Passou Batido: The Body– I’ve Seen All I need To See

Por John Doliver (Debaixo do Chão)

Se você quiser um disco desgraçado pra desgraçar a sua cabeça, bom, I’ve Seen All se resume a isso. É um disco repressor como um disco do The Body deve ser. As sonoridades são bem loucas e impressionantes e parece que o som tá tentando apagar seu cérebro como uma borracha rasgando um papel.

John Doliver

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Gravadora: Century Media Records
Data de lançamento: 29/01/2020

Gênero: Noise Metal, Drone Metal, Power Electronics (ou simplesmente Noise)
País: Estados Unidos


Eu achei bem daora a arte de capa do disco, dá uma mesma vibe do All The Waters que pra mim parece uma foto tirada por um culto misantrópico, aqui parece uma arte de design feita por um serial killer e terrorista, tipo um Unabomber. Tem essa mascara bizarra virada para o lado com a faca, e tudo parece uma uma colagem em um papel velho e sujo. A arte da máscara está meio distorcida, dá um tom de realidade e de estranho, eu gostei. A relação que eu daria com a sonoridade é pela questão do estilo que já vou comentar, lembra artes de capa de artistas de Power Electronics tipo Controlled Bleeding – Knees & Bones e já é o suficiente, é a mais leve, geralmente esses caras de Noise extremo criam umas artes totalmente horríveis sejam com coisas Gore ou com temáticas nem um pouco leve como coisas relacionadas à abuso e etc. Olha eu sei disso porque pras minhas pesquisas de Música Industrial aparece as vezes essas coisas. E sim, eu gosto desse álbum do Controlled Bleeding, nisso você pode me julgar.

The Body é um duo dos Estados Unidos que por mais seja difícil de classificar num gênero só, todas as abordagens da banda fazem sentido pela pegada deles e temática, mas eles caminham desde o Sludge, Doom, Drone, Noise, um pouco de Death Industrial e Dark Ambient. Eles estão na estrada faz 22 anos, ousando com seu som misantrópico e totalmente desumano. Eu já ouvi falar deles varias vezes mas só cheguei realmente a escutar pra fazer essa resenha, e posso realmente dizer que o All the Waters of the Earth Turn to Blood (2010) se tornou um disco marcante pra mim, não me canso de ouvir, inclusive fiz resenha dele lá no meu insta quem quiser dar uma olhada. Outro disco incrível deles é o All Shall Die Here (2014), que é uma perola de Drone Metal com pegada Industrial e eletrônica. Outro disco marcante deles pra mim foi o último deles lançado em 2018 o I Have Fought Against It, But I Can’t Any Longer que vai mais na vertente do Death Industrial com algumas pegadas de metal. E outro que se tornou marcante dentro da discografia deles (tirando as colaborações com outras bandas) foi esse mais novo lançamento deles.

Como eu defini no gênero: Noise Metal. Eu sei que esse gênero “não existe” mas se vier uma vertente com essa junção de estilos esse disco tem que com certeza estar incluso. Mas tirando isso, é um disco de Drone Metal porém ao envés de guitarras amplificadas como Sunn e Earth, aqui são basicamente guitarras e até sintetizadores totalmente distorcidos com quantidade de ruido imensa que rasga as onda sonoras. Eu achei essa mistura interessante, no disco de 2016 eles fizeram algo parecido mas achei ele meio chatinho e aqui por mais que seja um disco de Noise é audível, como Entombed talvez, claro, se você gosta de Drone, e não garanto você apreciar, mas pode testar a They Are Coming que é a minha faixa prediletada disso tudo.

Ele tem alguns pouco momentos belos, apesar do som ser totalmente sujo, mas quando tem notas melódicas dentro disso dá uma vibe totalmente melancólica e angustiante. De começo será bem esquisito mas se você for louco que nem eu, quanto mais você ouvir, pode começar à estar apreciando a experiência. Se você quiser um disco desgraçado pra desgraçar a sua cabeça, bom, I’ve Seen All se resume a isso. É um disco repressor como um disco do The Body deve ser. As sonoridades são bem loucas e impressionantes e parece que o som tá tentando apagar seu cérebro como uma borracha rasgando um papel.

É um ótimo trabalho de experimentação, porém assim como todos os discos do The Body requer um momento do dia, do seu humor e de você estar apto pra aceitar esse terrorismo sonoro. Minha única critica é que ele não é tão memóravel, e olha que eu ouvi várias vezes, ele te carrega por esses 38 minutos, mas por ser um disco de Noise, até pra mim que não sou fã do estilo, fiquei esperando os momentos de guitarra chegarem logo. Mas é bem único no quesito de timbragem e personalidade, o máximo que já ouvi de algo parecido dentro do mundo do metal foi com os japoneses do Boris no Feedbacker e no Dronevil, mas aqui o ruído aspero é usado como se fosse uma guitarra, aliás, duvido nada de o que você acha que é guitarra é um teclado e vice versa, virou tudo Noise do mesmo saco.

Nota final: 9/10

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