Review: CeeLo Green – CeeLo Green Is Thomas Callaway

Por Roani Rock

Talvez o disco mais sincero e biográfico que você escutará esse ano e em sua vida. trata-se de um resgate ao mais clássico soul sessentista, com variações na voz de CeeLo que realmente nos transportam a Marvin Gaye, Stevie Wonder, Sam Coke e principalmente a Otis Readding

Roani Rock

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Gravadora: BMG Rights Management
Data de lançamento: 26/06/2020

Gênero: Soul
País: U.S.A

Produzido por Dan Auerbach (The Black Keys), o novo álbum de CeeLo Green é uma viagem memorialista e sentimental pela história do artista. Em função disto é importante enfatizar a escolha da inclusão do nome de nascença do artista no título, tal decisão vem por conta do sentimento de reconexão pessoal a suas origens.

“Eu não entrei no estúdio como CeeLo Green. Entrei como eu, o Thomas Callaway. CeeLo Green só interpretou as músicas que Thomas Callaway escreveu(…) Eu sou um xamã para essa alma velha que surgiu neste álbum.”

CeeLo Green é um cara grande de cor preta que faz um vozeirão grave e que sabe brincar com agudos, nascido e criado em Atlanta, na Georgia, que dentro dos seus um milhão de projetos já assumiu os vocais da banda Gnarls Barkley onde cantou o sucesso atemporal Crazy. Ele também é um compositor hitmaker ferrenho, fez a música Don’t Cha. Com o pseudônimo de CeeLo criou “Forget You” ou se preferir “Fock You“, hit que o possibilitou ficar algumas semanas no Hot Ten da Billboard.

Esse disco traz algumas peculiaridades e imediatismos. Foi a primeira vez que Green gravou com uma banda ao vivo na mesma sala. Na formação genuína se encontra nomes rodados no cenário da cidade americana onde CeeLo cresceu, a banda incluía Gene Chrisman e Bobby Wood, do Memphis BoysRuss PaulDave RoeBilly SanfordRay Jacildo e Mike Rojas. Dan participou ativamente do processo criativo ao lado de Green, os dois artistas premiados, juntamente com os renomados compositores Bobby WoodDavid FergusonRoger Cook e Paul Overstreet, criaram um álbum que soa como uma jornada de redenção.

O engraçado desta obra é que CeeLo realmente mudou sua forma de cantar. Na primeira audição do disco eu sabia quem era, mas demorei pra crer, isso porque CeeLo saiu do personagem e trouxe algo mais puro e menos forçado, mas ainda assim carismático em uma voz, mais natural e apreciável.

As músicas de uma forma geral trazem um peso, não tem perfil de hits e provavelmente nenhum dos envolvidos tinha essa intenção, vejo o trabalho como um acordo entre camaradas de trazer algo de divertido e ao mesmo tempo cheio de significado com a “alma” de CeeLo.

For You“, que inicia o álbum é de uma preciosidade que só dentre as próximas faixas reconhecemos em “Don’t Lie“e “I Wonder How Loves Feels” num clima mais gospel, a voz dele dá umas leves falhas que deixam a música ainda mais sentimental. “Little Mama” soa como um reggae, já “Lead Me” é como se fosse a música “(sitting on) the dock of the bay” de Otis Redding misturada a um refrão do Stevie Wonder. Falando em Stevie escutamos um teclado moog bem sugestivo em “People Watching” que faz um riff que emula de leve o atemporal hit Supestition, mesmo claramente sendo uma música totalmente diferente.

O álbum é repleto de baladas doces como “You Gotta Do It All“, a primeira que recebe os vocais mais agudos e característicos da carreira de CeeLo, “Doing It All Together” é a melhor música do álbum, a partir dela o álbum dá a impressão de que vai dar uma animada notável, mas “Slow Down” vindo em seguida, uma balada bonita naipe anos 80 motel, depois disso a poderosa Down With The Sun, bem no molejo do Sam Coke. “Thinking Out Loud” já nos leva até o Prince, canção bem aos seus moldes, cheia de arranjos bonitos e belo agudo em todos os momentos da canção. The Way traz uma carga faroeste, destoante do restante do álbum, mas certamente poderosa e um provável único hit.

Talvez seja o melhor álbum da carreira de CeeLo em todos os fatores, exceto pela montagem com músicas agitadas convergindo com baladas e seus finais abruptos sem dar uma conexão de uma faixa pra outra. Não funciona tão bem como álbum, mas são grandes canções com positivas mensagens e um tempo bom de disco, quase 40 minutos. Entretanto, não possui um poder comercial. Se isso representa alguma coisa, certamente explica porque foi tão pouco comentado nos últimos meses. O álbum está disponível em todas as plataformas de streaming de música via BMG desde Junho e só chegou até nossos ouvidos agora. Bem, antes tarde do que nunca.

Nota final: 7,5/10

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