Review: Leaves’ Eyes – The last Viking

Por Lucas Santos

O vocalista Alexander Krull, novamente responsável pela concepção e letras, “elaborou” um ótimo roteiro para a saga de Hardrada, cheia de drama, emoção e lutas eternas pelo poder. Todas as 14 faixas impressionam individualmente com sua composição, ritmo e atmosfera únicos. Bateria poderosa, instrumentos de cunho medieval como nyckelharpa e violinos e sonoridades celtas, adicionam tempero ao som diversificado.

Lucas Santos

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Gravadora: AFM Records
Data de lançamento: 23/10/2020

Gênero: Metal Sinfônico
País: Alemanha

Senta que lá vem história. Inglaterra no ano de 1066. A batalha decisiva perto de Stamford Bridge. Guerreiros lutando contra a morte, o solo encharcado de sangue. O rei da Noruega, Harald III, chamado de Hardrada (“o governante duro”) está morrendo. Toda a sua vida passa diante de seus olhos: guerras cruéis, lutas sobre o poder, viagens a mundos exóticos levando à mulheres poderosas, imperadores e reis caindo em ruínas. O último Rei Viking é morto – a era dos Vikings acabou.

The Last Viking é a peça monumental da banda de Metal Sinfônico Leaves’ Eyes. O cenário da obra não poderia ser mais mais grandioso. Como contam em seus outros memoráveis álbuns Vinland Saga (2005) e King of Kings (2015), eles transformaram as histórias da descoberta de Leif Erikssons na América e a vida do primeiro rei da Noruega em música. Agora é a vez dos Vikings (não sei se estou muito ansioso para o novo jogo da saga Assassin’s Creed, o Assassin’s Creed: Valhalla, que terá justamente a temática Viking, mas o trabalho da banda alemã me prendeu de primeira).

Como sempre, a banda atribuiu importância à exatidão histórica. Livros de história foram devorados, sagas tiveram que ser estudadas. O vocalista Alexander Krull, novamente responsável pela concepção e letras, “elaborou” um ótimo roteiro para a saga de Hardrada, cheia de drama, emoção e lutas eternas pelo poder. Todas as 14 faixas impressionam individualmente com sua composição, ritmo e atmosfera únicos. Bateria poderosa, instrumentos de cunho medieval como nyckelharpa e violinos e sonoridades celtas, adicionam tempero ao som diversificado.

A furiosa abertura Chain Of The Golden Horn narra a fuga perigosa de Hardrada de Bizâncio, onde uma pesada corrente de ferro foi escondida nas águas do Bósforo para naufragar navios hostis. Desde já, reparamos que a dobradinha do vocalista Krull com a voz mais suave de Elina Siirala, que substitui a vocalista fundadora Liv Kristine pela segunda vez, é tudo o que os amantes de metal sinfônico esperam. O assombroso canto Dark Love Empress fala sobre a vingativa imperatriz Zoë. Quando o herói Viking se recusa a ser um de seus muitos amantes, ela o mantém trancado nas masmorras bizantinas. O emocionante primeiro single mostra a força-chave da soprano finlandesa Elina. Ela carrega a canção nas costas ajudada por gritos de corais. Épico.

Na rápida faixa sinfônica Serpents And Dragons, Elina se junta mais uma vez a um dueto forte com os gritos de Alex, dando vida ao combate naval de Hardrada pela coroa dinamarquesa com centenas de navios longínquos. For Victory é energética e inspiradora, usa coros em seu refrão e adiciona elementos de folk. Já a épica faixa que da nome ao álbum, e que encerra o tal, The Last Viking, de dez minutos, é um passeio espetacular pelas variações do Metal. Sendo tudo bombástico, pesado, escuro e atmosférico ao mesmo tempo, captura perfeitamente todo o drama da vida e morte de Hardrada. A atmosfera criada ao longo da faixa é algo sem precendentes na história da banda.

Sem dúvida, todos os músicos sabem exatamente o que fazer para mostrar o melhor que a banda pode oferecer. O energético e grandioso som carregado nas composições comprovam as habilidades engenhosas da dupla de compositores Thorsten Bauer (guitarras) e Alexander Krull. Mesmo com um turbilhão sonoro típico do Metal Sinfônico, The Last Viking passa a sensação de ser um álbum simples e que, consequentemente, segue a linha que já conquistou uma significativa base de fãs em todo o mundo. Aos ouvintes mais assíduos do estilo pode ser que algumas passagens soem mais manjadas e repetitivas, mas o resultado final de mais de 1 hora de duração não passa a sensação de estarmos imersos por tanto tempo.

Para os amantes de uma boa história e para os amantes de Metal Sinfônico grandioso, The Last Viking é um dos trabalhos mais interessantes no ano. Fica até difícil colocar em palavras a profundidade buscada tanto na atmosfera musical criada, quanto nas composições conceituais. Com estruturas musicais cativantes, melodias tocantes e uma aura mística que paira durante todo o álbum, o Leaves’ Eyes ainda é uma das bandas que melhor sabe fazer esse tipo de material. Embarque nessa preciosa aventura.

Nota final: 8/10

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