Review: Boko Moko – Antes Tarde Do Que Nunca

Por Roani Rock

“Faça sua caminhada, mesmo que na contramão” na música Sina de um Tocador essa frase é cantada, e o sentimento que paira sobre esse projeto da banda mineira Boko Moko está encravado nessa música. É um bom disco de rock para o estilo que em tempos de “volta ao underground” está em demérito com o mainstream da música popular no Brasil

Roani Rock

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Gravadora: Independente
Data de lançamento: abril 2021

Gênero: Rock N’ Roll
País: Brasil


A expressão Boko-Moko foi criada pelo publicitário Arapuã para um comercial do Guaraná Antártica em 1970. seu significado é basicamente a palavra brega, mas dá para adicionar kitch, cafona, ultrapassado, de mau gosto, fora de moda, gosto ou atitude duvidosa na estética. Ai você me pergunta: “Porque é interessante uma banda colocar essa expressão como seu nome?“. Para responder basta escutar o som dos caras para perceber o quão fora da realidade atual do gosto do brasileiro eles se encontram. O Rock não vende mais no Brasil, hoje o que temos de mais próximo do rock que não venha das bandas consagradas dos anos 80 e 90 é um novo subgênero da MPB, o pop suave (ou soft pop) encabeçado por Vitor Kley e Rodrigo Suricato que consiste em usar a guitarra, por exemplo, para riffs em momentos chave, muito pouco para o bom e velho rock ‘and’ roll.

Formada por Vitor Guimarães (voz), Breno Veloso (bateria), Fernando Kakau (baixo) e Gui Carneiro (guitarra), músicos com certa rodagem em Minas, região mais conhecida pelo som moldado pelo clube da esquina e adição do que foi produzido pelo Skank e Jota Quest, extremos sonoros totalmente diferentes do feito pelo Boko Moko que fazem o simples, grotesco e tocador na ferida. Isso talvez ocorra por conta do lugar de origem dos caras, o município de Carmo do Paranaíba, provavelmente o lugar mais rock ‘and’ roll do estado, quem fala isso não sou eu e sim o single Sempre Brilhará, lançado antes do álbum.

Não vou mentir, tem canções potenciais e boas aqui, a qualidade dos músicos fica evidente logo de cara. É um disco de riffs e com um vocal que o saudoso Percy Weiss, uma das grandes lendas do rock brasileiro que foi vocalista do Made In Brazil e da Patrulha do Espaço, classificaria como pertencente a de um apóstolo do Ian Gillan do Deep Purple. O principal compositor do álbum Antes Tarde do Que Nunca é o batera Breno Veloso, tendo participação em todas as músicas e o destaque maior fica para a trinca inicial: Sina de Um Tocador, Bicuda e Vida No Interior.

A acústica Vida No Interior – que é autobiográfica – pra mim é o verdadeiro hit do álbum e se as rádios e streams tivessem consciência investiriam na divulgação a rodo de uma canção tão significativa que possui um quê de rock rural já falado por nós da The Rock Life na matéria sobre Folk Rock. São oito canções ao todo e as faixas seguintes a trinca Rock ‘n’ Roll Style e Coisa Antiga, são mais pesadas nos remetendo bem ao Whitesnake, KISS e toda essa galera do hard rock. Ainda tem a faixa Já Rodou, a mais divertida, como se fosse a mistura do Raimundos com o Queen e por fim a versão ala AC/DC de Até Quando Esperar da Plebe Rude que recebeu bastante riffs.

Nota final: 8/10

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