Review: The Winter Passing – New Ways Of Living

Por Cléo Mendes

Abrindo com uma nota um tanto sutil, Ghost Thing estabelece as qualidades gerais deste álbum, mas deixa espaço para algumas surpresas. Somente os instrumentais realmente ostentam seu amor pela música emo dos anos 2000 com seu estilo natural despojado que faz o trabalho sem complicar demais as coisas, abrindo caminho para os vocais poderosos brilharem. Há muita influência do Modern Baseball ao longo do álbum.

Cleo Mendes

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Gravadora: Counter Intuitive Records
Data de lançamento: 3/07/2020

Gênero: Indie Rock
País: Irlanda

As vezes a melhor cura para uma pandemia/governo ridículo e milhares de outras catástrofes ocorrendo no Brasil e no mundo é um bom emo depreciativo. Aquela sonoridade calma que ao mesmo tempo assume um papel agressivo com letras bem oportunas com diversos sentidos mundanos. Foi assim que me deparei, sem querer, com o The Winter Pass, que vem diretamente da Irlanda com uma proposta simples e bem objetiva.

The Winter Pass faz o retorno com o seu segundo álbum de estúdio após 5 anos de espera com New Ways Of Living. O quinteto irlandês abraça a sonoridada amada do emo dos anos 2000 – vocais cortantes, letras catárticas e exasperado falta de entusiasmo pela vida da maneira mais fácil de se relacionar -, mas encontra inovação na execução com uma perspectiva modernista do emo, que anda de mãos dadas com influências de pop-punk e indie.

Abrindo com uma nota um tanto sutil, Ghost Thing estabelece as qualidades gerais deste álbum, mas deixa espaço para algumas surpresas. Somente os instrumentais realmente ostentam seu amor pela música emo dos anos 2000 com seu estilo natural despojado que faz o trabalho sem complicar demais as coisas, abrindo caminho para os vocais poderosos brilharem. Há muita influência do Modern Baseball ao longo do álbum.

Os estilos e o acabamento geral retumbante deste álbum exibem a sede de criatividade da banda. Algo mais oldschool pode ser percebido em The Street And The Stranger e I Want You além da banda adicionar seus gostos e talentos à mistura que se abre algumas vias interessantes para o som divergir. Melt e Nova York descolam suas raízes Punk e representam a abordagem mais moderna ao emo, criando uma energia animada dentro de músicas predominantemente muito tristes, é uma justaposição interessante de emoções. Outras faixas que ainda são inerentemente emo, como Crybaby ou Something To Come Home To, abstraem-se do comum ao incorporar pequenos petiscos como uma balada de piano ou vocais de gangues.

Os vocais e a letra lírica se sobressaem aqui. Seguindo o traje tradicional de indie/emo, os vocais se consideram uma poesia crua e sem cortes, que percorre cada faixa e realmente dá ao álbum inteiro uma vantagem emocional e irritante. A rugosidade contundente dos vocais de Rob Flynn cria um bom contraste entre as harmonias suaves de Kate Flynn, pode-se dizer que representa a polarização e a complexidade das emoções dentro deste álbum, passando de vocais muito conflituosos e angustiados a sons mais suaves. As histórias contadas se dividindo pela visão da dupla dão uma ótima sensação de ser um espectator em terceira pessoa dentro da dramaturgia.

O pouco que conheço do The Winter Pass me mostra que esse segundo álbum vê a banda abraçando uma sonoridade mais emo/indie deixando um pouco as raízes do Punk mas ainda sim “respeitando” origens mais alegres e animadas. New Ways Of Living em geral parece uma onda nostálgica da onda dos dois estilos mais suave do início dos anos 2000, que se for escutado por alguem que cresceu na época, vai atingir pessoalmente e trazer memórias da época (bons tempos). Ele é cativante, tem um modernismo, e mesmo saindo um pouco do meu gosto pessoal, ainda vale ser apreciado.

Nota final: 7/10

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