Review: Soen – Imperial

Por Lucas Santos

Aqui, eles criaram e consolidaram um som de marca registrada única que superlativamente combina passagens melódicas pesadas, emocionais e sutis, conseguindo permanecer consistente ao longo de todo o trabalho, entregando uma sonoridade comovente, provocativa e feroz.

Lucas Santos

Confira os melhores do ano de 2020:
Álbuns de metal
Álbuns de rock
Músicas de rock
Músicas de metal

Gravadora: Siver Lining
Data de lançamento: 29/01/2021

Gênero: Metal Progressivo
País: Suécia

Apenas dois anos após o lançamento de Lotus (2019), o notável álbum que elevou o Soen a grandes alturas dentro do mundo moderno do prog-metal, o grupo sueco lança Imperial, em um mundo que mudou drasticamente desde 2019. A chegada da Covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo e nossa maneira de nos relacionarmos com os outros. Com Imperial, a banda realiza uma dissecação poética, pesada e emocional de nossa condição humana, que foi drasticamente revista pela pandemia, por meio de oito canções que abrangem letras reflexivas e afrontosas, bem como musicalidade pesada, obsessiva e intrincada.

Imperial se desdobra brilhantemente e se aprofunda ainda mais no estilo que a banda começou a moldar em Cognitive (2012). Com uma sonoridade que sempre foi comparada ao Tool e Opeth, os suecos se desprenderam bastante em Lotus e fazem com que o seu quinto álbum seja o mais “original” e relevante. Aqui, eles criaram e consolidaram um som de marca registrada única que superlativamente combina passagens melódicas pesadas, emocionais e sutis, conseguindo permanecer consistente ao longo de todo o trabalho, entregando uma sonoridade comovente, provocativa e feroz.

Liricamente, o quinteto continua a refletir sobre a condição humana. A sonoridade pesada porém sofrida, reflete muito o ponto de vista das palavras cantadas por Joel Ekelöf. Ele tem um estilo peculiar de cantar; solene, leve e melódico, sendo com que sua voz seja a parte mais inerente da sonoridade da banda. Talvez Joel seja o divisor de águas entre os que gostam ou não de Soen.

Se tivesse que dividir, diria que o álbum contém principalmente dois tipos diferentes de composições. De um lado, estão as canções massivas, poderosas e esmagadoras que, com uma execução perfeita, apresentam um fluxo incessante de beligerância, poder e desafio. Esses exemplos podem ser notados já na abertura Lumerian, que entrega riffs agressivos que se misturam naturalmente com seu lado atmosférico e contemplativo, e na sua sequência Deceiver, que transfere grooves de timbres magníficos das guitarras de Cody Ford e Lars Enok Åhlund, mas que também evidencia a maior peça desse quebra cabeça sônico: a bateria de Martin López; uma das baterias mais pesadas e criativas dos últimos tempos. Ela se destaca estafantemente ao longo dos 42 minutos.

Por outro lado, há canções que desaceleram deliberadamente o ritmo e criam baladas sinceras com mensagens evocativas. O também tecladista Lars Enok Åhlund cria atmosferas melancólicas e encantadoras em Illusion, assim como na faixa que fecha o trabalho, Fortune. Esses dois são exemplos de como o Soen, não só aqui em Imperial, mas durante toda a carreira foi se tipificando e especializando nesse tipo de som. Dissident seria o exemplo prog-metal; aonde as duas “partes” do álbum se fundem em nuances orgânicas e inimagináveis.

Imperial é provocativo, poético, pesado e extremamante cativante. A farta e criativa sonoridade do Soen é pregada de sua maneira mais distinta e espantosa. Uma mistura de sentimentos e sensações te aguardam, nos fazendo refletir e encorajando pensamentos contrastivos, estimulados por uma música grandiosa, carregada e inigualavelmente radiante. Imperial é o som que precisamos para 2021. Imperial é o que vai te fazer pensar em 2020 como um trajeto difícil porém necessário para momentos luminosos que estão por vir. Imperial é a solidão que nos acompanha. Imperial é a luz no fim do túnel.

Nota final: 9,5/10

Deixe uma resposta