Por Roani Rock
Aqui Peter Frampton traz algo que pouco é perceptível nesse tipo de disco, o contexto das escolhas do repertório que um artista faz para dar a sua própria cara respeitando a obra original. Seja simplesmente tocar por prazer, ele traz aqui com claro bom humor recordações, de bons amigos que já partiram no caso de Bowie e George Harrison e músicas esquecidas por parte do Radiohead e Sly and The Familly Stone.
Roani Rock
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Gravadora: Universal Music Enterprises
Lançamento: 23/04/2021

Gênero: Rock
País: Estados Unidos
Peter Frampton lançou no último fim de semana seu álbum de covers totalmente instrumental, Forgets The Words. O título não poderia ser mais adequado, para substituir as vozes marcantes presentes nas faixas da tracklist do álbum, ele utilizou de algo que domina e que consegue se equiparar a voz de qualquer um dos interpretes envolvidos nas obras, ele utiliza dos acordes e riffs de sua guitarra. O que termina por compensar qualquer desacordo que alguém tivesse a audácia de trazer em discussão caso ele resolvesse usar a própria voz como instrumento – não dá pra reclamar de Frampton na guitarra.
Quando um cara como Peter Frampton decide gravar um álbum de covers ao estilo fusion, de cara já é esperado que vai ser bom, que teremos canções conhecidas ou de personas que moldaram seu som ou que simplesmente o agradam. Mas está aí um ponto que pouco pensamos em certas obras do gênero, tem mais do que só uma regravação envolvida, tem muitas outras coisas rolando como a amizade e o conhecer da obra por tê-la tocado junto com o amigo anos atrás, há uma vibe nostálgica e de tributo além de diversão ao trabalhar com esse repertório, como ocorre no caso de Loving The Alien de David Bowie, com quem tocou junto a faixa durante os anos 80 por várias vezes em turnês.
A lenda da guitarra gravou canções de outras figuras notáveis como no caso de George Harrison. Através do clipe feito para Isn’t It a Pity, sua interpretação para a obra traz uma faceta que vai além de ter uma aura mais agradável e leve. Apesar de no original do disco solo do beatle já ser uma faixa bem iluminada e transbordar, com Frampton soou mais divertida do que espiritual principalmente se escutá-la pelo clipe. Por sinal as ideias para os clipes tem sido geniais, para esta de George acompanhamos sua rotina em casa durante a pandemia.
Em If You Want Me To Say do Sly & the Family Stone e o clássico de Lenny Kravitz, Are You Gonna Go My Way, nota-se um respeito ao arranjo original com a guitarra se adaptando para fazer as partes cantadas com a intenção correta. Já para a faixa da Roxy Music intitulada Avalon ele traz uma faceta criativa desenvolvendo partes de guitarra até com subidas de tom na hora do canto, tornando sua versão até mais interessante que a original onde a guitarra fica restrita a tocar os acordes com os efeitos choros e delay. Reckoner do Radiohead – provavelmente a maior surpresa do álbum – foi realmente transformada, ficou até com fragmentos de blues, soando menos melancólica apesar de estar fidedigna ao arranjo original.
I Don’t Know Why conhecida canção da gravadora Motown que já foi interpretada por Steive Wonder e Michael Jackson na época do Jackson 5, recebeu uma potente e inspirada virtuose. É interessante perceber o quanto o disco tem uma variedade de estilos e mesmo assim todos soam como Frampton songs, inclusive na faixa Maybe. É assim que se separa o artista acima da média dos demais, ele transfere toda sua personalidade, mesmo sem botar palavras, usar a voz. Sua guitarra fala, grita e chora bem alto, é a referência e principal aspecto de sua musicalidade que ecoa por todas as faixas.
Nota Final: 8/10