Por Lucas Santos
The Long Dream I é a primeira de uma série conceitual de duas partes, uma espécie de coleção de sonhos e lembranças dispersas da juventude do protagonista.
Lucas Santos
Confira mais metal em 2020:
Havok – V
Caligula’s Horse – Rise Radiant
Alestorm – The Cursed Of The Crystal Coconut
Elder – Omens
Code Orange – Underneath
Divine Weep – The Omega Man
Gravadora: Wild Thing Records
Data de laçamento: 5/06/2020

Gênero: Metal Progressivo
País: Austrália
Recentemente descobri mais uma banda interessante de metal progressivo vinda da Austrália. Após declarar meu mais novo e ferrenho amor pelo Caligula’s Horse, comecei a olhar para a cena de forma mais atenta. Com a turnê pelos Estados Unidos cancelada, me deparei com a banda que abriria a primeira vinda à América do Caligula’s, o Ebonivory. Com apenas um álbum em sua discografia e mais de 5 anos de distância entre lançamentos, o quinteto australiano veio trabalhando em um material novo e ousado para a divulgação conjunta em solo americano.
The Long Dream I é a primeira de uma série conceitual de duas partes, uma espécie de coleção de sonhos e lembranças dispersas da juventude do protagonista. Com base na força do debut The Only Constant (2015), esse, junto do último lançamento do Caligula’s Horse, era o álbum de prog pelo qual eu estava mais ansioso para esse ano.
As três faixas iniciais possuem linearidade, o estilo das três é muito semelhante: há um forte apelo comercial, na medida em que as melodias e os vocais limpos são atraentes e acessíveis, enquanto ao mesmo tempo se contrapõem com vocais severos e momentos musicais mais pesados – as explosões complexas de guitarra/baixo/bateria andam perto de uma pegada djent, porém sem nunca vagar completamente dentro.
A rica musicalidade, vívida, dá um tom bem amplo de emoções e sentimentos ao longo da jornada. Patting The Black Dog utiliza sonoridades diversas: da introdução ambiente à explosão instrumental, e da calma e suave voz ao refrão bem firme e grudento. Cats puxa mais para o lado atmosférico e espacial, as melodias viajadas e a doce voz de Charlie Powlett trazem uma vibe totalmente diferente do que foi escutado até o momento.

Falando em Charlie, a premissa da banda e do álbum está toda ancorada aos seus excelentes vocais. Ele possui uma voz incrível e muito maleável. Nesse álbum, no entanto, Powlett se ramifica vocalmente ainda mais do que antes, imbuindo muitas das faixas com uma dualidade limpa/agressiva que funciona muito bem. Os vocais duros fizeram aparições raras no trabalho anterior: aqui eles são muito mais prevalentes. Algumas das faixas mais pesadas, como Window Man e Explosions After Dark soltam uma agressividade embutida em fortes melodias desenvolvidas e conectadas. Os nove minutos de The Bluegums são os mais elaborados, com um arranjo maravilhoso e vocais emocionantes e, combinando perfeitamente com o fechamento, vem Introvection, entregando 15 minutos finais de pura magia.
No fim, a promissora banda australiana escala a montanha de forma fácil e corajosa. Um álbum de metal progressivo com quase nenhum erro. Um trabalho rico, amplo e com momentos diferentes que não perdem a essência do caminho que banda trilhou por exatos 60 minutos. Cheia de talento e de ideias inovadoras, o Ebonivory tem tudo para despontar mais ainda. Já estou mais que ansioso para o The Long Dream II.
Nota final: 8,5/10
3 comentários sobre “Passou Batido – Review: Ebonivory – The Long Dream I”