Review: DMA’S – The Glow

por Roani Rock

Imagine um Stone Roses moderno ou, se preferir, um Kasabian com uma pegada mais anos 90. Para aqueles que estavam sentindo falta de uma banda com sonoridade britânica de qualidade, sabendo misturar o eletrônico ao rock com maestria, lhes apresento o DMA’S e peço que escutem a onda que é o álbum The Glow.

Roani Rock

Confira mais Rock em 2020:
As Novas Musicas De Tony Hawks Pro Skater 1-2 Remastered
Thundermother – Heat Wave
Room Experience – Another Time And Place
The Night Flight Orchestra – Aeromantic
Blended Brew – Shove It Down
Confess – Burn ‘Em All
H.E.A.T – H.e.a.t II

Gravadora: Infectious Music
Data de lançamento: 10/07/2020

Gênero: Rock Alternativo
País: Austrália

Para os desavisados, este é o terceiro álbum da banda de Sydney, são novos mas já trazem em sua bagagem muita importância, principalmente por conta do resgate sonoro que fazem em suas músicas, ainda mais claro em The GLOW. Para a NME, os dois primeiros álbuns do DMA’S, lançados em 2016 e 2018, respectivamente, foram cartas de amor sem desculpas ao Britpop. Já eu acredito que eles vão em busca de algo anterior que influenciou esse movimento, a dita Madchester.

The Stone Roses e Happy Mondays foram os precursores, aqueles que começaram com um tipo de som que misturava o som psicodélico das boates de acid houses, o shoegaze ao rock por assim dito. Eles exploraram isso principalmente nos álbuns Loads, Pills ‘n’ Thrills And Bellyaches e o EP Hallelujah ao lado do Happy Mondays, já The Stone Roses de 1989 e Garage Flower ao lado da banda de Ian Brown e Johnny Square formaram o som atual categorizado hoje em dia como Indie, claro, com suas ressalvas. O DMA’S bebe dessa fonte.

O DMA’S, formado por Tommy O’Dell (vocalista e principal compositor), Johnny Took (guitarras e violão) e Matt Mason (guitarra solo), é tão focado em raízes e na sonoridade que já podemos categorizar como o clássico que se arriscou gravando, em 2019, em um Unplugged MTV. Esta faceta acústica nos serve como introdução do que estava por vir, já que The Glow possui faixas nessa linha. Agora vamos falar desta novidade que faz o DMA’S ficar bem plural no leque de possibilidades.

Em The Glow, o DMA’S não está focado no passado, na verdade eles visam o futuro. O som é pra frente, dançante e conversa muito bem com o pessoal de sua geração. De certa forma, desenvolveram um som de forma que daria para ser tocado em raves. Nada que os seus conterrâneos do Tame Impala não tenham explorado em Lonerism e InnerSpeaker, mas, como DMA’S é um powertrio, o som fica único.

Não é apenas a música que está em outro nível: liricamente, The Glow vê os DMA’S nos mais vulneráveis, mais excitáveis ​​e mais inspiradores momentos. Podemos ir de canção a canção, e o que nos leva a Madchester certamente são as primeiras músicas. Never Before‘ já indica como o álbum terá uma fluidez e expansivo enfoque em questionamentos internos que serão ignorados para podermos dançar.

[É] sobre como as pessoas estão sempre procurando algo melhor. Tem aquele senso universal com o qual alguém pode se relacionar, aquela exaustão que você às vezes sente tentando alcançar mais ou ser algo mais

Johnny Took

Em Silver e nas baladas Criminals e Learning Alive consegue-se captar aonde O’Dell e os demais membros veem influência de Bruce Springsteen e Bob Dylan em seu som. Já em Strangers, se capta a onda do New Order e Dinosaur Jr. É no principal hit, Life Is A Game Of Changing, que se encontra a parte eletrônica do disco, quer dizer, de maneira mais escancarada e dominante. Já em Round & Around (possivelmente a melhor do álbum), há um looping , uma explosão hipnótica da dança que até então só o The Chemical Brothers fez com primor. Mesmo com todas essas influências, os DMA’S ainda conseguem, no seu terceiro álbum, criar um som próprio.

A viagem de encerramento de ‘Cobracaine é um sucesso distorcido de infinitas possibilidades, enquanto a bonitinha Hello Girlfriend‘ pega o tom familiar de um hino indie e o transforma em algo grande e brilhante. The Glow é um disco carregado de dança e decadência. O álbum é um grande mix de sentimentos e inspirações, que trazem a identidade do trio trazendo novidade, como garante o título do grande hit do álbum, “a vida é um jogo de mudanças”, e por isso é importante respeitar e aplaudir essa expansão criativa.

Nota final: 9/10

Um comentário sobre “Review: DMA’S – The Glow

Deixe uma resposta