rolling Stones na época. Teve quem chamasse o trabalho de “preguiçoso” apesar de ter grandes hits e quem o objetificasse como o trabalho mais ousado e melhor dentre todos os lançados da banda até então. Com o passar dos anos, Sticky Fingers se tornou um dos marcos da discografia, não só por apresentar uma qualidade e organização maior do que a vinda do período sombrio de álbuns que iam de razoáveis para confusos dos anos 80 para 90, mas também por conta da mística das origens descobertas depois para as composições das músicas e o contexto histórico da banda sendo levado muito em conta.

Na melhor das hipóteses, esses cortes iniciais eram declarações de temas que transcendiam tanto o tema em si quanto a música que viria a seguir. Enquanto ouvia “Sticky Fingers”, pela primeira vez pensei que “Brown Sugar” era bom, mas não tão bom. Eu certamente esperava que não fosse a melhor coisa do álbum. Acontece que existem alguns momentos que o ultrapassam, mas ainda assim definem o tom do álbum perfeitamente: competência dos Rolling Stones de nível médio. Os pontos baixos não são tão baixos, mas os pontos altos, com uma exceção, não são tão altos.

 Jon Landau, Rolling Stone Magazine, 1971

Sticky Fingers surgiu em um momento em que – pelo menos no registro – os Rolling Stones não podiam fazer nada errado. Este álbum poderia ser razoavelmente chamado de seu pico. Eles foram chamados de a Melhor Banda de Rock’n’Roll do Mundo por muito tempo, mas se essa designação se aplicou, foi aqui.

Mark Richardson, Pitchfork, 2015

(…) Eventualmente, a coisa toda desmorona com o Moonlight Mile. Um sonâmbulo drift fora dos últimos dias de uma era e um belo final para uma bela jornada. Enquanto muitos consagram seu próximo álbum, Exile On Main St. , Como seu apogeu, Sticky Fingers, equilibrando-se no fio da navalha entre os anos 60 e 70, continua sendo sua declaração mais coerente.

Chris Jones, BBC, 2007

5 comentários sobre “Revisando Clássicos: RollingStones – Sticky Fingers

  1. Meredith Hunter foi “assassinada” e “espancada”?? Parei de ler aí, pois ele era um homem. Que falta de conhecimenton ao escrever a matéria.

    1. Concordo com o comentário acima sobre a morte em Altamont. Assisti o documentário e era um homem negro morto pelos Hell Angels. Outra coisa, acho que o disco foi importante, em especial pq foi o 1o sem a “sombra” dos Beatles, e isso pesava na carreira dos Stones.

      1. Oi Julio, também assisti ao documentário, só que foi anos antes de fazer a matéria. As vezes ao escrever uma matéria grande como essa, onde se tem que pesquisar e contextualizar muita coisa, termina passando batido alguns erros, que as vezes são significativos como esse.
        A ideia dessa matéria é fazer um apanhado histórico evitando a minha opinião, mas é meu disco preferido.
        Concordo quando você diz que é o primeiro sem os Beatles terem alguma influência, foi muito importante.

    2. Rapaz, tudo bem?
      Reconheço o erro, obrigado por avisar, eram muitas informações coletadas ao mesmo tempo e as vezes deixamos passar algo.
      Sou fã dos Stones a muitos anos e vi todo o material da banda que há em documentários, matérias de revistas e afins antes de escrever, para justamente não cometer erros na matéria, mas nem sempre acertamos… será consertado.
      Estou ciente que era um fã negro, quando estava escrevendo sabia da informação, mas se ao ler esse erro te falta vontade de ler o resto… dê mais uma chance, garanto que o restante do material será do seu agrado.

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