Maiores Momentos Da Carreira de Eddie Van Halen

Por Roani Rock e Lucas Santos

Eddie Van Halen é uma das maiores referências do metal e hard rock de todos os tempos e certamente figura na lista de top guitarristas preferidos de qualquer um que ame o Rock ‘and’ Roll. Ele é, acima de tudo, um guitarrista revolucionário. Tirou efeitos sonoros nunca imaginados, soube usar o reverb e outras técnicas e ainda disseminou as do tapping e dos vibratos. Eddie perdeu sua batalha contra o câncer na manhã de ontem (6 de outubro) aos 65 anos, mas foi capaz de derrubar qualquer um com seu retalhamento até o final. Para celebrar sua vida e legado, reunimos uma compilação de alguns dos momentos mais icônicos da guitarra ao longo de sua carreira. Poderiam ser tantos… Sua memória será eterna.

A FRANKENSTRAT

Eddie Van Halen, além de ser o grande “divisor de águas” no modo de se tocar uma guitarra no rock, também foi o grande responsável por uma verdadeira revolução nos termos de construção de guitarras, chegando ao ponto de podermos afirmar que temos as fases “antes de Eddie Van Halen” e “depois de Eddie Van Halen“, tão grande a sua influência. Muitas fábricas de guitarras passaram a ouvir suas opiniões e a utilizar suas invenções e preferências para produzir as suas guitarras em linha.

Basicamente, sem entrar em termos muito técnicos, ele misturou elementos de algumas guitarras para montar a sua própria: usava o corpo de uma Stratocaster, que possui uma alavanca tremolo, só que adicionou captadores de som chamados humbucking da Les Paul. Também instalou o recém criado Floyd Rose Tremolo System e eventualmente trocava o braço ou o captador, com o desgaste pelo uso. Essas foram a base da primeira confecção da sua Frankenstrat. Ele diz que algumas pessoas começaram a copiá-lo, e então, pra deixar a original identificável, ele cortou um pedaço do escudo preto, passou mais uma camada de tinta vermelha por cima, criando a famosa arte de pintura na guitarra que foi que a fez receber o nome.

VAN HALEN GUITARRISTA

Eddie tinha um estilo único de tocar guitarra. Na verdade ele adicionou diversos estilos e criou sua própria técnica por não ter orçamento para “bancar os brinquedinhos (pedais)”, como ele bem fala em entrevistas. Por exemplo, ele popularizou e aperfeiçoou a técnica conhecida como tapping, que consiste em bater com os dedos nas cordas da guitarra sobre o braço dela, e isso incrementou muito a sonoridade do rock e abriu o leque para milhares de guitarristas, de vários estilos.

Como dito no ponto anterior sobre sua frankenstrat, ele fazia questão da sua guitarra ter a alavanca e ficar com o som super preenchido e cheio de peso que sua guitarra 100% original trazia, então evoluiu o uso da ferramenta com o efeito tremolo. Uma música que traz todos esses elementos está presente no próximo tópico.

ERUPTION

Uma das faixas instrumentais mais impressionantes da história do rock. Ela é o sonho e o pesadelo de qualquer guitarrista, porque, se pensarmos que ela é a base de tudo, principalmente após seu lançamento no primeiro álbum do Van Halen, passou a ser a principal referência, canalizadora e inspiração para qualquer solo em uma música rápida de hard rock, justamente por possuir não só o que hoje são clichês, mas também a energia correta, a agressividade e o feeling. Pode crer que sem Eruption não existiriam músicas como Thunderstruck, do AC/DC, e guitarristas como Joe Satriani e Steve Vai.

Adoro o som de ‘Eruption’. Nunca ouvi uma guitarra com aquele som antes. Enquanto a gente gravava o primeiro álbum do Van Halen, cheguei mais cedo no estúdio e comecei a aquecer, pois tinha um show no fim de semana e eu queria treinar meu solo na apresentação. Nosso produtor, Ted Templeman, chegou por acaso e perguntou: ‘o que é isso? Vamos gravar’. Toquei duas ou três vezes e deixamos assim.

Eddie Van Halen para a revista Guitar World

O DEBUT DO VAN HALEN

De 1978, o auto-intitulado cartão de visitas funcionou mais como um outdoor da mudança “hardcore” que o Rock ‘and’ Roll sofreria e como ditaria os rumos da próxima geração. Estamos diante do disco que, em suas 78 rotações, tocava a ‘arrasa quarteirãoRunnin’ With The Devil, a já citada Eruption, o cover sensacional de You Really Got Me (uma canção do The Kinks), o mega hit Ain’t Talking About Love e I’m The One de uma vez só no lado A. O lado B não ficava tão atrás, já que trazia a porradeira Atomic Punk, a grooveada Little Dreamer e as safadas Feel Your Love Tonight e Ice Cream Man.

Esse disco facilmente pode ser colocado como o ponto de partida para a existência de algumas bandas top de linha da década de 80 e amadas até hoje, como o Guns N’ Roses, Motley Crüe, Poison, Mr. Big e, acredite se quiser, o Bon Jovi. O glam metal é um filho do Van Halen. Certamente, isso não se deve só a Eddie, a performance dos outros membros tem seus destaques. O irmão de Eddie, Alex Van Halen, trazia consistência e booguie; a certeza dos baixos de Michael Anthony; e, por fim, o fator David Lee Roth, o frontman completando o time, que trazia o estilo e uma forma de cantar que, se nunca antes fora escutada ou assistida, certamente era peculiar.

A INFLUÊNCIA EM TODA UMA GERAÇÃO

Como abordamos em uma The Rock List antiga e no item acima, o movimento do glam metal de Los Angeles nos anos 80 tem um único culpado, os irmãos Van Halen. Das letras despretenciosas às performances teatrais, os efeitos revolucionários nas guitarras e o visual extravagante – cabelos com laquê, calças apertadas e muita maquiagem – tomaram conta da sunset strip. O rock de arena nunca mais foi o mesmo depois do álbum honônimo de 1978. Quando se fala de hair metal, lembramos de Motley CrueRatt Cinderella, mas todos tiveram uma mesma influência, e devem agradecer ao Van Halen.

HOT FOR TEACHER

Um clássico, que apresenta a performance de bumbo duplo de Alex Van Halen e seu videoclipe, apresentando a banda como adultos e jovens estudantes. Excepcionalmente para um single, ele começa com um solo de bateria de 30 segundos, seguido por outros 30 segundos de introdução instrumental, algo que só podemos imaginar o Van Halen fazendo. Em 2009, foi eleita a 36ª melhor música de hard rock de todos os tempos pela VH1.

1984

Esse foi o primeiro álbum número 1 da banda nos charts, e Eddie também utilizou 1984 como uma oportunidade de levar a banda a outros estilos musicais. Os teclados sintetizadores tocados por EVH ficaram mais proeminentes neste álbum do que em qualquer outro da banda, principalmente nas faixas Jump e I’ll Wait, o primeiro e segundo singles do álbum, respectivamente, além de 1984, uma faixa instrumental de um minuto constituída exclusivamente por sintetizadores e novos efeitos que abriu o álbum.

É o último álbum da banda em que David Lee Roth participa antes do lançamento de A Different Kind of Truth (2012). O álbum vendeu mais de 10 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, dando à banda um Disco de Diamante, juntamente com o álbum de estreia, tornando-se, assim, um dos álbuns mais populares da banda.

BEAT IT

O solo de guitarra escaldante que ele forneceu para o sucesso do também bem sucedido álbum Thriller, de Michael Jackson, é considerado um dos melhores solos de todos tempos. A participação de Eddie para a faixa também marca um momento histórico para o cenário musical, no qual as barreiras entre a música negra e branca começaram finalmente a ser quebradas. Por causa de sua letra, a música se tornou um hino anti gangues, chegando ao final de 1983 em primeiro lugar nas paradas musicais, ao lado de Billie Jean.

5150 E O “VAN HAGAR”

Com este disco, a banda apresentou um novo vocalista após a saída de David Lee Roth: o cantor esquisito e hippie Sammy Hagar, que tinha um vocal diferenciado e totalmente potente, capaz de alcançar notas bem altas e agudas, assumiu o lugar. A adaptação foi fácil, Hagar já tinha certo prestígio por conta de seu trabalho no Montrose e sua carreira solo.

Esse novo trabalho é a cara dos anos 80. Trazia um Van Halen mais pop do que no premiado álbum anterior, buscando talvez uma manutenção no mais alto patamar com discos na primeira colocação, o que foi conseguido. Não se pode dizer que o disco de 1986 não tenha músicas desafiadoras, pois há o caso de Get Up que, assim como Hot For Teacher, traz um trabalho de destaque na batera, e a excelente balada Why Can’t This Be Love, talvez o maior hit do álbum. O sintetizador em Dream, talvez a busca de uma Jump na voz de Hagar, o booguie voltando através de Summer Nights, boas canções. Ainda assim, a mesmice e estilo datado fez o ritmo nos álbuns seguintes entrar num processo de derrocada, afastando os fãs da versão anos 70 da banda e deixando pouco animados os novos fãs para músicas iguais.

TWO AND A HALF MEN

“Two burritos and a root beer float”

Rip, Lenda.

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