Review: Protest The Hero – Palimpsest

Por Lucas Santos

Um álbum que acalma a ânsia de todos os fãs e também da comunidade musical, que se preocupou em saber como eles soariam depois dos problemas pessoais.

Lucas Santos

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Gravadora: Spinefarm Records
Data de lançamento: 18/06/2020

Gênero: Metal Progressivo
País: Canadá

Já se foram sete anos desde de que o Protest The Hero lançou o seu último álbum, Volition, um dos trabalhos mais incríveis da última década. Os últimos anos foram um pouco complicados, bem no meio de uma turnê comemorando o aniversário do trabalho Fortress (2008) o seu reverenciado vocalista Rody Walker encontrou problemas vocais que, se não fossem retificados, poderiam causar danos à carreira. Ele acabou fazendo uma recuperação notável e está soando em boa forma no quinto álbum de estúdio da banda canadense, Palimpsest. Um álbum que acalma a ânsia de todos os fãs e também da comunidade musical, que se preocupou em saber como eles soariam depois dos problemas pessoais.

O principal ponto de interrogação que pairava sobre este lançamento foi se Rody teria a capacidade de continuar sendo a figura proeminente pela qual ele cresceu tanto. Em questão de minutos, essa dúvida é rapidamente dissipada, pois sua capacidade vocal é tão arrepiante quanto sempre. O ritmo e a atitude Punk são parte enraizada desde os primórdios da banda e soam tão vivos como nunca. The Canary apresenta alguns sulcos viciantes e intrincados ganchos do deslocamento, enquanto a narrativa cativante nos emabala facilmente. O ritmo carregado e o refrão dramático atingem aquela mistura ideal que cativa. From The Sky continua a prosa teatral enquanto linhas pesadas de baixo, riffs atraentes e uma energia subjacente sedutora tomam o centro do palco com muita técnica e precisão. À medida que a faixa avança, uma seção suave de piano apresenta uma crescente interessante e grandiosa.

Alías, falando em técnica, é impossível não ficar de boca aberta – depois de todo esse tempo – com a destreza, conhecimento e agilidade com que os instrumentos são executados. O progressivo se mistura com Mathcore e o Math Rock tornando cada faixa uma abundante fonte de exercícios de escala, ligados e trocas de ritmo. Na verdade, tudo isso seria meio chato se a banda não soubesse misturar esse conhecimento e estudo em músicas interessante e melodias cativantes. A proficiência técnica que possui em seu arsenal brilha em abundância, abrigando a incrível capacidade de aumentar a aposta e envolver o ouvinte, mas sem sobrecarregar o arranjo.

O interlúdio Harbourside nos prepara para a excentricidade cativante de All Hands, o ponto mais alto de todo o disco. The Fireside está repleto de vibração e extravagância, Soliluqoy mantém a vibração alegre e os conceitos líricos cativantes, Reverie reprisa a natureza teatral instilada anteriormente, enquanto os floreios na guitarra são bem nítidos. Há uma peculiaridade intrigante no estilo power metal sobre essa composição que se encaixa perfeitamente no repertório da banda. Little Snakes é mais comovente, pois os tons mais escuros que se escondem embaixo se misturam com as entregas vocais emotivas, fornecem uma das peças mais fascinantes que o álbum tem a oferecer.

Hillside é o último interlúdio e oferece um momento para a contemplação, enquanto solenes toques de piano enchem o ar. Rivet se prepara para uma explosão final de energia intensa, enquanto uma série de trabalho suave e discreto de violão pairam no ar com trocas suaves de Thrash Metal. A faixa foi a escolha ideal para o encerramento. De alguma forma consegui perceber todas as características presentes em Palimpsest conseguem conversar de fora orgânica por aqui.

O Protest The Hero pode estar fora dos holofotes por um período considerável de tempo, mas Palimpsest explode com tantos momentos impressionantes e catárticos que valeu a pena cada segundo agonizante de sua ausência. A narrativa inserida, a técnica apurada já conhecida e um grande número de faixas potentes, agressivas e com muito senso melódicos e construtivos mostram que a banda está muito bem, obrigado. Bem vindo de volta!

Nota final: 8/10

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